Fazer scroll nas redes sociais até se perder a noção do tempo não é necessariamente um fenómeno novo. Mas os contornos atípicos de 2020 alteraram profundamente este ‘pequeno prazer’, bem como os efeitos que ele pode ter no bem-estar geral.
Agora, um fluxo de informações negativas invade constantemente os nossos feeds, quer sejam as últimas atualizações sobre a pandemia ou imagens de injustiças raciais, e este novo hábito de consumo até já tem um nome: “doomscrolling”.
❝ Doomscrolling: A tendência de continuar a navegar ou fazer scroll em más notícias, apesar de serem tristes, desanimadoras ou deprimentes.
— Merriam Webster
Pense no “doomscrolling” como ser intolerante à lactose e, mesmo assim, decidir consumir imenso queijo — sabe que não é uma boa ideia, mas não consegue evitar. A grande diferença é que em vez de levar ao desconforto físico, esta escolha pode afetar a saúde mental. “Coloca a mente numa espiral descendente de ansiedade e negativismo, e este ciclo é difícil de quebrar”, explica a psicóloga Nina Vasan à revista “Shape”.
Causas e Consequências
A especialista acrescenta que muitos caem nesta tentação porque, neste momento, passam demasiado tempo em casa e sem as atividades que normalmente os mantêm afastados dos telemóveis e dos computadores ao longo do dia. “As redes sociais parecem ser a única forma de estarmos conectados com o resto do mundo”. Para além disso, há a ‘armadilha’ da informação, visto que estas plataformas oferecem atualizações praticamente em tempo real daquilo que se passa no mundo.
“Procuramos mais certeza e controlo numa altura que, para muitas pessoas, é a mais caótica das suas vidas. Há uma sensação de que algo positivo está apenas a um clique de distância, portanto procuramo-lo constantemente. Em vez disso, somos bombardeados com cada vez mais informações negativas”, afirma a Dra. Vasan.
Essa procura incessante pelo controlo acaba por ter um efeito contrário ao pretendido, deixando sentimentos de descontrolo e tristeza. Isto pode ser particularmente problemático para quem já sofre de depressão ou ansiedade. Para reverter este cenário, as recomendações passam por evitar navegar nas redes sociais pela manhã e antes de ir dormir.
“As primeiras horas da manhã, especialmente logo após acordar, dão o mote para o resto do dia, portanto se começar a fazer ‘doomscrolligng’, está a preparar o cérebro para captar mais negatividade”, esclarece a profissional de saúde. “Fazê-lo antes de dormir também é prejudicial, porque a mente é ocupada com conteúdos negativos e torna-se mais difícil adormecer”.
Veja, abaixo, cinco outras formas de quebrar o mau hábito do “doomscrolling”.