1 – A pessoa errada
Pode ser a pessoa errada por várias razões: porque não sente especial atracção por ele, porque lhe lembra o seu paizinho, porque lhe lembra o seu ex que a trocou pela Sandra Cristina que vendia cheeseburguers numa rulote no Guincho, porque o cheiro dele a repele, porque a sua avozinha acha que ele é um excelente rapaz, porque tem muita conversa mas não sabe onde é o ponto G (nem nenhum outro ponto até ao F, só conhece o ponto U, de umbigo – o dele, claro), porque em resumo: por uma razão ou outra, quando chega a vias de facto, repara que não lhe apetece de facto estar com ele naquela altura e preferia muito mais ir para casa ver o ‘Titanic’.
2 – A razão errada
Porque quer fazer ciúmes ao Paulo Jorge, que não ata nem desata. Porque está farta de ser virgem. Porque está farta de qualquer coisa que não sabe bem o que é. Porque ele a avisou que se continuasse a fazer-de ‘de esquisita’ ele a trocava por outra mais despachadinha. Porque tem pena dele coitado que a aturou dias a fio enquanto você fungava no ombro dele (na camisa nova) e se assoava onde calhava (à camisa nova) quando o (idiota do) Vasco se atirou de parapente do Cabo da Roca para mostrar à Sandra Cristina que a amava (devia era ter-se espetado cá em baixo e esborrachado o, o, o, o cheeseburguer). Tudo isto são péssimas razões. E há outras.
3 – O sítio errado
Estava mesmo à espera disto, não é? Então mas se for com o homem da sua vida não há sítio que possa baixar a temperatura… Até pode, mas eu se fosse a si não arriscava os seguintes sítios: carro/telhado/os pais no quarto ao lado/mesa da cozinha/escadas/elevador, a bem dizer quase todos os sítios que não metam um colchão. As revistas da ‘especialidade’ juram todas que toda a gente já fez tudo isto e há alturas em que um shotzinho de adrenalina pode apimentar a coisa, mas a maioria das mulheres ainda continua a preferir estar num sítio sossegado e confortável em que não se corra o risco de ser interrompida e se possa concentrar no que de facto interessa, sem ter de, enfim, estar constantemente com um olho no burro e outro no cigano… Nota: Se tentar a mesa da cozinha, pelo menos afaste as facas. E cuidado com o que mete na Bimbi.
4 – As expectativas erradas
Se não viu fogo de artifício como lhe prometeram, relaxe: inda a procissão vai no adro. Estamos rodeados de cenas de sexo lindíssimas em que tudo é perfeito (o sítio, as pessoas, a luz, o ‘timing’, as cuecas, não que alguma vez se veja as cuecas, mas de certeza que também são perfeitas) e crescemos a pensar que a realidade é como nos filmes. Antes de se encontrar com alguém, escreva 100 vezes, A realidade não é como nos filmes, a realidade não é como nos filmes (só mais 98 vezes). Se mesmo assim não ficar convencida, também pode escrevê-las a seguir, para se consolar. E pense que, se ele for mesmo a pessoa que lhe faz brilhar os olhos, com boa vontade tudo se resolve. Mesmo que continue a não ser como nos filmes.
5 – O tempo errado
Não, não se está a dizer que olhe lá para fora e se o dia deu em manhoso é melhor ficar a fazer as palavras cruzadas da ‘Caras’. O tempo aqui é o tempo que passa com ele. Se acordar com ele, lavar os dentes enquanto ele toma banho, discutir quem leva as crianças à escola, almoçarem juntos e passarem o tempo todo juntos, às tantas já não é capaz de olhar para a cara dele. Que tal umas feriazinhas a solo de vez em quando?
6 – A rotina errada
Romeu e Julieta ficaram na História como exemplo de casal apaixonado porque nunca chegaram ao ponto de discutir se o dinheiro da conta conjunta era para comprar um carro novo ou para pagar a conta do cartão de crédito em atraso. Os milhares de assuntos práticos para resolver durante a semana arruinam num piscar de olhos os impulsos mais afogueados de qualquer Romeu e Julieta. “Ai ó Luisinho despacha lá a coisa que a Bimbi já deve ter acabado de fazer o gaspacho e eu inda tenho duas dúzias de lençóis para engomar…” Não há sexo que resista… O que é de espantar é como ainda há casais que sobrevivem, especialmente casais com filhos… Mas tente virar a rotina a seu favor: às vezes, saber que se tem sexo num determinado dia a determinada hora até ajuda: a pessoa escusa de passar a terça feira enervada a pensar que devia ir para a cama com o seu Luis Miguel mas que não lhe apetece nada porque está absolutamente exausta. A propósito, o cansaço é a primeira razão para a falta de sexo (ou pelo menos, para a falta de sexo de qualidade). Por isso, o primeiro mandamento para sexo de qualidade é: descanse o mais que conseguir. Ponha as crianças na avó. Depois de um fim de semana a solo, tire um fim de semana a dois…
7 – A conversa errada
Toda a gente passa a vida a dizer que devemos ser honestos, o que é verdade, mas cuidado com o que diz. Se é a primeira vez que está com ele (ou mesmo a segunda, ou a 58ª) convém não aproveitar agora que estão num momento íntimo para lhe confessar todos os seus segredos mais negros. Não aproveite um jantar à luz das velas para dizer: “Olha, ó Zé Manel, antes que a coisa vá mais longe, deixa que te diga que sempre sonhei ter 14 filhos, que arroto todos os dias depois de comer, que ressono que nem a sirene dos bombeiros de Paço de Arcos, que sou ligeiramente vesga do olho esquerdo e tenho hemorróidas crónicas.” Por outro lado, a falta de honestidade também pode arruinar uma noite: se ele não beija tão bem como devia, não sofra em silêncio. Também não é preciso disparar: “Olha lá, ó caramelo, achas que estás aqui a mastigar bife de rena?”Mostre-lhe como gosta. Dê o exemplo. Pode demorar, mas eles aprendem. Ah, e já agora: desligue o telemóvel.