A frase que remata os contos de fadas deixa invariavelmente em branco os pormenores dos anos que se seguiram à boda. Sim, a Branca de Neve casou com o príncipe, mas quem nos garante que não acabaram a dormir em alas diferentes do castelo? E a Bela Adormecida? Quem nos diz que depois de ter acordado do sono profundo não acabou num tribunal a discutir a propriedade da fábrica de rocas que entretanto abriu com o príncipe marido e que este levou à falência com alegada gestão danosa?
O que não se conta às crianças é que a saga das princesas até chegar ao altar ainda é a parte mais fácil. O mais difícil vem depois: fazer o amor durar sem ficar com vontade de trincar uma maçã envenenada de livre vontade só para pôr fim ao pesadelo. E, no entanto, eles existem: casais por quem as décadas passam sem desgastar os sentimentos. As suas histórias podem não acabar em livros infantis, mas eles vão sendo felizes.
Mais do que deixar o tempo passar, o que é preciso para uma relação passar o teste do tempo? Os casais com relações duradouras são unânimes nalguns pontos que consideram fundamentais. O respeito mútuo e a capacidade para fazer cedências são os principais, mas a compatibilidade de feitios também. E isto não implica que gostem de fazer as mesmas coisas. Mais importante parece ser conseguirem adaptar-se à maneira de ser um do outro e aceitarem os seus gostos e preferências sem stresses de maior.
Conheça as lições que aprendemos com casais que descobriram a fórmula do amor eterno.
Amar-te-ei…e à tua família também
O eleito vem sempre em promoção: cheio de acessórios, como os sogros, e um conjunto imenso de novos familiares por afinidade que você não teve hipótese de escolher. Uma relação duradoura e pacífica implica conseguir gerir toda esta gente de forma serena. Gostar deles é o ideal. Caso contrário, vai ter de arranjar muita habilidade para não ferir susceptibilidades nem dar cabo dos nervos.
Amor, amor, amigos à parte
Claro que não tem de gostar de todos os amigos dele. Mas se não gosta de nenhum torna-se um bocadinho difícil sair com mais gente, e o mesmo vale para ele. Quase todos os casais duradouros mencionam a necessidade de manter círculos de amizades para além da vida a dois. O segredo não é renunciar aos amigos de que o outro não gosta, mas saber administrar o tempo que se passa com eles. Terem as mesmas amizades pode conduzir à saturação, mas deixar as do parceiro sistematicamente de parte também não dá bom resultado.
Sei o que fizeste no Verão passado
A comunicação é um dos aspectos referidos como fazendo parte da equação de uma relação duradoura. É importante conseguir dizer o que precisam, ajustar expectativas e confiar um no outro. Não se trata de contar tudo, até pode ser saudável ter alguns segredos, mas tem de haver honestidade. Desconfianças e ciúmes são desgastantes, podem dar adrenalina mas não há estabilidade que resista.
Marido não entra
É importante ter um espaço próprio onde possa estar sozinha para pensar, descansar ou reflectir. Pode ser um escritório ou apenas um sofá velho onde se costuma aninhar para ler. Tem de ser um local onde ninguém entre, onde ninguém vá mexer e onde não seja perturbada. Um refúgio.
A verdade acima de tudo
Se você sempre quis ser mãe e ele não tem a paternidade nos seus objectivos de vida, então é melhor pensarem bem se querem ficar juntos. Há opções fundamentais de vida sem as quais um ou outro não se imaginam e das quais não são capazes de abdicar. Essas questões devem ser discutidas com honestidade… Não vale a pena ficar à espera que ele mude de ideias com o tempo, porque então mais vale esperar sentada.
Um mundo nosso
É essencial haver um universo criado pelos dois com significado e simbolismo que vá para além dos tempos de paixão inicial, seja uma música preferida ou um filme que ambos adorem.
Celebrar, sempre!
Comemorarem aniversários de casamento. É uma maneira de mostrar que valorizam a relação, mas mais íntimo ainda é celebrar o primeiro beijo, as primeiras férias, a primeira vez que o teste de gravidez deu positivo… Enfim, o importante é haver motivos para celebrar, e quantos mais melhor. Tchim, tchim!
Acordar em discordar
É impossível gostar de tudo o que ele gosta. Seja um passatempo insuportável, como coleccionar escaravelhos, ou uma opção política, haverá sempre pontos em que não irá conseguir convencê-lo a mudar. O importante é perceber que é sempre possível arranjar maneira de contornar a situação sem que ninguém tenha de abdicar das suas convicções. Imagine: ele é um caçador inveterado e você é uma defensora militante dos direitos dos animais. Ele pode, pelo menos, fazer o favor de não pendurar cabeças de veado na sala nem deixar o equipamento na dispensa ou no hall de entrada, e em vez disso guardá-
-lo na arrecadação, por exemplo. Em compensação, você não irá fazer comentários sarcásticos de cada vez que vê o ‘Bambi’ nem fazer a asneira de tentar persuadi-lo a abandonar o hóbi.
Uma questão de gentileza
Ninguém atura muito tempo (ou não devia) uma pessoa que nunca se lembra do seu aniversário e passa a vida a criticar o que faz. Pequenos gestos de atenção fazem muito por um relacionamento harmonioso. Seja uma massagem quando você precisa ou o café feito de manhã, os pequenos mimos são a felicidade no dia-a-dia.
O teste da balança
Imagine-o com mais 10 quilos, agora com mais 20, agora careca… Ainda gosta dele? Então é porque o ama. O mesmo exercício pode ser feito para as marcas do tempo, como as rugas. Os dois irão envelhecer e ver-se envelhecer. Se a perspectiva lhe agrada, é porque o amor tem tudo para durar.
A derradeira prova: a viagem longa de carro
É saturante, longa, estão apertados, com fome, e o rádio está estragado. Aturam-se? Chegam ao destino sem se matarem? Então, muito provavelmente são feitos um para o outro.