
De acordo com “A nova Roda dos Alimentos”, que transmite orientações para uma alimentação saudável – completa, equilibrada e variada –, é recomendado a ingestão de 2 a 3 porções de lacticínios, incluindo leite, iogurte e queijo, devendo estes constituir 18% da alimentação diária. Estes alimentos podem ser incluídos no pequeno-almoço e lanches/merendas e combinados com outros grupos alimentares, como cereais ou fruta.
Em relação à composição nutricional, é importante referir que o leite fornece vários nutrientes, incluindo vitaminas e minerais, sendo uma importante fonte de cálcio, fósforo e potássio assim como vitaminas do complexo B. Quando consideramos o teor de cálcio, o valor energético (kcal) por porção e o custo relativo do alimento, o leite de vaca parece ser o alimento com melhor resposta.
A ingestão de leite e produtos lácteos também contribui para o aporte de proteína de elevado valor biológico e ainda ácidos gordos essenciais. Esta qualidade da proteína láctea é importante para a síntese de proteínas musculares, ajudando à manutenção da massa muscular metabolicamente ativa durante a perda de peso. A proteína é particularmente relevante durante a perda de peso e a sua subsequente manutenção, pois possuiu um elevado efeito saciante, ajudando a prevenir uma maior ingestão de energia (consequentemente reduz a acumulação de gordura corporal).
Estudos nesta área mostram um efeito benéfico para uma elevada ingestão de lacticínios na redução do peso corporal, gordura corporal, e perímetro da cintura, e aumento de massa magra quando os indivíduos se encontram em restrição calórica. Também parece haver evidência de que os produtos láteos possam estar associados a uma composição corporal mais saudável, ou seja, o consumo de produtos lácteos não promove o ganho de peso, podendo reduzir a gordura corporal e o aumento da massa muscular.
O leite e os seus derivados são caracterizados por uma variedade complexa de nutrientes e métodos de processamento que podem influenciar as vias metabólicas do nosso organismo. Para além dos ácidos gordos e cálcio, também compostos ativos e probióticos – microrganismos vivos que proporcionam benefícios para a saúde – parecem ser importantes. Neste contexto, o consumo de alimentos e bebidas fermentados com propriedades probióticas, como o kefir, tem ganho uma crescente utilização.
Numa revisão recente foi colocada a hipótese de o kefir poder ter impacto na regulação da homeostasia do organismo, com efeito direto no eixo intestino-cérebro, sendo uma possível estratégia para a prevenção de algumas doenças como a obesidade. Contudo, resultados de um ensaio clínico realizado em mulheres com excesso de peso ou obesidade em pré-menopausa sugerem que uma dieta sem restrição calórica e rica em kefir levava a uma perda de peso semelhante a dieta sem restrição calórica e rica em leite magro. Contudo são necessários mais estudos nesta área.
Em suma, e no dia em que se celebra o dia mundial do leite, é importante realçar que a inclusão de leite e produtos lácteos na dieta, como parte de uma alimentação saudável, parece trazer benefícios para a saúde em geral, contribuindo para o aporte de nutrientes importantes.