A osteoporose é uma doença que torna os ossos mais frágeis, e mais propensos a fraturas devido à perda de massa óssea e à alteração da sua microarquitectura. Esta doença, que também pode atingir homens, é mais comum em mulheres, especialmente após a menopausa.
Isto acontece por vários motivos:
Por um lado, as mulheres geralmente têm um pico de massa óssea inicial menor do que os homens. Isto porque a testosterona, hormona sexual masculina, é capaz de produzir mais músculo e mais osso durante a adolescência.
Por outro lado, durante a menopausa as mulheres sofrem uma diminuição abrupta dos níveis de estrogénios, as hormonas sexuais femininas. Ora, os estrogénios desempenham um papel essencial na manutenção da saúde óssea pois estimulam os osteoblastos, células ósseas, a formar osso. Quando os estrogénios diminuem, os osteoblastos diminuem a sua atividade, levando a uma perda de massa óssea acelerada.
A par disto, a longa longevidade do sexo feminino também contribui para o maior risco de fratura, já que o envelhecimento é um dos principais riscos de fratura. E ainda, o principal fator de risco para uma fratura é ter tido já uma fratura. Se já partiu costelas, o punho, ou o tornozelo, este texto é para si: está nas suas mãos procurar prevenir novas fraturas e, para isso, procure acompanhamento do seu médico. As fraturas são um assunto sério. Muito sério.
Causam dor relevante, mas não só. Levam a uma incapacidade relevante, que pode ir desde impossibilidade para realizar tarefas simples como preparar as suas refeições ou tomar banho sem ajuda, a ficar acamada, com necessidade de apoio todo o dia, ou pode mesmo conduzir à morte.
A osteoporose não prejudica apenas a qualidade de vida das mulheres, mas também representa um encargo significativo para o sistema de saúde e para os doentes e famílias, com custos associados ao tratamento e à reabilitação de fraturas.
Dados recentes revelam que a osteoporose é uma preocupação significativa em Portugal: estima-se que mais de 1 milhão de portugueses sofrem de osteoporose, sendo que as mulheres representam a maioria desses casos e, mais ainda, estudos indicam que uma em cada três mulheres com mais de 50 anos terá uma fratura osteoporótica ao longo da vida.
Contudo a osteoporose é evitável e as fraturas podem sem prevenidas. Como? Perguntar-me-á. Com prevenção, com um diagnóstico precoce, e com o acompanhamento contínuo da doente numa situação pós-fratura. A prevenção é a chave do sucesso, e está na mão de todas nós. Devemos começar por ter uma dieta variada, rica em cálcio, que se encontra essencialmente nos produtos lácteos, mas também em vegetais de folha verde, peixes e frutos secos. Já existem também alguns alimentos fortalecidos.
A vitamina D, essencial para fixar o cálcio na matriz óssea, encontra-se em peixes gordos como o salmão e a sardinha, na gema de ovo e alguns produtos lácteos fortalecidos. Outra fonte de vitamina D é a exposição à luz solar. A pele humana produz vitamina D quando é exposta à radiação ultravioleta. Recomenda-se cerca de 10 a 30 minutos de exposição ao sol, pelo menos duas vezes por semana, em áreas como rosto, braços, pernas ou costas. No entanto, a produção de vitamina D pela exposição solar pode variar dependendo de fatores como localização geográfica, estação do ano, cor da pele, idade e uso de protetor solar.
Ainda podemos, e devemos ter, uma dieta pobre em sal, pois o sal em excesso obriga o rim a trabalhar mais para expulsar o sal e, quando o faz expulsa também o cálcio com ele. Outro ponto fundamental é que a dieta deve ser rica em proteínas, isto é, carne e peixe, pois os ossos dependem dos músculos para serem fortes, e só podemos ter músculos fortes se consumirmos proteínas diariamente na nossa dieta. Isto é ainda mais importante nas mulheres, que por vezes tendem a evitar comer carne. Outros hábitos importantes incluem fazer exercício físico de forma regular, como por exemplo caminhadas. O exercício permite ter ossos e músculos fortes, mas também estimula o nosso equilíbrio e reduz o risco de quedas.
As quedas devem ser ativamente prevenidas também no contexto de prevenção de fraturas. Não devemos esquecer que em casa temos que procurar ter uma iluminação adequada, remover obstáculos desnecessários, ter calçado adequado, usar dispositivos de apoio como bengalas e procurar avaliação médica regular para verificar se temos boa visão (ajustar óculos sempre que necessário!) e boa audição. Não esquecer que devemos evitar o tabagismo e moderar o consumo de álcool.
A leitora mais jovem está tentada a pensar que todas estas medidas são para as mulheres idosas. Contudo para ter um boa massa óssea temos de ter estes hábitos interiorizados desde muito cedo, logo na adolescência. Não devemos ainda subestimar a osteoporose em idades jovens, que resultam muitas vezes de doenças ou medicações que diminuem a massa óssea.
O risco de osteoporose e fratura é individual, e o seu médico pode avaliá-lo em consulta utilizando alguns testes como o FRAX®, uma ferramenta de diagnóstico usada para avaliar a probabilidade de 10 anos de risco de fratura óssea. Se necessário podem ser pedidos exames complementares como a densitometria, um método de diagnóstico para a osteoporose e osteopenia que permite medir a densidade mineral óssea. Avaliar o risco de fratura com maior frequência é cada vez mais importante para a saúde. Fale com o seu médico.
Caso tenha osteoporose e elevado risco de fratura, há agora variados fármacos disponíveis que podem melhorar a massa óssea e prevenir a reincidêcia de fraturas e recuperar a qualidade de vida. Acompanho centenas de doentes que já tiveram fraturas e regressaram a casa. Resilientes, conseguiram fazer uma boa reabilitação e voltar a ter qualidade de vida. Mas prefiro não assistir a novas fraturas e ao sofrimento que elas acarretam.
Vamos por isso prevenir novas fraturas?
Conto convosco para termos mulheres mais saudáveis, com ossos mais fortes, e essencialmente, com uma vida em movimento!
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a ACTIVA nem espelham o seu posicionamento editorial.