Hoje em dia a saúde individual e coletiva assenta em dois pilares basilares que são a prevenção da doença e a promoção da saúde. Muitas doenças podem ser detetadas cedo e tratadas com eficácia de praticamente 100%, a qual vai diminuindo à medida que se atrasa o diagnóstico. Disto são exemplos patologias do foro ginecológico como tumores dos órgãos reprodutores ou da mama.
Na situação atual de Pandemia, muitas vezes temo-nos descurado destas ações. É importante continuar a realizar os exames de rotina e de rastreio como sempre fizemos, pois as doenças não sofrem confinamento e as mais graves, quando detetadas tardiamente, podem ter repercussões gravíssimas para a pessoa em si e para a família, com todos os aspetos negativos que em si acarretam. Assim surge a seguinte questão: Têm feito os seus exames de rotina?
Acredito que muitas pessoas não pois na CUF já verificámos que o número de exames realizados nesses últimos meses decresceu face ao ano passado. Se adia os exames de rotina por receio de contágio pela Covid-19 é importante desde já esclarecer que as unidade de saúde seguem protocolos de segurança para que os profissionais possam continuar a fazer consultas e as pessoas possam realizar as suas rotina de saúde.
Atendendo aos exames de rotina que estão por fazer, conscientes do inverno rigoroso que vamos ter este ano, com um possível segundo pico da pandemia e a chegada da gripe sazonal (que consequentemente trarão maiores níveis de ansiedade e receio) e sabendo que neste momento os números de incidência da Covid-19 estão mais baixos e as unidades estão seguras é agora, mais do que nunca, extremamente importante reforçar a vigilância e fortalecer a saúde geral da população.
Olhando em particular para os principais meios complementares de diagnóstico de saúde feminina: Ecografia Ginecológica e a Mamografia com Ecografia mamária associada.
Ecografia ou Ultrassonografia Ginecológica
É um exame que permite avaliar a normalidade ou a existência de alterações estruturais a nível dos órgãos reprodutores femininos: útero, trompas e ovários. Pode ser realizada
por via abdominal ou endovaginal considerando se já existe relacionamento sexual ou não. Este exame tem indicação para realização de rotina/rastreio a partir dos 20-25 anos, anualmente ou antes se já tiver iniciado vida sexual. Além disso, pode ser realizado sempre que necessário, na avaliação folicular em contexto de tratamento de infertilidade ou quando se suspeita de patologia do ovário ou útero, nomeadamente nas situações de dor pélvica, alterações menstruais, suspeita de gravidez, entre outras.
Permite detetar várias situações como: Endometriose, Miomas uterinos, Pólipos ou Hiperplasia do endométrio, Carcinoma do endométrio, Cancro), Quistos (ou cistos) dos ovários, Carcinoma do ovário (cancro).
Mamografia e Ecografia ou ultrassonografia mamária
Representam uma ferramenta fundamental no diagnóstico e rastreio dos tumores da mama, sendo imprescindíveis para a sua deteção em estádios mais precoces, por vezes com poucos milímetros. De acordo com dados da Liga Portuguesa Contra o Cancro “… em Portugal surgem 6000 novos casos de cancro da mama por ano, ou seja 11 novos casos por dia, morrendo por dia 4 mulheres com esta doença…”, o que realmente se trata de uma situação dramática.
Não considerando a situação de cancro familiar genético, o cancro da mama é multifatorial, isto é: existem múltiplos fatores de risco que podem causar cancro numas mulheres e noutras não. Daí a importância do rastreio do mesmo através dos exames complementares existentes à disposição. Em termos de rastreio estes exames são complementares devendo ser efetuados os dois na mesma altura, pois avaliam a mesma situação, mas com abordagens diferentes que permitem uma maior certeza do que está a ser observado.
Não existindo antecedentes familiares de cancro da mama, a 1ª Mamografia + Ecografia Mamária deverá ser efetuada por volta dos 35 anos e se os resultados forem normais realizar a próxima aos 38-40 anos. Posteriormente será aconselhada a realizar anualmente até aos 70 anos, a partir do qual pode ser feita de 2/2 anos se se mantiver estável. Caso existam situações de cancro da mama na família (mãe, tias, avós), mantém-se a recomendação acima.
No entanto, se se tratar de situação de cancro hereditário familiar deverá ser iniciada a vigilância cerca de 10 anos mais cedo em relação ao familiar que teve o cancro em idade mais baixa (exemplo, cancro aos 40 anos hereditário devem iniciar rastreio aos 30 anos). Neste ponto, comprovada a existência de hereditariedade em que se conhece a presença do risco na pessoa em causa, deverá ser ponderada a cirurgia de retirada das mamas (mastectomia bilateral profilática) para evitar o aparecimento do cancro da mama.
Em suma, lembre-se que a prevenção da doença começa em si, por isso não se esqueça de continuar a efetuar os seus exames de rotina/rastreio com todos os meios de segurança que são colocados à sua disposição.