No âmbito do Dia Mundial do Cancro do Pulmão, que se assinala hoje, o Grupo de Estudos do Cancro do Pulmão (GECP) lança uma campanha de sensibilização para a importância de conhecer e reconhecer os sintomas do cancro do pulmão.
Apesar dos avanços alcançados nos últimos anos, o cancro do pulmão continua a estar entre os cancros com maior mortalidade em todo o mundo. Embora seja uma doença temida, é fundamental ressaltar a importância de conhecer as suas manifestações e, em consequência, aumentar as hipóteses de um diagnóstico precoce que é essencial para o seu tratamento.
Os sintomas do cancro do pulmão podem ser desvalorizados ou confundidos com outras doenças respiratórias menos graves, o que pode atrasar o diagnóstico e, por sua vez, comprometer o prognóstico da doença. Ao reconhecer os sinais precocemente, é possível adotar medidas para obter um diagnóstico adequado e iniciar o tratamento o mais rápido possível. Tosse persistente, com ou sem expetoração, cansaço, falta de ar ou dor torácica são alguns dos sinais que devem motivar a marcação de uma consulta.
Apesar de, historicamente, a patologia estar mais associada a este grupo, nas últimas décadas tem-se verificado uma mudança de paradigma com o aumento de diagnósticos em mulheres e de diagnostico em pessoas na década de 40. Existe ainda uma importante percentagem de pessoas com cancro do pulmão que não são fumadoras, reforçando assim a importância de outros fatores de risco para além do tabagismo, como é o caso do fumo passivo. Uma vez que as mulheres não fumadoras não são habitualmente consideradas como parte do grupo de risco para o desenvolvimento de cancro do pulmão, é importante que estas reconheçam os sintomas que devem motivar o recurso ao médico, bem como realizar check-ups regulares que, por sua vez, vão possibilitar diagnósticos precoces com maiores probabilidades de sucesso e cura.
Para além de informada, a população deve também adotar medidas preventivas, pois a prevenção do cancro do pulmão começa com a redução dos fatores de risco conhecidos. A principal causa para o desenvolvimento de cancro do pulmão continua a ser o tabaco, por isso, deixar de fumar é a melhor forma de prevenir a doença. O tabagismo é o maior fator de risco que existe, sendo responsável por cerca de 85% dos casos de cancro do pulmão. Além do cigarro, também os novos dispositivos, como os cigarros eletrónicos e o tabaco aquecido, devem ser evitados. Limitar o tempo que se passa em espaços onde se fica exposto ao fumo passivo é outra das recomendações, bem como adotar um estilo de vida saudável que inclua a prática de exercício físico e uma alimentação equilibrada. Para além de todos os benefícios que deixar de fumar traz à saúde, importa relembrar que a cessação tabágica também provoca mudanças visíveis em alguns aspetos físicos, tais como a aparência da pele, o cabelo mais brilhante e os dentes menos amarelos.
A informação é, sem dúvida, uma ferramenta poderosa na luta contra o cancro do pulmão. Através da campanha “Cedo detetar para melhor tratar”, o GECP espera contribuir para ajudar as pessoas a reconhecerem os sinais da doença e a procurarem ajuda médica rapidamente. Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, maior é a probabilidade de sucesso no tratamento e de sobrevivência.
*Pneumologista e presidente da direção do Grupo de Estudos do Cancro do Pulmão (GECP)