De acordo com o El País, um em cada quatro casais já decidiu dormir em camas separadas. Tudo isto porque, apesar de estar perto de quem amamos ser visto pela maioria como reconfortante e carinhoso, a verdade é que também envolve cenários menos românticos. Desde ressonar a dar pontapés ao companheiro, tudo pode acontecer.
Perante as evidências, vários especialistas concordam que passar a noite em camas ou mesmo quartos separados pode ser benéfico para a qualidade do sono. “Se tivermos ao lado alguém que faça algum ruído, que se mexa, que abane muito as pernas ou que ronque, passaremos de um sono mais profundo para um mais superficial. Durante a noite não vamos notar, mas sim no dia seguinte, quando tivermos a sensação de não ter descansado bem”, explica Eduard Estivill, fundador da Clínica do Sono Estivill.
A psicóloga Francina Bou tem uma perspetiva igualmente interessante: “Dormir como casal é algo que não se faz com mais ninguém. É um ato de intimidade no qual são trocados abraços, carícias ou conversas no fim do dia. É um espaço único e exclusivo de calor e proteção. Mas não deixa de ser cultural. Há muitos outros atos em um casal que criam essa intimidade”.
Mas a verdade é que, inevitavelmente, se se dorme em zonas separadas, surge a sensação de que é porque o casal enfrenta problemas na relação. E isto é, simplesmente, “um estereótipo“, de acordo com a sexóloga Ana Fernández. A verdade é que dormir em camas separadas pode mesmo trazer vários benefícios à relação – se descansamos melhor, também nos iremos sentir melhor e tal refletir-se-á na forma como lidamos com o nosso parceiro.
Segundo Estivill, 30% da população tem problemas relacionados com o sono, sendo que muitos deles acabam por interferir com o sono da pessoa que têm ao lado. Além disto, casais que trabalham por turnos enfrentam também esta dificuldade, bem como pessoas com hábitos de lazer distintos – quer seja dormir de luz acesa ou apagada, ou ver televisão até mais tarde. E todos estes pormenores são facilmente resolvidos com a separação de espaços de sono para cada um.
Mas como chegar a um acordo? Primeiro, não devemos “interpretar essa decisão como uma rejeição“, afirma Bou. Caso uma das partes não concorde, pode tentar-se desenvolver um horário. Por exemplo, sugere a psicóloga, no início da semana, quando é precisa mais energia para o trabalho, dormir em camas separadas e, mais para o final da semana, voltarem a dormir juntos. Esta “transgressão” da norma pode até ser entusiasmante para o casal.
De acordo com o El País, 38% dos casais britânicos que tomaram a decisão chegaram mesmo a dizer que as relações sexuais melhoraram. “O sexo transcende a cama. Os casais que costumam ter uma vida sexual mais rica usam outros lugares: a casa de banho, a cozinha, o sofá…O principal inimigo é a rotina e, nesse sentido, dormir separados pode servir para estimular a surpresa”, refere Bou.
Acima de tudo, esta deve ser uma decisão tomada em conjunto, tendo em conta as mais variadas componentes da vida do casal – desde os horários de trabalho, aos horários de escola dos filhos ou, simplesmente, à vontade de cada um. E experimentar não custa, certo?