1 – Pega-lhe muitas vezes ao colo
Ideia feita: Os bebés vão ficar ‘estragados’.
O que nós fazemos: Francamente, quem conseguir ouvir um bebé chorar e ficar sentadinha tem uma pedra no lugar do coração.
O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS: O que ‘estraga’ um bebé não é o excesso de colo, é a falta dele. Afinal, um bebé andou 9 meses na barriga e não ficou ‘estragado’ por causa disso… “Se um bebé chora, é porque precisa que alguma coisa mude, e geralmente tem saudades dessa proximidade”, diz a pediatra americana Janet Squires, no site www.parents.com. “O colo não estraga um bebé. Há alguns mais sensíveis, que precisam de muito colo e festas, e há os que preferem que os deixem sossegados.” Tente perceber como o seu bebé funciona, mas não deixe de lhe dar colo. Aproveite! Daqui a um ano ele vai querer tudo, menos ficar preso nos seus joelhos.
2 – Não o compreende totalmente
Ideia feita: Uma mãe conhece o seu filho melhor do que qualquer pessoa.
O que nós fazemos: Às vezes, duvidamos. Às vezes, não sabemos mesmo o que lhes passa pela cabeça. Perguntamos “então, a escola?’’, e nada. É tão irritante quando eles não falam!
O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS: Ora bem, os adolescentes (e menos adolescentes…) não respondem por várias razões: 1) Porque estão a pensar noutra coisa; 2) Porque já não valorizam muito a comunicação com os pais; 3) Porque acham que os pais não vão perceber; 4) Porque é um poder que têm, o de não responder, e exercem-no; 5) Porque não aconteceu de facto nada de interessante e isso enerva-os.
Para melhorar a comunicação, talvez seja melhor afastar-se do assunto ‘escola’ ou ‘professores’, que lhes lembra coisas tristes, recorda o site da PBS Parents (www.pbs.org). Faça perguntas fechadas (que não sejam de resposta sim ou não), como por exemplo: Aconteceu alguma coisa divertida hoje? Ainda estás zangado com o João? Ou então, pura e simplesmente não faça perguntas que eles podem entender como invasivas. Converse, conte coisas da sua vida. Protestamos que eles não contam nada da vida deles, mas também não partilhamos nada da nossa…
3 – Deixa-o sair da mesa sem rapar o prato
Ideia feita: Há crianças a passar fome no mundo e portanto ele tem de comer tudo o que tem no prato, para não ficar subnutrido.
O que nós fazemos: Até achamos que sim, e que basicamente era o que devíamos fazer, mas a prática mostra que a única coisa que realmente se consegue ao obrigar uma criança a comer é uma cena de lágrimas escusada, senão vómitos, e a comida que vai arrefecendo no prato…
O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS: Nunca se obriga uma criança a comer. “Não faz mal deixá-los decidir, de acordo com a fome que sentem, se querem ou não acabar o que têm no prato ao jantar”, aconselham o Dr. Oz e o Dr. Roizen, no livro ‘You: Como cuidar do meu filho’. Ou talvez não seja má ideia servir-lhes menos. Dê-lhe só metade do bife ou peça meia dose quando comer fora.” Além disso, pense que é normal as crianças terem menos fome ao jantar, quando estão estafadas e com menos vontade de comer.
4- Deixa-o ver televisão
Ideia feita: A televisão é um perigo para as crianças, potenciando a apatia, a lentidão, a desumanização e a obesidade.
O que nós fazemos: Percebemos a ideia, mas às vezes sabe tão bem ter uns minutinhos em que eles estejam calados e sossegados!
O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS: Segundo as estatísticas, mais de 70% dos bebés com menos de 2 anos já veem televisão, precisamente quando não deviam ver. Para estas crianças, afirma o psicólogo americano Dimitri Christakis, no site www.parents.com, a televisão não tem qualquer valor educativo. “É a altura em que o cérebro está em expansão máxima, e este crescimento acontece como resposta a estímulos exteriores que só acontecem no mundo real, nunca à frente de um ecrã…” De qualquer maneira, comenta ainda outra psicóloga, Jill Stam, diretora do New Directions Institute of Infant Brain Development, em Phoenix: “Sejamos realistas: toda a gente precisa de uns minutos de descanso. Um bocado de televisão não faz mal às crianças, embora também não lhes faça bem.” Um empate técnico, portanto. De qualquer maneira, se ninguém morreu por ver coisas muito más na televisão (que saudades do ‘Barco do Amor’! Lembram-se?) não o deixe completamente abandonado à mercê dos ‘Morangos com Açúcar’. Se não pode ver com ele, depois pergunte o que se passou.
5 – Mima-o
Ideia feita: Mimar as crianças deixa-as insuportáveis, desgovernadas e ‘estragadas’.
O que nós fazemos: São nossos filhos e gostamos de os ver contentes, e além disso já descobrimos que um elogio tem muito mais poder que uma crítica, diga-se o que se disser.
O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS: O mimo nunca estragou uma criança, o que estraga uma criança é a falta de regras, e uma coisa não tem nada a ver com a outra… “A criança tem necessidade da nossa admiração”, alertam os psicólogos Hélène Renaud e Jean-Pierre Gagné, em ‘Como ajudar o seu filho’. A criança que recebe a satisfação dos pais aprende a estar satisfeita consigo própria, o que torna a aprendizagem muito mais fácil. “Pelo contrário, a aprendizagem é muito mais difícil de integrar num meio no qual as expectativas dos pais se traduzem pela pressão, crítica e censura. Por isso, mostre-lhe a alegria que sente apenas pela presença dele na sua vida, e não porque preenche as expectativas que tinha para ele.” Alguma vez lhe disse ‘Sinto-me tão feliz por seres meu filho’? Pois, pode ser kitsch, mas toda a gente gosta de ouvir…
6 – Não faz os trabalhos de casa com ele
Ideia feita: Os pais devem envolver-se no trabalho escolar para que a criança adquira hábitos de estudo.
O que nós fazemos: Bem, é verdade que muita gente anda mesmo em cima das crianças porque acha que é esse o seu papel. Resultado: pais estafados e stressados e filhos a olharem para a parede. Quanto mais andar em cima, menos elas adquirem o hábito de trabalhar sozinhas.
O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS: As crianças devem aprender por elas próprias. “A sociedade de consumo vende-nos uma ideia contrária à necessidade de haver esforço”, defende o psicólogo espanhol Javier Urra, no livro ‘Prepara o teu filho para a vida’. “Vendem-nos um mundo onde o conforto se pode alcançar sem trabalho e esforço. As consequências disto são o conformismo, a falta de desejo, a não valorização das coisas, a falta de entusiasmo e a insatisfação absoluta e permanente.” Ele não se esforça? Então deixe-o aprender com as consequências. Uma bela negativa nunca fez mal a ninguém (a não ser ao ego dos pais).
7 – Dá-lhe uma ordem de vez em quando
Ideia feita: Uma ordem traumatiza as crianças, coitadas!
O que nós fazemos: Às vezes perdemos a cabeça.
O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS: Que de vez em quando não faz mal nenhum mostrar quem manda. Atirar uma bofetada não resolve nada, até aí todos estão de acordo, mas é fundamental que as crianças percebam quem está aos comandos da nave. “É fundamental que estejam numa relação vertical: os pais em cima, as crianças em baixo”, nota o pediatra francês Aldo Naouri. “As mães estão petrificadas na sua angústia e precisam de se libertar. Eu digo que ‘não vale a pena angustiarem-se dessa maneira, ser mãe é muito mais simples do que vocês pensam’. Digo-lhes que não vale a pena viverem preocupadas porque a criança não come, não dorme, ou vai ter ciúmes do irmão. O que eu quero é que a criança seja para os pais uma fonte de prazer e felicidade, e não um foco de sofrimento e angústia. Os pais têm de estar descontraídos e com confiança na sua autoridade serena.”