“Que nada nos limite. Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância.” Simone de Beauvoir
Retomo a saga das grandes divas que poderiam ter sido grandes Coaches para reforçar a ideia de que as nossas escolhas devem ser definidas e criadas apenas por nós próprias, sem influências externas, sejam elas sociais, familiares ou no limite, definidas pelos acontecimentos passados da nossa história. Hoje recordamos Simone de Beauvoir, escritora francesa, que dispensa apresentações, enquanto nome incontornável da sua época, referência literária, e defensora da igualdade de gênero e direitos das mulheres.
Fazendo um mergulho na obra desta fantástica escritora poderíamos encontrar inspiração para diversos assuntos das nossas vidas pessoais, num convite inequívoco a ser a mulher que é, sem qualquer maquilhagem, filtros, ou medo das imperfeições e dos vincos da alma. Recordando uma célebre citação da autora: “Não se nasce mulher, torna-se!”. Para muitas de nós, aprisionadas por escolhas que deixamos os outros fazer por nós, começando no seio familiar, e passando no chefe que nos obriga a engolir sapos diariamente, criar uma meta pessoal é uma tarefa complicada, árdua e inalcançável. Por todas estas limitações, muitas mulheres ainda não conseguiram percorrer o caminho que as levará a tornarem-se (verdadeiramente) a mulher que querem ser.
Nunca poderemos controlar tudo o que acontece, nem o modo como os que nos rodeiam decidem comportar-se, mas nunca é demais relembrar que essa não é a nossa tarefa, nem deve ser o nosso foco. O nosso foco deve começar por ser definir as nossas metas pessoais, de acordo, com aquele paradigma de felicidade que almejamos e, tal implica um desprendimento total daquilo que são as opiniões alheias, comparações ao nosso redor e padrões sociais (aconselho a que releiam esta frase em absoluto até que estas palavras ressoem dentro de cada uma de vocês, e comecem a ter perceção de quantos atos, comportamentos e decisões tomaram mais com base nestes padrões e opiniões, e tentam contabiliza-las em contraponto com o número de decisões que tomaram, tendo em conta aquilo que realmente achavam que era o que vos faria mais feliz!).
A citação de Simone Beauvoir com a qual começamos este texto, convida-nos a deixar de vivermos de julgamentos e críticas, e passarmos a ousar aparecer e deixar que nos vejam, de forma, livre! Isso é a coragem de ser imperfeito! Isso é viver com ousadia! Estamos aqui para criar vínculos com as pessoas! Não para deixar que as opiniões e julgamentos delas nos definam. A definição dos outros sobre aquilo que somos é um julgamento que não devemos aceitar, por contradição absoluta com a nossa liberdade individual. Chegadas aqui, a esta reflexão, cada uma de nós vai experienciar um enorme sentimento de vergonha.
Esta que é a maior e mais poderosa das emoções, e que se traduz no medo de não sermos bons o suficiente, corroendo aquela parte de nós que acredita que somos capazes de mudar, e que logo nos impede de definir as metas que queremos alcançar, e de começar a traçar outros pequenos objectivos rumo ao grande objectivo final. Uma pessoa que define claramente as metas que pretende alcançar na sua vida, cultiva a autenticidade; e liberta-se do que os outros pensam, adquirindo grande flexibilidade mental.
Deixo algumas perguntas que a ajudarão a arrumar ideias, e que deve colocar-se enquanto auto avaliação, para perceber o que está por trás de cada meta de que define, ajudando a compreender o que ou quem a está inconscientemente a limitar nas suas escolhas:
– Pense em algo na sua vida que pretende mudar;
– Pense em ações concretas para efetuar esta mudança;
– Quando vai começar?
– Qual o primeiro passo para esta mudança?
– Como vai saber que alcançou este objectivo?
– O que a impede de fazer esta mudança?
– Acha que merece?
Se alguma destas respostas for condicionada na sua execução por padrões sociais e opiniões alheias, onde se incluem contextos familiares e amorosos, repense bem se estas questões não estão a limitar as suas escolhas, a definição daquilo que é e quer ser, e mais que isso, se não estão fazer com que se defina por critérios de avaliação que não são os seus, e que só irão adensar o abismo entre a situação atual que pretende alterar e a situação desejável onde quer estar.
Lúcia Palma, Coach ICC n.º 14551
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