O Outubro Rosa surge todos os anos para nos lembrar da importância do rastreio e da deteção precoce do cancro da mama. Sabemos que realizar exames regulares, como a mamografia, é crucial para detetar o cancro numa fase inicial, aumentando significativamente as hipóteses de sucesso no tratamento. Contudo, o que muitas vezes se subestima é o papel que as emoções desempenham na decisão de fazer ou evitar esses exames de rastreio. O medo, a ansiedade e até a tendência para priorizar tudo menos o bem-estar podem influenciar de forma profunda a forma como as pessoas cuidam da sua saúde.

Uma das principais razões pelas quais as mulheres evitam o rastreio do cancro da mama é o medo do que podem descobrir. Para muitas, a ideia de fazer um exame preventivo traz à superfície a possibilidade de algo estar errado. O simples pensamento de ser confrontada com um diagnóstico difícil pode ser avassalador. A antecipação de que algo pode estar errado gera tanto sofrimento emocional que o evitamento parece a única saída.

Este comportamento é comum. O medo de enfrentar uma realidade potencialmente dolorosa pode ser tão imobilizador que adiar exames ou até esquecer consultas se torna uma forma inconsciente de autoproteção. No entanto, esse medo é também um inimigo silencioso.

Ao adiarem o rastreio, as mulheres podem estar a adiar a oportunidade de detetar o cancro numa fase inicial, quando o tratamento é mais eficaz, menos invasivo e as chances de sobrevivência são maiores.

Para muitas mulheres, o medo do resultado de um exame está diretamente ligado à ansiedade antecipatória. Este tipo de ansiedade ocorre quando a preocupação com o futuro — com o pior que pode acontecer e a falta de controlo sobre essa situação — se torna tão intensa que afeta a capacidade de agir no presente. A espiral de pensamentos negativos começa: “E se for cancro? E se eu não conseguir lidar com isso? E se a minha vida mudar completamente? E se eu morrer?” Essas perguntas, sem resposta imediata, geram uma sensação de incerteza e vulnerabilidade. E é natural que, quando se sentem vulneráveis, as pessoas tentem evitar a situação que provoca esse desconforto. Neste caso, evitar o exame parece ser a única forma de controlar a ansiedade. Mas esse ciclo de evitamento torna-se difícil de quebrar: quanto mais adiamos, mais aumenta a ansiedade, e mais parece que estamos a fugir de uma realidade que pode ser dolorosa.

Outro fator que muitas mulheres enfrentam é a sensação de que não têm tempo para si mesmas. Entre o trabalho, a família e todas as outras responsabilidades, é fácil usar a falta de tempo como uma ‘desculpa’ para evitar o rastreio. E, na verdade, isso muitas vezes está associado ao medo e ansiedade. Quando as pessoas se sentem sobrecarregadas, parece mais fácil colocar a sua saúde no final da lista de prioridades. Mas a realidade é que, ao adiar o cuidado da sua saúde, estão a criar um risco maior. Cuidar dos outros, do trabalho ou da casa só é possível se houver saúde física e emocional. Por isso, encontrar o tempo para fazer um exame de rastreio é também uma forma de cuidar de quem nos rodeia.

Em suma, as emoções desempenham um papel central na forma como tomamos decisões sobre a nossa saúde. Para muitas mulheres, reconhecer que o medo e a ansiedade estão a influenciar as suas escolhas é um primeiro passo essencial. As emoções, sobretudo as negativas, embora difíceis de enfrentar, são uma resposta natural ao que percebemos como ameaças. No entanto, é importante perceber que a prevenção não deve ser evitada por causa desses sentimentos. Falar abertamente sobre o medo dos exames de rastreio pode reduzir o seu poder. Muitas mulheres evitam exames por pensarem que estão sozinhas no seu medo, mas a verdade é que esta é uma emoção comum e válida. Partilhar esses medos com outras mulheres, amigos ou profissionais de saúde pode aliviar a carga emocional. Quando o rastreio é abordado de forma aberta e com suporte, ele deixa de ser algo assustador para se tornar num gesto de autocuidado.

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