Sónia Tavares faz desabafo sobre a sua auto-estima, dias depois de ter feito 46 anos. A vocalista dos The Gift partilhou, no seu Instagram, como a confiança que tem em si própria tem aumentado com a idade. “Confesso que sou mais confiançuda à medida que o tempo vai passando por mim. Talvez porque hoje em dia me foque mais na forma como me penso do que no que pensam outros de mim. Ninguém tem respostas para tudo e a maior parte das respostas mais importantes são dadas por nós próprias e, consequentemente, pelo caminho que decidimos trilhar. Pertenço felizmente aos 55% das mulheres que têm uma melhor auto-estima hoje em dia do que há dez anos, segundo um estudo da Dove. E o resto da percentagem? Serão todas aquelas que por algum motivo a idade não lhes fez jus às expectativas de vida. Talvez sofram com o preconceito, talvez se sintam obrigadas a uma competição contínua com as mais jovens, talvez já tenham sido descriminadas. Ou porque sim. Porque ainda é assim e ainda existem mulheres que sofrem pela natureza de tantos aspetos da nossa dinâmica social e a respetiva cultura de valor e gosto, muitas vezes desviantes. Porque os padrões de beleza ainda hoje decretam o percurso de muitas mulheres preteridas pela idade. Porque ser mulher é uma luta todos os dias. Em todos os aspetos”, desabafou a cantora.
Na verdade, a Dove em Portugal decidiu fazer um estudo para avaliar como as mulheres portuguesas, a partir dos 40 anos, experienciam o avançar da idade. E concluiu que, apesar de 66% das mulheres acima dos 40 apresentarem uma autoestima positiva, este número decresce quando a idade sobe para os 50. Nesta faixa etária, apenas 50% das mulheres refere ter uma autoestima positiva e só 54% dizem estar satisfeitas com a vida e com a felicidade em geral. Além disso, 84% das mulheres entre os 50 e os 59 anos não se sente apreciada ou valorizada, enquanto 69% alega que não tem motivos para se orgulhar dela própria.
A psicóloga Filipa Jardim da Silva admite que “o medo de adoecer, de perder valor enquanto pessoa e profissional, de perder autonomia, de deixar de ser atraente ou de ficar sozinha, são os principais receios associados ao avançar da idade que, quando não reconhecidos e regulados, podem originar perturbações de ansiedade e de humor deprimido”. Denota, ainda, como a menopausa também tem impacto nestas conclusões. “Algumas das alterações físicas e hormonais inerentes à menopausa podem afetar como as mulheres se sentem em relação a si mesmas. Devemos lembrar-nos que esta é a fase que encerra o ciclo fértil feminino, acabando por marcar a passagem do tempo de uma forma muito concreta, o que muitas vezes abala psicologicamente a mulher. A menopausa coincide também com outras mudanças significativas na vida da mulher, como a saída dos filhos de casa ou perda de familiares”, explicou.