A pandemia mudou o mundo para sempre. Poucas coisas voltarão a ser como eram. Em Portugal, o Conselho de Ministros declarou a situação de calamidade e o Governo quer uma lei que torna obrigatório o uso de máscara na rua e a utilização do app StayAway Covid, sob pena de multa de 500 euros. Diante de tal situação, como fica a cirurgia plástica? É seguro submeter-se a uma cirurgia diante de tal calamidade?
Há pessoas que esperam há muito tempo por uma oportunidade de se transformarem, através de uma cirurgia plástica; pessoas que economizam há meses e que não veem a hora de mudar. A questão é se é seguro entrar num hospital neste momento para ser operado, mesmo que seja para um procedimento estético.
Tudo vai depender do cirurgião e do hospital. O distanciamento social e evitar aglomerações ajudam a minimizar a disseminação da COVID-19, mas cada hospital, sistema de saúde e cirurgião plástico deve analisar cuidadosamente todos os procedimentos eletivos programados com um plano, para minimizar o tempo de internamento do paciente. Nós continuamos a operar, mas, claro, assegurando as devidas precauções.
Com a pandemia, aumentámos os procedimentos de segurança e, desta forma, é possível voltar à prática clínica. Além de todos os exames pré-operatórios tradicionais, todos os pacientes devem agora ser submetidos ao teste de COVID. A equipa do hospital também se submete a exames frequentes. Tudo visa a segurança do paciente.
Na nossa opinião, o primeiro passo é avaliar a relação custo-benefício de cada procedimento face ao atendimento necessário ao paciente, tentando sempre minimizar o risco de contágio por COVID-19. Entre os procedimentos estéticos que requerem maior cuidado encontram-se aqueles que necessitam de intervenção na boca ou no nariz, nos quais não é possível isolar estas zonas. Já as cirurgias noutras partes da face ou do corpo, tais como cirurgias da mama, abdómen ou mesmo lipoaspiração, onde as vias respiratórias podem ser isoladas, são naturalmente mais seguras.
Nós, no Hospital Saint Louis, em Lisboa, estabelecemos novas regras de atendimento. O importante é seguir sempre as orientações médicas de segurança. Ainda assim, com cuidado e exames frequentes de diagnóstico da COVID-19, todos os tratamentos podem ser seguros. Entre as medidas adotadas constam a limitação de consultas presenciais, agendadas apenas quando estritamente necessárias e evitando a aglomeração de pacientes na sala de espera do consultório; a realização de rastreios à COVID-19 a funcionários e pacientes; o uso de equipamento de proteção por toda a equipa; a exigência do uso de máscara a todos (funcionários e pacientes); a colocação de divisórias de proteção nos locais de atendimento; e ainda o aumento da limpeza e higienização profunda e completa entre pacientes.
Garantido isso, não haverá problemas. O que não é possível é tratar a pandemia como se fosse uma ‘gripezinha’ comum. Não é. Todo cuidado é pouco e a segurança dos pacientes é o nosso principal objetivo.
E afinal uma boa notícia: no Hospital St. Louis encontra-se agora disponível uma linha de financiamento para a realização de cirurgias, exames e atos médicos, uma solução rápida e simples para facilitar o acesso às cirurgias que poderão não estar acessíveis a todos.