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Eram 10 horas da noite e Maria* já estava de pijama quando Erik*perguntou se podia vê-la. Ele voltava de comboio das férias e apanharia o autocarro para a sua cidade natal na estação que ficava perto da casa de Maria. Ela vestiu um agasalho por cima do pijama e desceu, sem se maquilhar. O primeiro encontro durou só 20 minutos, o intervalo de tempo entre a chegada do comboio e a saída do autocarro de Erik.

Maria foi viver na Suécia em abril de 2017. Ainda não tinha muitos amigos e foi através de uma sugestão dos colegas de trabalho que viu uma forma de conhecer pessoas e treinar a língua. Criou um perfil no Tinder no mês de agosto. No mesmo mês, houve ‘match’ com Erik, com quem conversou pelo chat durante três semanas. Na altura do primeiro encontro, aquele dos vinte minutos, os dois já sabiam quase tudo um sobre o outro.

“Acho que ficou mais fácil. Se não houvesse aquelas semanas de conversa, acho que não me sentiria à vontade. Como falávamos todos os dias e trocávamos muitas fotos das coisas que estávamos a fazer, senti que foi natural,” diz-nos sobre o atual namorado.

Um primeiro encontro dos tempos modernos. Foi através da aplicação que Erik deu o primeiro passo, mas já com a vantagem de ter a aprovação de Maria garantida. Não beijar no primeiro encontro, o homem é quem paga a conta, a mulher deve fazer-se de difícil, sexo só depois do terceiro encontro, a mulher não deve tomar a iniciativa… Maria é contra as supostas regras. Sobre o primeiro beijo, disse que “os dois tinham vontade, mas foram só vinte minutos”. Em casa, as contas são todas divididas: “não espero que ninguém pague as minhas coisas”, diz.

Segundo o psicólogo e sexólogo Tiago Lopes Lino, as ‘regras’ são coisa do passado. “Tem a ver com a independência que as mulheres estão a conquistar, o que é muito bom, mas muda a forma como eram os relacionamentos.” O especialista ainda diz que são os homens que têm maior dificuldade em lidar com esta mudança. “Na sedução, homens gostam dos desafios, mulheres extrovertidas e atraentes. Mas depois acham que não é mais preciso seduzir e criam regras para manter o controlo.” Tiago conclui que “é preciso aceitar que homens e mulheres são seres independentes. A assimetria no relacionamento não é saudável. Há regras muito necessárias de bom senso e respeito, mas não podemos querer mudar o outro.”

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As novas regras para os relacionamentos virtuais

Com o amor na era da internet, a regra geral é que já não existem regras. Afinal, é impensável registar-se numa aplicação de encontros e não tomar a iniciativa ou fazer-se de difícil. Para a psicóloga e terapeuta familiar Cláudia Morais, “homens e mulheres recorrem às aplicações com os mesmos objetivos. Não faz sentido diminuir-se, ambos têm o mesmo valor. As aplicações ajudam a acabar com as diferenças.”

Carolina Santos, de 27 anos, não beijou o namorado no primeiro encontro. Mas não foi por estar presa às ‘regras’ de antigamente. A timidez está presente até na forma como fala daquele dia, com a voz baixa e num ritmo excitante. “Sempre tenho aquela dúvida, nunca tenho certeza absoluta se ele quer ou não, se eu tomo a iniciativa ou não. Sou meio envergonhada, não sei como ele pensa. Preferi ficar na minha.” Neste ponto, ter conhecido o atual namorado através do Tinder fez tudo ficar mais fácil. Carolina assume que fez a escolha com base na foto, mas depois de conversarem durante uma semana através da aplicação perceberam que tinham outras coisas em comum, e marcaram o primeiro encontro pessoalmente. “Ele deu a ideia de encontrar um dia que fosse melhor para os dois e nós saímos. A primeira impressão foi muito boa, era a mesma pessoa ao vivo.”

Pode já não haver regras de relacionamento, mas para encontrar quem se procura nas aplicações de namoro, sem dúvida existem algumas táticas.

Tiago Lopes Lino destaca que aplicações como o Tinder ainda não são tão populares e nem bem vistas para encontrar um companheiro em Portugal. Como alternativa, o especialista cita as agências matrimoniais, que juntam pessoas com perfis compatíveis.

“A vantagem é que a pessoa preenche um cadastro mas depois tem entrevistas onde são feitas perguntas para corroborar ou não com o perfil apresentado. Algo que não acontece nas redes sociais, não há ninguém para checar.”

Para uns, as aplicações de relacionamentos podem não ser muito confiáveis, mas para outros, podem ser o caminho para encontrar um amor. No caso de Maria e Carolina, deu certo. Fica ao menos uma resposta: a internet foi mais eficaz que qualquer uma das regras de antigamente.

* nomes fictícios

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