A comédia “A Mentira”, com Miguel Falabella, trouxe a atriz brasileira a Lisboa e vai levá-la a várias cidades de Portugal. Mas foi também o pretexto perfeito para uma conversa com um dos rostos mais conhecidos da televisão brasileira, na qual Danielle Winits revelou que ser mãe é o seu principal papel e desafio. “Não consigo ver nada mais transformador na minha vida do que a maternidade”, revelou a atriz, que é mãe de Noah, de15 anos, e Guy, de 11.

Danielle Winits: "Não consigo ver nada que fosse mais transformador na minha vida do que a maternidade"
Danielle Winits: “Não consigo ver nada mais transformador na minha vida do que a maternidade”
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Não sei se é sua primeira vez em Lisboa, mas como está a ser esta experiência?
É a minha primeira vez aqui em Lisboa para fazer teatro, estou muito feliz por poder estar aqui com esta peça que foi um sucesso no Brasil inteiro e agora está a repetir esse sucesso desde o primeiro dia em Portugal. Mas a minha primeira experiência com o teatro em Portugal foi nos Açores, em 2019, quando trouxe um espetáculo chamado “Depois do Amor – Um Encontro com Marilyn Monroe”, onde co-produzi um espetáculo sobre os últimos dias da vida de Marilyn Monroe.

Trabalhar com o Miguel Falabella é trabalhar com um amigo?
Trabalhar com o Miguel vai além do trabalho, a nossa relação transcende o lado profissional. Começou profissionalmente e, hoje, tenho a sorte de poder dizer que tenho um parceiro para a vida. Independente do trabalho, que possamos estar juntos, que possa ter a honra de estar ao lado dele, partilhando com ele os sonhos em comum que temos, do teatro, do cinema, da tv… Mas trabalhar com ele é trabalhar com um coração que bate fora do meu, que é o dele, sem sombra de dúvida.

Danielle Winits: "Não consigo ver nada que fosse mais transformador na minha vida do que a maternidade"
Danielle Winits e Miguel Falabella estão juntos em cena em “A Mentira”, uma produção da Plano 6
Foto DR

A mentira é um dos grandes dramas dos relacionamentos. Como é que “esta vossa mentira” retrata as relações?
“A Mentira” é um espetáculo que acaba por mexer com cada um de nós, independentemente de alguém já ter omitido alguma situação dentro de um relacionamento, de já ter passado por uma situação parecida ou de já se ter envolvido num imbróglio dentro do seu relacionamento. “A Mentira” fala sobre carácter, fala sobre escolhas, mexe com vários setores da alma humana. Trata-se de uma comédia, mas em toda a comédia existe o trágico. E “A Mentira” brinca com isso, é uma trágico-comédia, com as escolhas dos seres humanos, com a maneira como as pessoas lidam com situações adversas e acaba por mexer com toda a gente e faz com que as pessoas se questionem. E esse é o papel do teatro, mexer com conceitos, com preconceitos, mexer com a nossa cabeça para que pensemos e estejamos sempre a evoluir.

Quem mente melhor: homens ou mulheres?
Não acredito que exista alguém que minta melhor, não interessa se é homem ou mulher. Acho que a mentira não resvala para o género pessoal, a mentira é uma escolha individual. A mentira está presente na humanidade, agora cabe ao ser humano escolher entre a hipocrisia e a transparência.

“A Mentira” está em cena no Teatro Tivoli, em Lisboa
Fotos DR

Toda a mulher já nasce a ter de provar algo mais para uma sociedade que foi construída em cima de pilares patriarcais machistas e misóginos”

Voluntária ou involuntariamente esteve sempre colada à imagem de sex symbol. Por essa razão, acha que teve sempre de trabalhar mais para provar o seu talento?
Acredito que a mulher por si só já nasce a ter de provar algo mais. No meu caso, na minha profissão não foi diferente e é uma constante batalha para a mulher. É uma batalha feminina para conseguir essa igualdade perante uma sociedade patriarcal, que está mais do que exposta. Acho que essa discussão sobre a igualdade de género não existe só no Brasil, mas aqui em Portugal também. Enfim, homens, mulheres, trans, não binários, acho que é uma discussão mais ampla, não consigo colocar só nesse nicho a mulher sex symbol, não me incluo apenas, incluo a mulher. Toda a mulher já nasce a ter de provar algo mais para uma sociedade que foi construída em cima de pilares patriarcais machistas e misóginos. Então, também sempre tive a minha batalha pessoal e continuo a ter, mas sigo a marcha, sem medo e com muito orgulho de ser mulher.

A beleza abre ou fecha mais portas?
Acho que atualmente o conceito de beleza está a ter a possibilidade de ser ampliado, graças a uma marcha potente da sociedade, principalmente, de uma parte feminina. E junto com essa marcha vêm todas as pessoas que por consequência se encontram dentro desse lugar, da minoria. Não estou a falar só do lado da mulher, porque a beleza é muito ampla, a beleza vem dos trans, a beleza vem de todos os géneros. Então, se abre ou fecha mais portas, acho que num passado poderia dizer-se que abria, porém a beleza não as mantinha abertas. Acho que a sua disponibilidade, a sua vocação profissional, são os fatores cruciais para a abertura de portas, porque até o talento pode abrir as suas portas, mas o talento, por si só, não as mantém abertas. Uma pessoa precisa de muito mais, precisa de perseverança, vontade, humildade, morte do ego, uma série de outras coisas que são muito mais potentes, no sentido de manter as portas abertas e manter o seu caminho iluminado, por você mesmo. Acredito que somos nós que escrevemos muito mais a própria história do que propriamente os outros. Acho que, durante muito tempo, as pessoas acabaram por deixar nas mãos dos outros o seu próprio destino, e hoje conseguimos ver de outra forma. Pelo menos eu consigo ver dentro da minha profissão um movimento muito mais autónomo e fértil. Quando se consegue entender que cada um de nós é o responsável pela sua história e que você não é a vítima da sua história, então a beleza, nesse caso, é um fator muito pequeno diante de tantos outros fatores que são cruciais para se manter vivo dentro do seu sonho, manter-se ágil, manter-se alerta, manter-se disponível para o seu sonho. Não adianta a beleza e achar que se é belo, ou acharem que é belo e ficar sentada nesse trono, porque é um trono oco. Precisa de colocar a si mesma a sua própria coroa, sentar-se no trono e dizer: ‘bem, vou escrever esta história, independentemente da minha beleza, da minha juventude, da minha idade, do meu género, da minha cor, vou escrever porque eu mereço’.

O caminho de igualdade entre homens e mulheres continua a ser construído todos os dias. Sente que hoje as mulheres, nomeadamente na sua profissão, continuam a ter de trabalhar mais do que os homens para provarem que o seu lugar é merecido?
É um caminho árduo, é um caminho de formiguinhas, estamos nesse caminho e acredito que quando pensarmos que chegámos ao fim, vamos ter de começar tudo de novo, porque é permanente. A evolução do ser humano é permanente e não acredito que sejam as mulheres que tenham de ensinar a essa sociedade patriarcal sobre igualdade. Acredito que tem que haver uma procura de todo o ser humano, para que essa igualdade seja estabelecida de uma forma pacífica e não de uma forma caótica. Que as mulheres não precisem usar de força hercúlea para fazer com que a sociedade patriarcal entenda que somos seres humanos. Mas é um caminho que está a ser percorrido, que está a ser conquistado, que está a ser aberto e acredito que isto é um caminho sem volta, sem retorno, não tem atalho para esse caminho. É uma luta diária, mas a vida é isso, o caminho faz-se caminhando.

Acredito que estou a fazer um bom trabalho porque tenho dois meninos maravilhosos, parceiros, companheiros, compreensivos em relação à minha profissão”

É atriz, mas também mãe. Como concilia esses dois grandes papéis?
Sim, sou mãe, acredito que seja o meu maior papel porque não consigo ver nada que fosse mais transformador na minha vida do que a maternidade. Ela trouxe-me mais força do que eu já tinha, trouxe-me mais propósito, traz-me gana, garra, traz-me autoestima, traz-me sempre para a minha vida a certeza dos meus valores, das minhas responsabilidades, em todos os sentidos. Então, a maternidade completa-me como ser humano, porque confere um propósito para as minhas procuras profissionais, espirituais e pessoais. É uma mola propulsora na minha vida.

Danielle Winits: "Não consigo ver nada que fosse mais transformador na minha vida do que a maternidade"
A atriz com os filhos, Guy, de 11 anos, e Noah, de 15
Foto DR

Tem dois filhos: um de 15 anos e outro de 11. Um já é adolescente, outro para lá caminha. Quais são os grandes desafios de ser mãe de dois adolescentes e rapazes?
Acho que o grande desafio de ser mãe de um adolescente e de um pré adolescente é justamente ter a certeza e a confiança em tudo o que venho depositando, desde que eles nasceram, no interior das suas almas. São os valores que tento sempre transmitir-lhes a respeito de responsabilidade, de igualdade, de entrega, de troca, acho que esse é o desafio, o de estar sempre nessa constância, estar sempre alerta, principalmente nessa mudança de idade. E acredito que estou a fazer um bom trabalho porque tenho dois meninos maravilhosos, parceiros, companheiros, compreensivos em relação à minha profissão. Uma profissão que, de certa forma, faz-me ter uma vida mais cigana, faz-me ter uma vida em que preciso de ter qualidade de tempo com eles já que a quantidade de tempo não é tão comum, esse é o desafio maior. E acho que estou a conseguir conciliar isso de uma forma madura, de uma forma afetuosa e capaz de os ouvir. Sou uma mãe amiga antes de ser a mãe que precisa de impor limites, procuro sempre ser mãe dos meus filhos, acho que é por isso que tenho o respeito deles, acho que sempre procurei a amizade antes da autoridade e isso faz toda a diferença.

O álbum pessoal de Danielle Winits

Fotos DR

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