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Já é lugar comum afirmar Internet mudou as relações sociais que, em poucos anos, se tornaram mais fáceis, mais rápidas, mais diversificadas. O email, o Messenger e as redes sociais como o Face Book e o Hi5 geraram uma maior agilidade em conhecer pessoas e superar distâncias e inseguranças. Mas, da mesma forma como se dilata o número de casais que se uniram pela Internet, também aumenta o número de situações em que a Internet esteve na origem da ruptura, sendo que, por vezes, estas atingem dimensões trágicas. Falámos com uma terapeuta para saber se o problema está na Internet… ou na cabeça do ser humano!

Casos dramáticos: duas mulheres perdem a vida

Edward Richardson, inglês, tinha 43 anos. A 26 de Maio deste ano assassinou a mulher Sarah Richardson, de 26, no salão de cabeleireiro onde esta trabalhava. Edward ficou perturbado ao descobrir que Sarah tinha alterado o seu perfil no Facebook, de “casada” para “solteira”. Depois de ter morto a sua mulher com uma faca, tentou suicidar-se.

Wayne Forrester, inglês, 34 anos. Era casado com Emma há 15 anos e tinham dois filhos. Era uma relação conturbada e Emma decidiu expulsar Wayne de casa, afirmando que desejava o divórcio. No Facebook, Emma mudou o seu perfil de casada para soleira. No dia 17 de Outubro de 2008, quatro dias depois da separação, Wayne regressou, sob o efeito de álcool e de cocaína, a casa da mulher, onde a esfaqueou no pescoço e no peito. Emma morreu e Wayne foi condenado a pena perpétua.

O que diz a terapeuta: “Um psicopata que tem a intenção de prejudicar, magoar ou de atentar contra o companheiro ou companheira, vai consumá-lo com ou sem Internet. Se não fosse o Facebook, fazia perseguições, andava escondido e possivelmente a história acabaria mesma forma trágica. O problema está no comportamento. A Internet o que faz é facilitar imenso o ciúme patológico, mas não criou problemas novos. Expõe as vulnerabilidades das pessoas e o seu lado mais perverso.”

Controlo “doméstico”: namorada ‘apanhada’ no acto

Pedro tem 26 anos e estuda engenharia informática. Namorava há dez anos com Sara. Há alguns meses, os problemas e as discussões entre o casal subiram de tom. Pedro desconfiou que a namorada lhe podia estar a ocultar alguma coisa e instalou um software no seu computador que lhe permitia aceder às conversas que Sara mantinha no Messenger. Descobriu que Sara iniciara uma relação com um colega de trabalho. Pedro fez questão de os apanhar em flagrante e terminou a relação. Nunca contou a Sara como tinha descoberto, mas acredita que se portou correctamente e com legitimidade. “Fazia tudo de novo. Ela de facto andava a enganar-me.”

O que diz a terapeuta: “Não há legitimidade para fazer isso. É uma ingerência na privacidade da outra pessoa. Além do mais, se a relação chegou a esse ponto é porque existia anteriormente um grave problema de falta de comunicação no casal, que conduziu a que um deles não se apercebesse que algo estava mal. Agora, invadir o computador é o mesmo que entrar numa casa pela janela. Por muitas suspeitas que existam, nada dá o direito de invadir a privacidade. As causas não justificam os meios em momento algum. Se não é o mesmo que subscrever a ideia de que a mulher no Oriente, só porque o marido acha que traiu, pode ser apedrejada até à a morte.”

Insegurança ao rubro “se aconteceu comigo…”

Ana tem 37 anos. Conheceu o marido pela Internet há cinco anos num site de encontros. Casaram e tiveram um filho, mas Ana reconhece que nunca ultrapassou a condicionante de ter conhecido João dessa forma. Por isso, controla exaustivamente o tempo que o marido passa no computador e vê o histórico dos sites que este visita. “Se um dia descubro que ele voltou aos sites de encontro, mato-me!”, garante.

O que diz o terapeuta: “Antes esse tipo de insegurança, que conduzia ao controlo patológico, sucedia, por exemplo, com mulheres ou homens que se envolviam com pessoas casadas e que, depois de estarem juntas, acreditavam que, se o outro foi capaz de se envolver com alguém estando numa relação, pode fazê-lo de novo. No caso da Internet, é apenas mais uma ameaça para quem está inseguro e vista como legítima porque já foi validado no passado. “Se aconteceu uma vez, porque não vai acontecer segunda?”, pensam Mas é claro que não há absolutamente nada que sustenha essa tese. Uma pessoa tem o direito de chamar a atenção caso o companheiro (a) passe muito tempo ao computador, mas não possui o direito de andar a averiguar às escondidas os sites onde anda ou as conversas que mantém no Messager. É o mesmo que abrir a correspondência. Mas atenção: há casais para quem abrir a correspondência um do outro não constitui problema. Depende das regras que cada casal estipula como correctas para aquela relação. Porém, na maior parte dos casos, as pessoas encaram isso como um terreno seu, algo de privado, e é absolutamente saudável que cada um tenha o seu espaço social e mais íntimo. A outra pessoa tem de aprender a respeitar isso, mas para tal é preciso ter confiança.”

“Um ciumento é um ciumento”

“O lado perverso da Internet é que permite um controlo muito eficaz. Mas a história do controlo é tão velha como a história do mundo: tem a ver com a atitude de alguém que acha que, porque tem uma relação, é dona dessa pessoa”, lembra Margarida Figueiredo. É esse sentimento de pose, indiferente a épocas, que encontra na Internet uma nova forma de se manifestar. Se nos tempos das nossas avós se revistavam os bolsos do marido ou da mulher em busca de indícios incriminatórios, com o desenvolvimento tecnológico apenas há novas áreas e meios pelos quais exercer esse domínio. “Quando surgiram os cartões de crédito, maridos e mulheres ciumentas viam os extractos à procura de uma conta no motel. Mas de quem era a culpa? Do cartão de crédito é que não era. Obviamente que criou mais uma forma de controlo, mas não é o cartão de crédito que tem culpa!”, realça a terapeuta.

Não há justificação para o controlo

A Internet é um meio que pode ser tão mal utilizado como bem. A Internet ajuda pessoas com problemas de relacionamento social a conhecerem novas pessoas, porque se sentem protegida atrás de um ecrã. E há histórias muito bem sucedidas de casais que se conhecem dessa forma e criam relações estáveis. Mas há outras que terminam mal, seja porque um dos elementos do casal sofre de insegurança crónica, ciúme patológico ou comete uma traição. Porém, não é a Internet que tem a culpa. Como lembra a terapeuta: “Ser infiel depende apenas da vontade da pessoa. Antes o homem traía com a colega de trabalho. Agora, pode ir a um site de encontros. O mesmo se aplica para a mulher! É claro que é mais fácil. Mas também é mais fácil desde que há telemóveis. Isso facilita o processo, mas não é um catalizador. Sempre houve adultério e vai continuar a existir!”

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