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Imagem: ‘Jesse e os Rapazes’, a série da Fox Life com Zooey Deschanel no papel principal

*artigo publicado originalmente em março de 2015

No cinema, o amor começa da maneira mais surpreendente: por vezes basta um esbarrão na rua para acender a chama. Na vida real, parece que nada começa por acaso e que o Cupido é cada vez mais um fenómeno virtual. Um estudo americano traduz este mesmo fenómeno em números: mais de 30% dos casamentos começam na web. Mas afinal onde e como procuramos alguém? Parti à ‘aventura’ com a missão de descobrir que geração está mais dependente das novas tecnologias para fazer conhecimentos e quais os métodos mais utilizados quando o objetivo é uma relação séria, para a vida, ou apenas um ‘caso de uma noite’. E o resultado não podia ser mais surpreendente!

CONSTANÇA, 33 anos
À conquista no Tinder

Constança é a primeira a dar-nos a resposta. Tem 33 anos, é uma mulher independente e não procura um relacionamento sério, apenas quer conhecer outras pessoas. Para isso, utiliza o Tinder, uma aplicação de encontros online que já tem 100 milhões de utilizadores em todo o mundo. O sucesso pode ser explicado pela forma como as pessoas entram em contacto. Podem escolher se querem conhecer homens ou mulheres, de que idades, e até utilizar a sua localização para definir o raio máximo de distância a que se encontram essas pessoas. E o jogo começa aqui, são-lhe apresentados vários candidatos, que pode, ainda no anonimato, aceitar ou não conhecer. Caso a outra pessoa também tenha dito ‘sim’, a aplicação avisa que aconteceu um ‘match’ (correspondência) e abre um chat onde podem dar início à conversa. “A grande vantagem do Tinder é que escolhemos com quem conversamos e com o ‘match’ já sabemos que existe vontade mútua de nos conhecermos. Coisa que não acontece quando entramos em chats como o Badoo. Já lá tive conta, mas rapidamente cancelei. Qualquer pessoa podia falar comigo e acabava por receber de tudo, desde poemas foleiros a mensagens de pretendentes que não tinham interesse nenhum”, recorda.
E o Tinder tem ainda mais vantagens, como a segurança que Constança diz sentir ao não ser obrigada a revelar os seus dados pessoais, ao mesmo tempo que pode investigar mais sobre a pessoa em questão. “Esta aplicação tem a particularidade de estar ligada ao Facebook, o que me permite obter mais informações, como preferências musicais, se gosta de ir ao teatro… Se percebo que temos gostos em comum é provável que tenhamos mais sobre o que conversar.” E será que resulta? “Já tive uma relação que começou no Tinder. Falámos durante um mês no chat e acabámos por marcar um café. Depois de alguns encontros, e dispensada a aplicação, ainda ficámos juntos quatro meses.” Mas apesar de a relação ter chegado ao fim e de ter tido experiências menos positivas na internet – “já conheci um homem que era casado e que nunca o admitiu” –, Constança não tem arrependimentos. “Continuo a achar que é uma ótima forma de me divertir e conhecer pessoas novas.”

Ana, 41 anos
Encontros de 15 em 15 dias

Ana tem dois filhos e é divorciada. Não utiliza aplicações de encontros, chats ou fóruns. Prefere conhecer as pessoas ao vivo, mas o Facebook conseguiu surpreendê-la. Logo depois do divórcio decidiu alterar o seu estado de ‘casada’ para ‘solteira’ e, apesar dos avisos de algumas amigas, não esperava que tudo fosse tão rápido. “Achava que estavam a exagerar, mas rapidamente percebi que não.” Desde que se assumiu como solteira naquela rede social que não tem sossego. “Ou desligas o chat ou não te largam, principalmente os amigos do teu ex-marido e pessoas com quem já não falas há anos. Parece uma corrida à lebre, para ver quem chega primeiro.” E assim começaram os convites, para jantar, para sair, ir a um bar. De 15 em 15 dias, quando os filhos ficavam com o pai, as saídas eram certas. Saía do trabalho, arranjava-se e ia aproveitar o tempo livre da melhor forma, conta Ana. “Acabava sempre por conhecer pessoas novas. Talvez por isso não precisei de conhecer alguém na Net, tinha sempre convites, era só uma questão de escolher o que me interessava.” De vez em quando fugia da confusão de Lisboa e regressava a Alenquer, onde reencontrava alguns amigos de infância. “Foi bom. No fundo, é quase como se tivesse acabado de os conhecer, pois cada um seguiu o seu caminho e deixámos de ter contacto. A única diferença é que acabas por reviver as fantasias da juventude.”
Esta foi a fase em que mais homens passaram pela sua vida. “Eles sabiam que estava sozinha e que por isso era um alvo fácil. Saber até onde podes e queres ir é o mais difícil, porque a tentação é muita!” Mas nenhum deles ficou. “As pessoas na minha idade têm menos rodeios, mas também não têm tanta graça. Tomam-nos como garantidas, acham que estamos numa fase em que nunca dizemos ‘não’.” Talvez por isso o amor tenha surgido da forma mais inesperada, com um colega de trabalho.

Fátima, 54 anos
Uma ‘cinquentona’ na Net

Fátima está divorciada há 28 anos. Tem três filhos e já é uma avó cheia de histórias para contar. Trabalha num ginásio e a sua elegância e boa disposição tornam bem visíveis os cuidados que tem com o corpo… e a mente. Gosta de sair à noite com as amigas, dançar e divertir-se. “Não vou para a discoteca com o objetivo de encontrar um homem, mas pode acontecer, se conhecer alguém com quem tenha empatia…”, conta, com um sorriso. E já aconteceu, mas não foi muito além de um ou outro encontro.
E foi na Internet que encontrou um homem que parecia perfeito. “Começámos a falar no Clube da Amizade e passados três meses de muita conversa marcámos um encontro. Era um homem gentil, divertido e andámos durante alguns meses. Até fomos passar férias juntos.” Só que o convívio acabaria por revelar que o par ideal não era, afinal, tão ideal assim. Fátima conta que terminada o que chama de “fase de campanha”, tudo mudou. “Ele continuava a falar com pessoas no Clube da Amizade, mesmo estando comigo, e por vezes a infidelidade emocional poder ser bem pior do que a traição física.”
Fátima diz que nunca teve uma má experiência na Internet e que fez muitos amigos, com quem ainda fala. No entanto, está consciente dos perigos que existem e conta-nos o caso de um amigo que conheceu uma mulher no Meetic e teve uma enorme deceção. No primeiro encontro deu de caras com uma senhora bem mais velha, que até já andava de bengala.
Fátima não está propriamente à procura de uma relação séria. Confessa que se tornou escrava da sua liberdade e que agora não se imagina a viver com alguém, o que não quer dizer que não goste de conhecer pessoas novas. “Posso passar um fim de semana com um homem, ir a um motel, mas juntar as escovas de dentes é que não. Tenho algumas amigas que pensam exatamente o mesmo, já outras sentem muita falta do carinho e da companhia diária. Mas eu tento explicar que podemos ter tudo isso sem ter que partilhar o mesmo espaço.”
Agora está mais desligada das redes, mas continua a conhecer pessoas, quer seja na praia ou no ginásio. Como gosta de dizer, “o físico atrai, mas a personalidade apaixona”.
E Fátima está sempre disposta a fazer de Cupido, com bons resultados no currículo: “Apresentei uma amiga ao pai dos meus filhos e ainda hoje estão juntos.”

Margarida, 21 anos
Ao vivo e a cores

Apesar de serem mais dados à tecnologia, são os mais novos que dizem conhecer menos pessoas na Internet. É na noite que fazem as suas conquistas. Apesar de não ser fácil, conta Margarida. “Encontrar um namorado na noite é uma raridade. Na verdade tudo começa e acaba ali e nem existe uma troca de contactos, pois não dou o meu número a uma pessoa que acabei de conhecer.”
É aqui que as redes sociais entram em jogo, dando seguimento ao potencial romance que começou na saída noturna. “Se ele ficou interessado em ti, facilmente te encontra no Facebook através do nome e acaba por te adicionar como amiga e fazer ‘gostos’. Esta é uma das formas mais comuns dos rapazes meterem conversa”, adianta Margarida, estudante universitária, que admite não adicionar pessoas que não conhece, já que é da opinião de que “os desesperados é que andam à caça no Facebook”. Primeiro tem que conhecer a pessoa ao vivo e só depois é que a relação pode passar para o plano virtual. Um primeiro encontro na Net está fora de questão. “Acho que as coisas surgem de forma natural.” Mas não é qualquer sítio que serve para Margarida conhecer rapazes novos, a escolha é criteriosa. “Sei que o tipo de pessoas que vou encontrar depende do tipo de discoteca a que vou.” Nesta altura já estava eu convencida de que as aplicações e sites de encontros eram utilizados apenas por quem tinha mais de 30 anos e pouco tempo, e paciência para socializar. Quando numa pesquisa na Internet descubro o Bang With Friends, uma aplicação em que selecionamos com quem gostaríamos de fazer sexo. Qual é o meu espanto quando através de um link me aparece uma lista com os meus amigos do Facebook (todos na casa dos 20) que utilizam esta app. Corri para o telemóvel e quis saber como tudo acontecia. A resposta foi sempre a mesma: “Só instalei porque imensa gente falava nisso, mas nem cheguei a utilizar.” Hummm…
No final das conversas, fiquei com uma certeza. Com ou sem Net, parece que se confirma: quem procura acha, seja lá o que for…

Encontros em rede

Sites e aplicações que descobrimos na nossa pesquisa.

BANG WITH FRIENDS: Esta app nasceu no Facebook e permite escolher com qual dos seus amigos gostaria de ter sexo. Se essa pessoa também a escolheu a si, vai receber um email onde é informada que aconteceu um ‘Bang’. É uma forma simples e direta de ‘convidar’ alguém para um encontro físico. Já conta com um milhão de utilizadores, de entre os quais resultaram 50 mil encontros.

TINDER: Uma aplicação criada nos EUA que se propõe juntar duas pessoas com base nas avaliações que se faz das fotos dos candidatos. Se eu der ‘sinal verde’ à foto de uma pessoa e for correspondida, é-me enviado um aviso que houve um ‘Match’ e é aberto um chat que nos permite conversar.

CLUBE DA AMIZADE: É um site de encontros português, que permite pesquisar numa base de dados através de palavras-chave, como ‘homens que procuram mulheres em Lisboa’.

BADOO: Funciona como um rede social em que criamos um perfil – com fotografias, localização e interesses – e em que que vamos adicionando pessoas. A partir daí tudo é possível. Também podemos pagar para ficarmos no topo dos resultados de pesquisas realizadas por outros utilizadores.

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