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Há quem viva no computador, quem saia às quinhentas do trabalho, quem seja um fanático da bola, quem não largue os amigos, quem não largue o ginásio… Perguntámos à psicóloga Margarida Vieitez como evitar as armadilhas mais comuns que ameaçam uma história de amor.

Cansada de ver tantos amigos separados, resolvi fazer uma sondagem privada e perguntar às minhas amigas que ainda estavam casadas aquilo que verdadeiramente as incomodava nos maridos. Resultado? Esqueçam o tampo da sanita e a roupa no chão. 80% delas responderam: o que me põe mesmo fora de mim é ele chegar a casa e enfiar-se no computador.

Portanto, já tinha Inimigo Nº1: o Computador. Os outros – o trabalho, o futebol, os meus ciúmes e os dele – vinham a seguir.

Armada de Inimigos Nº1,2,3 e 4, fui bater à porta da Margarida Vieitez, terapeuta de casal e autora de duas ‘bíblias’: ‘Guerra Entre Quatro Paredes’ e o mais recente, ‘O Melhor da Vida Começa aos 40’. Imagine que eu sou casada. Tenho de me defender do quê?

É casada? Tenha cuidado com…       

1 – A rotina – As rotinas dão-nos segurança e ajudam-nos a gerir o dia a dia, mas há rotinas que nos cegam um para o outro. Um casamento não pode ser automático: são as pequenas surpresas que nos salvam. Problema, alerta Margarida: “Os homens têm imensa dificuldade em surpreender as mulheres. Dão-lhes chocolates e muitas vezes elas estão em dieta… Temos de lhes dizer: ‘Quero isto!’ Porque eles dão aquilo que lhes disseram que as mulheres precisam, e que na maioria das vezes não corresponde à realidade.”

2 – A lista de prioridades ao contrário – O namoro e o casamento são relações diferentes. Quando se namora, todo o tempo é dedicado ao outro. Depois de um ou dois anos de casados, parece que têm de descobrir outras coisas mais interessantes do que estarem um com o outro e a relação passa para último lugar. “Isto acontece especialmente com o homem, que ama de forma muito diferente da mulher”, nota Margarida. “Quando casam, para eles a mulher está conquistada. Não quer dizer que a amem menos, mas não têm a mesma necessidade de atenção permanente e de investimento na relação. Eles não têm necessidades emocionais tão prementes como elas, porque elas se centram muito na relação, e eles têm outros interesses. Não quer dizer que não se interessem por elas, mas para os homens a relação está lá, como o carro e a casa.”

3 – Deixar de ouvir – “As mulheres têm necessidade de falar porque ao falarem arrumam os mundos delas em caixinhas, e aquilo ajuda-as a fazer sentido da vida”, explica Margarida. Verbalizando, conseguem encontrar o lugar das coisas e tomar decisões. E eles? “Eles ouvem em total indiferença, ou nem sequer ouvem, que é uma das coisas que mais enerva as mulheres. Eles querem acima de tudo encontrar soluções para a vida das mulheres, e as mulheres muitas vezes não lhes pedem soluções, pedem apenas que eles as oiçam. Isso para eles não é um ‘problema’ a ser resolvido, e portanto não as ouvem. A relação para eles é uma coisa que está ali, e não é preciso fazer mais nada. Vão falar disso para quê?”

4 – Deixar de falar – Muitos casais pensam que assim evitam o conflito, mas mais tarde ou mais cedo a bomba vai explodir. “Não há casais perfeitos, e é preciso entenderem que só através do diálogo podem construir pontes”, diz Margarida. “Claro que as pessoas têm muita dificuldade em dialogar, porque funcionam no registo da culpa e da acusação, e temos a filosofia da desresponsabilização total. ‘Tu é que tens a culpa, tu é que fizeste mal’. “ Temos de aprender a dizer o que sentimos sem culpar o outro. Isto é ainda mais difícil para os homens do que para as mulheres. “Eles têm uma enorme dificuldade em perceber a necessidade que elas têm de falar sobre a relação, sobre aquilo que querem deles. A nós mulheres ensinaram-nos antes de vir para este planeta a linguagem do amor, mas ninguém a ensinou aos homens, e eles não sabem de facto falá-la nem entendê-la. Eles dizem-me, ‘eu faço tudo para a satisfazer e ela nunca está satisfeita!’

Porque as necessidades deles são diferentes. Eu pergunto-lhes o que é que querem e elas dizem, atenção e carinho. E para ele, o romantismo, o oferecer flores, é uma coisa totalmente absurda. Porquê? Porque eles dão aquilo de que eles próprios precisam. E acham que tudo o resto não faz sentido. São só flores…”

5 – Deixar de ter sexo – A cama é onde os homens resolvem muitos problemas. Elas jamais. “Se alguma coisa não corre bem, as mulheres não conseguem ter intimidade porque precisam de um contexto emocional para se entregarem”, nota Margarida. “As mulheres têm uma sexualidade muitíssimo contextualizada, às vezes basta uma palavra para que esfriem. “ E o problema é que os casais não falam sobre a sua sexualidade. Resultado: imensos equívocos que teriam fácil resolução, mas não se esclarecem. “As mulheres queixam-se imenso de que os homens não conhecem o seu corpo, não conversam depois da intimidade, dormem… Eles têm de saber que isso é importante para elas, porque é onde se gera a proximidade. Muitas dizem-me, ‘parece que estou a fazer amor com um boneco’.

6 – Muito trabalho – É difícil não trabalhar demais, mas podem em casa estimular a sua imaginação: jantar no quarto em vez de comer na sala ou na cozinha, dar uma volta depois do jantar…

7 – Uma relação extraconjugal – “Lembro-me de um homem que viajava bastante”, recorda Margarida Vieitez. “Era casado, mas em África tinha uma namorada. Eu perguntei-lhe porquê, e ele respondeu, ‘Enquanto estou com ela, estou em paz.’ Claro que a mulher acabou por descobrir e divorciaram-se. E manteve a paz? ‘Manteve… Mas o estranho é que ele não se queria divorciar! Era cómodo, tinha quem lhe tratasse da roupa, da comida e dos filhos, e depois tinha a paz do outro lado… (risos) E isto continua muitíssimo comum! Principalmente nos homens, as mulheres têm mais dificuldade em manter uma vida dupla, porque se ligam emocionalmente, e quando isso acontece, batem com a porta e seguem atrás do novo amor. Os homens não, porque se ligam primeiro pela via sexual e não veem isso como uma verdadeira traição. E sentem-se muito culpados de abandonar a mulher, mesmo que essa relação não faça sentido nenhum!”

Hoje em dia, por estranho que pareça, ainda temos um preconceito muito grande contra o divórcio. Continuamos a achar que é preciso um motivo muito forte para um casal se divorciar, tipo violência doméstica, ou alcoolismo, ou uma traição. Absorvemos isso dos nossos pais e ainda não nos libertámos. “O facto de as pessoas deixarem de se amar para nós não constitui um motivo suficientemente forte. E os homens, mesmo quando incrivelmente apaixonados por outra pessoa, têm um medo imenso de se separarem e um enorme sentimento de culpa”.

8 – Os ciúmes – Podem ser um tempero na relação, mas quando começam a causar demasiado stresse e se tornam doentios, tem de se colocar limites. Geralmente têm a ver com pessoas muito inseguras, mas isso não pode ser uma justificação: a confiança é um dos alicerces principais de uma relação.

Aprenda a defender-se!

Então voltemos ao marido refugiado no computador noite após noite. A mulher faz o quê? Invade-lhe o Facebook? Não, parece que não… “Tem de conversar e tentar expressar o que sente sem culpabilizar”, ensina Margarida. “Quando ele chega a casa, jantem em conjunto, e se possível não jantar em silêncio, que acontece imenso. As pessoas pouco ou nada conversam. ..”

Portanto, sento-me com ele e digo: quando tu estás ao computador, sinto-me sozinha. “Mas sem culpabilizar, sem dizer, ‘estás sempre ao computador!’, que desencadeia logo um conflito e uma reação de defesa, porque ele vai logo dizer, ‘e tu estás sempre a ver telenovelas!’ ou outra coisa qualquer”.

Problema: para eles, é muito complicado perceberem isto, porque tem a ver com a sua missão na vida. “Eles pensam, eu já trabalhei, já cumpri a minha missão, e agora não tenho de fazer mais nada. Não acham que investir na relação faça parte das missões masculinas.” Temos mesmo que lhes dizer tudo?  “Pois temos. Temos de lhes explicar que é muito importante os dois terem um tempo todos os dias para estarem a dois, para conversarem, para se olharem, para sairem. E esta conversa vale para o computador e para todos os outros ‘rivais’. Os casais não têm noção da importância de terem um fim de semana uma vez por mês só para estarem um com o outro. Quando não se tem apoios, é complicado. Mas nenhuma relação resulta se isto não acontecer. Portanto, têm de decidir que tipo de relação querem: com ou sem sentido. Mas as pessoas estão à espera que o outro lhes dê tudo e não dão nada em troca, e têm grande dificuldade em colocar-se no lugar do outro e em tentar perceber o que o outro sente e quer.”

Conclusão: a ideia é chegar a um compromisso… Podemos e devemos ter os nossos balões de oxigénio, não temos de deixar de ver a telenovela nem de estar no Facebook, não podemos é deixar que isso tome conta da nossa vida e da nossa relação.

TRAIÇÃO: CONFRONTO, FUJO OU FINJO QUE NÃO VEJO?

Imagine que eu suspeito que o meu marido me engana com a colega de trabalho. Que é que faço? “Tem de pensar primeiro no que é que está por trás dessa traição: pode ser uma falha no casamento, pode ser necessidade de adrenalina…  ‘Os meus casos são balões de oxigénio’, dizem-me muitos homens.” Hmmm. Tá bem. Então e o que faço se suspeito de algum ‘balão’? “Ah, as mulheres investigam até terem a certeza. E depois confrontam-nos.” Devem fazê-lo? “Claro que devem.” E como é que fica uma relação depois de uma traição? É possível reconstruir alguma coisa? “Claro que é. Uma traição envolve falta de respeito, sim, mas se os dois quiserem, é possível, depois do desastre, recuperar o que ficou.”

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