“Nós nunca mentimos. Quando mentimos, é para o bem de vocês. Verdade!”, escreve o hilariante Luís Fernando Veríssimo no prefácio do livro de contos ‘As Mentiras Que Os Homens Contam’ (Dom Quixote). A primeira vítima, conta, é a mãe. Depois evoluem para a namorada, a esposa, a sogra e a amante. E mesmo os mais éticos mentem até para encobrirem os amigos! Será que nenhuma de nós se livra de ter em casa um aprendiz de Pinóquio?
PORQUÊ MENTIR?
Parem de afiar as facas, porque, afinal, eles não mentem mais do que nós. Um estudo de 2002 da Universidade de Massachusets, nos EUA, descobriu que 60% das pessoas, homens e mulheres, o fazem pelo menos uma vez numa conversa de dez minutos e que contam, em média, dois ou três factos falsos. Outro estudo da Universidade de Virgínia provou que ambos os sexos mentiam aos seus parceiros amorosos em cerca de um terço das conversas.
Fazem-no principalmente para ‘dourar a pílula’, exagerando qualidades para conseguirem sexo. Quando uma mulher mente, geralmente fá-lo para não ferir sentimentos ou para evitar conflitos, afirma a psicóloga norte-americana Dory Hollander, autora do livro ‘101 Lies Men Tell Women’ (‘101 mentiras que os homens contam às mulheres’). Rosaura Rodríguez, jornalista e escritora, aponta outra justificação de peso no livro ‘Homens: Nem Machos, nem Mansos, Nem Tansos’ (Edições Quidnovis): há poucas coisas que um homem tema tanto como a raiva de uma mulher. E têm uma tendência natural para a ocultação de sentimentos incómodos, diz ainda. “Se uma mulher ouve um ‘está tudo bem’, deve ter a certeza de que está tudo mal. As mulheres que conviveram com este tipo de mentiras sabem perfeitamente que depois desta fase, mais tarde ou mais cedo, vem o desemprego, o corte, uma mulher 90-60-90…”
NO CONFESSIONÁRIO
Para lhes entender a psique, nada melhor do que cruzar as trincheiras inimigas. Mário, 31 anos, a acabar uma licenciatura na área da Biologia, admite que já mentiu para conseguir o que queria de uma mulher e parece ver o fenómeno como parte da teoria da evolução das espécies. “A maior parte das mulheres já vem ‘equipada’ com um apurado detector de mentiras, aperfeiçoado por milhões de anos de evolução”, ironiza. “Mas têm um problema em separar sexo e amor, e, portanto, uma incapacidade natural para sexo casual. A pergunta fatal surge quando menos se espera: ‘Tens namorada?’ E ele tem de olhar bem fundo nos olhos dela e, sem vacilar, responder com convicção: ‘Não!’ Uma actuação digna de um Óscar!” As namoradas e mulheres quase nunca estão no escuro completo. “Sabem que estão a ser enganadas, mas como nunca se pode ter a certeza absoluta, muitas preferem ficar iludidas do que sozinhas.” Chocada? Nós por cá também…