*artigo publicado originalmente em maio de 2016
Mulheres com mais de 40 anos contam-nos as lições valiosas que aprenderam para uma sexualidade feliz.
• “Aos 20, julgava que o sexo tinha de ser ‘à filme’ – que os dois têm imenso prazer instantaneamente, que nunca há percalços e que temos orgasmos (e em simultâneo!) passados 5 minutos do primeiro toque. Com essa idade queria ter prazer mas tinha receio de o exigir, estava mais preocupada em dar do que em receber. O oposto do que acontece com os homens dessa idade. Se calhar, por isso é que as minhas primeiras relações não duravam tempo nenhum. Passado uma semana, já não tinha paciência para eles. Gostaria de ter sabido nessa altura que eu tinha direito a exigir prazer e não precisava de me preocupar tanto com as inseguranças relativamente ao corpo.
Outra coisa que aconteceu aos 20 foi ter-me sentido pressionada a agradar – ‘ah, coitado! Gosta de mim, ok, vou para a cama com ele’. O ‘sexo piedoso’ aconteceu uma vez, mas percebi que jamais conseguiria repeti-lo. Esse seria outro conselho que daria a mim própria: o teu corpo e tu merecem mais, não te sujeites a nada! Se um tipo gosta de ti mas não o achas nada de especial, não te deixes pressionar só porque tens pena dele. Essa pena só vai afundar a tua autoestima.”
*Marta M., 44
• “Gostaria de ter sabido que o melhor ainda estava para vir. Com os anos, aprendemos a tirar muito mais partido do sexo. Conheço o meu marido há 30 anos e a cumplicidade e proximidade emocional que conquistámos só aumentou o prazer que retiramos hoje. Não é necessariamente verdade que a rotina mate o prazer, quando estamos há muito tempo com a mesma pessoa. Mesmo o desempenho sexual masculino muda com a idade: tornam-se mais pacientes, carinhosos e a relação só ganha com isso.”
Ana Fonseca, 49
• “Toda a gente diz que é preciso descontrair e que ao longo dos anos vamos aprendendo a relaxar. É treta. Aos 20 gostava de ter sabido que tinha que me esforçar mais, experimentar mais, aprender mais, ser mais criativa, não me deixar molengar. Também gostava de ter sabido que não era preciso enervar-me tanto, porque tudo se resolve; que se alguma coisa não resulta, às vezes a culpa não é nossa (pode ser do chefe dele, dos comprimidos dele, dos filhos, do tempo). Que a química não é necessariamente amor (nem vice-versa). Que há muitíssimas maneiras de se ter bom sexo: com homens ou com mulheres, com pessoas que se ama ou com pessoas que não se ama, lento ou rápido. Que estar a comparar-nos com outros, ou com a versão idealizada da supermulher que achamos que devíamos ser, é do pior que há. Que uma relação muda ao longo dos anos, e que estar à espera que seja sempre a mesma coisa é um tiro no pé.”
*Laura, 46
• “O que ganhei depois dos 40 foi prática e experiência, mas isso também depende muito do nosso parceiro. Não acho nada que a sexualidade seja uma coisa de gente mais nova! Todas as idades podem ter a sua maneira de a experimentar. É claro que com os anos as coisas vão acalmando, entramos mais na rotina, mas aprendi que também é preciso variar, de vez em quando, e esforçarmo-nos para esse lado não se perder.” *Alice, 72
• “Acho que ganhei muito com a idade. Com os anos descobri que o melhor sexo é consequência do amor que sentimos. Sou casada há quase 28 anos e descobri que a sexualidade é mais do que sexo: é a intimidade que vamos criando com o parceiro, o autoconhecimento do nosso corpo que também nasce da forma como nos relacionamos com o corpo dele. A juventude é uma coisa linda, mas tudo se encaixa melhor com a maturidade.”
Luísa Guimarães, 55
• “Com os anos fui perdendo os tabus, a vergonha em experimentar e, sobretudo, em falar abertamente sobre sexo. Hoje falo de tudo com o meu marido: o que me apetece fazer, o que gosto e não gosto…”
Maria Martins, 42
*Nomes alterados