
Acha que aos 20 anos é que o sexo é bom e que depois de ter filhos a sua vida sexual fica moribunda? Nada mais errado! A sexualidade feminina não é linear, aliás é mais parecida com uma montanha russa. Os altos e baixos sucedem-se e, aos momentos de grande expectativa e adrenalina (uma paixão nova, a descoberta de novos prazeres ou a revitalização de uma relação ‘morna’), podem suceder outros mais calmos que simbolizam a sua fase mais celibatária ou narcisista.
Tudo isto tem mais a ver com auto-confiança, curiosidade, disponibilidade mental e empenho do que com idade
1 – Fase adolescente
‘O amor é tudo’
“Estar apaixonada é um estado alterado. Subitamente a nossa vida está focada noutra pessoa e não suportamos a ideia de estarmos separados.” As palavras são de Michael Moore, autor do livro ‘O Sentido da Alma’, e retratam na perfeição este estádio da vida pelo qual todas as mulheres passam mais tarde ou mais cedo. Em qualquer momento podemos tropeçar no homem que nos faz perder a cabeça, como aconteceu com Maria T. de 35 anos: “Tinha 31 anos quando, finalmente, descobri o que era estar apaixonada. E sim, fiz figuras tristes na rua. Muitos beijinhos, de mãos dadas sempre para todo o lado que íamos. O sexo foi também uma descoberta. Se antes tinha sido bom, nesse relacionamento era simplesmente transcendental. Fazíamos amor tantas vezes por dia que mal nos aguentávamos de pé”.
É verdade que estar apaixonada (e ser correspondida, claro) é algo maravilhoso, mas lembre-se: é uma fase transitória. Se está numa relação há muitos anos não desanime. A euforia dos primeiros tempos de namoro já lá vai mas pode recuperar o romantismo. Há pequenos gestos que se vão perdendo e que fazem com que o casal se afaste física e emocionalmente, por isso, faça o tempo andar para trás: volte a andar de mão dada com o seu parceiro, dê-lhe um beijo sem ele estar à espera: no escurinho do cinema, no jardim onde os miúdos estão a brincar, enquanto ele está a fazer o jantar…
2 – Fase narcisista
‘Sou fantástica’
“Depois de uma relação de dois anos e de um processo de ‘luto’ complicado, não estava virada para grandes aventuras. Até que, um dia, um desconhecido me pediu o número de telefone no metro! Noutra noite, fui a um bar com música ao vivo e o cantor decidiu dedicar-me uma música. Passada uma semana, depois da aula de cardio-fitness, um colega convidou-me para jantar. Foi a fase mais louca da minha vida!” Marta S., 37 anos, confessa que não sabe bem qual foi o catalizador desta mudança, mas acha que teve a ver com o facto de ter apostado mais em si. Cuidou mais da sua aparência, adoptou uma roupa mais feminina e isso fez com que se sentisse mais confiante. Foi o suficiente para que os convites começassem a chover. “Gostava de chegar a um sítio e de saber que os homens viravam a cabeça para me ver”. Se se olha ao espelho e fica desapontada é claro que essa atitude se vai reflectir essa falta de auto-estima. Por vezes, basta dar mais atenção a nós próprias para nos sentirmos mais confiantes, bem dispostas e positivas? E acredite que esta postura é perceptível aos olhos dos outros!
3 – Fase das descobertas
‘Quero explorar novos mundos…’
“Estava grávida de cinco meses, a sentir-me muito pouco atraente, quando eu e o meu marido fomos ver o filme ‘Munique’. A cena de sexo escaldante do protagonista com a mulher gravidíssima fez-me corar no cinema (felizmente estava escuro) mas deu-nos o mote para umas noites muito bem passadas”, revela Eunice B., 33 anos.
Há várias maneiras de despertar a imaginação e descobrir novos prazeres. Entre as fontes de inspiração contam-se, como é claro, o Kamasutra , mas também os objectos que se encontram em sex-shops, (se tem vergonha em visitá-las no nosso país, faça uma visita virtual pela Internet, www.annsummers.com) ou as cenas mais sexy dos filmes. O nosso conselho: desfrute!
“Não censure o conteúdo das suas próprias fantasias num esforço para as tornar normais. O propósito de uma fantasia é precisamente o de escapar à aceitabilidade social presa a regras, politicamente correcta e destruidora de desejos”, lembra Tracey Cox, no livro ‘Supersexo escaldante’, onde também deixa algumas ideias originais para teatrinhos caseiros: ‘patrão e secretária’, ‘ladrão surpreende Bela Adormecida’, ‘médico e enfermeira’, ‘bombeiro salva vítima eternamente agradecida’ são alguns dos cenários que eles mais gostam.
4 – Fase da pressa
‘ Não posso esperar’
Por que deixar para amanhã o que se pode fazer já? Nesta fase não importa o lugar nem a hora. O que impera é a vontade de satisfazer o desejo e tirar o máximo prazer do momento. Em alguma fase da sua vida vai perceber que o tempo é curto e que nem sempre há paciência para os rituais que vemos nos filmes românticos: o banho de espuma a dois (geralmente o tamanho diminuto das banheiras dificulta o romantismo e as poses sensuais), seguido de uma massagem erótica. Por vezes, há que satisfazer o desejo no momento e a sofreguidão ainda aumenta mais o prazer.
“Houve um dia em que tive relações com o meu namorado na casa de banho de um bar! Nunca o tinha feito antes, mas foi então que compreendi que torna o sexo bom não é necessariamente o tempo que se leva a concretizá-lo, mas sim deixarmo-nos levar pelo impulso do desejo”, confessa Helena G., de 27 anos, lembrando a altura em que descobriu o prazer das ‘rapidinhas.’ A perita em sexo Tracey Cox dá algumas sugestões: “têm de ser num lugar pouco ortodoxo, onde nunca (ou quase nunca) tenham sexo; imponham um tempo limite para tornarem estas experiências realmente interessantes – nunca mais de cinco minutos do início ao fim – e lembrem-se: uma rapidinha pode consistir em penetração, sexo oral ou masturbação.”
5 – Fase dos remorsos
‘Se arrependimento matasse…’
Há uma fase na vida das mulheres em que estas se forçam a pisar o risco e a pôr para trás das costas alguns dos limites pré-definidos, muitas vezes para agradar ao parceiro. Sim, porque nem todas temos de ser entusiastas do sexo anal ou das experiências em lugares públicos. Mas ultrapassado o frio na barriga e satisfeito o desejo do parceiro, nem sempre se sente bem consigo própria. Está na altura de resistir ao sentimento de culpa. Arrepender-se das opções faz parte do crescimento individual, por isso não deve ficar traumatizada. Experimentou algo e não gostou? É tempo de aprender a lidar com isso e seguir em frente e para a próxima vez diga não. “Se o pedido dele para a observar a lutar nua na lama com a sua melhor amiga não a atrai, limite-se dizer não… mas deixe claro que está aberta a outras sugestões”, lembra Tracey Cox.
6 – Fase do celibato
‘Mais vale só…’
Saltar de relação em relação nem sempre é o que precisa para encontrar a relação que lhe convém. Por vezes, o melhor é mesmo fazer um retiro espiritual. Mas atenção, não precisa de ficar fechada em casa ou isolar-se do mundo. Que tal apenas afastar-se do sexo oposto durante uns tempos? Ou então limitar-se a vê-los apenas como amigos. A opção pode parecer excessiva, mas há alturas na vida (especialmente depois de mais uma relação fracassada) em que pode ser bastante sensata. O objectivo é claro: pensar na vida e perceber o que fracassou e o que realmente querem. “Quando optei por ficar sozinha após o fim de um namoro de cinco anos, consegui olhar com maior clareza para o que estava à minha volta, definir prioridades e até mesmo a perceber que tipo de homem faz realmente o meu género”, relembra Mónica S., de 42 anos. E vai ainda mais longe: “a ideia de que uma mulher apenas está completa quando tem sexo é um perfeito disparate: acho que isso só nos dá mais tendência a fazermos asneiras e a entregarmo-nos ao primeiro homem que nos aparece só para não ficarmos sozinhas.’
7 – Fase da tranquilidade
‘ Adivinha o que estou a pensar’
Ao fim de algum tempo com alguém, a relação assume um patamar de confiança em que quase não é preciso falar, basta um olhar para perceber o que vai na sua cabeça e adivinhar os seus desejos mais íntimos. É bom ter um relacionamento assim tão cúmplice – em que ele sabe o que lhe dá mais prazer e você sabe o que ele gosta – mas não caia no erro de não inovar de vez em quando. Apimente a sua vida sexual e torne-a mais estimulante. Falta-lhe ideias? Bem, segundo um estudo recente de conselheiros matrimoniais norte-americanos, 80% dos inquiridos indicaram um fim-de-semana fora como a melhor forma de salvar uma relação sexual morna. Do que está à espera?
Siga também o conselho de Tracey Cox: “não se esqueça de pôr na mala roupa interior atrevida, bem como os vossos brinquedos sexuais preferidos, um lenço para se amarrarem, uma venda ou um óleo de massagem.’