Não, não estão a ver mal, nenhum destes livros (‘Os diários secretos’ e ‘A sombra da sereia’) é o último volume das aventuras de Erica Falck (agora republicados em Portugal pela Porto Editora). O último é ‘O Cuco’, e quando conseguir digo-vos alguma coisa, mas vou dizer-vos outra coisa: nem eu consigo ler um livro todas as semanas, portanto desta vez trago-vos dois velhos conhecidos (enfim, velhos conhecidos para mim).
Mesmo quem nunca leu nenhum dos seus 11 livros sobre o casal Falk-Hedstrom já ouviu falar de Camilla Läckberg: nascida na Suécia, formada em economia, descobriu depois de um curso de escrita criativa que tinha nascido para escrever, e cedo se tornou num fenómeno literário internacional com o primeiro bestseller ‘A princesa de gelo’. Aí ficámos a conhecer a escritora Erica Falck, uma espécie de alter-ego da autora, que encontramos ainda solteira, regressada à sua pequena terra natal depois do suicídio da sua melhor amiga de infância. Esta morte junta Erica com o responsável pela investigação criminal, que em breve se torna seu marido (desculpem lá o spoiler mas também é uma coisa que se está mesmo a adivinhar desde a página 1).
O outros 10 livros seguem a vida do casal entre dramas familiares como a conciliação da vida familiar e do nascimento dos filhos com carreiras complicadas (enfim, na Suécia ser escritora ainda é uma carreira a sério) e a série de mortos que se sucedem numa terra aparentemente pacata (enfim, já há muito tempo que aprendemos com Miss Marple que quanto mais ‘pacata’ e pequena for a terra, mais mortes misteriosas e violentas nos traz – é uma regra de todo o policial, embora graças a Deus que não da realidade).
Pronto, adiantando: Camilla Läckberg manteve o seu sucesso e as histórias de Erica, e dois dos mais famosos, além do primeiro, foram estes dois.
Em ‘Os diários secretos’, Erica encontra os diários da sua própria mãe, onde vai ficar a saber chocantes segredos sobre o passado. O livro é particularmente interessante para quem se interessa pela Segunda Guerra (praticamente toda a gente), porque através dos diários da mãe de Erica o leitor fica a saber como era ser rapariga em 1944, e também um bocado mais sobre o papel da Suécia na Segunda Guerra, coisa de que geralmente nunca se fala.
Este é um livro que pode ser lido independentemente, quer se tenha lido os anteriores ou não. Já para a ‘A sombra da sereia’ convém chegar com algum background, apenas porque a lista de personagens é interminável: assim de repente, temos uma batelada de crianças que estão constantemente a tentar matar-se umas às outras (como se já fossem poucas, Erica está à espera de gémeos) temos o casal já nosso conhecido, mais os seus colegas, incluindo o chefe Melberg, que ajudou no parto de Johanna, a companheira da inspectora Paula, e até Martin, o inspector mais novo, está em licença de paternidade. Uma das minhas personagens preferidas é o cão Ernst, que continua parte da vida de todos.
Bem, a este leque junta-se um escritor famoso mas deprimido, ninguém sabe porquê, um morto, outro morto, a mulher do morto, e outros de que agpra já não me lembro. O final é muito arrebicado (sempre gostei desta palavra) e francamente bastante estranho, mas lá está, com os livros de Camilla Läckberg nunca sabemos ao que vamos.
Isto para vos dizer (acho que no meio disto tudo não dei nenhum spoiler) que, não sendo novidade, acabaram de ser reeditados e são sempre uma boa ideia para quem não leu na primeira vez ou para quem quer reler mas não sabe onde os pôs.
(Ah: e para quem for de Lisboa ou vier passear, não se esqueçam que de 29 de Maio a 16 de Junho têm outra vez a Feira do Livro, no Parque Eduardo VII. Vão fazendo a vossa lista).
‘Os diários secretos’ – Camilla Läckberg, Porto Editora, E22,20
‘A sombra da sereia’ – Camilla Läckberg, Porto Editora, E22,20