O dia de ontem, 19 de setembro, foi inevitavelmente marcado pelo funeral da rainha Isabel II. O mundo parou para assistir ao último adeus à monarca, mas as atenções acabaram por recair no príncipe George, de nove anos, e na princesa Charlotte, de sete, filhos de William e Kate de Inglaterra. Embora a imagem dos pequenos príncipes nestas últimas cerimónias fúnebres encerre em si mesma, simbolicamente, a continuidade da monarquia, muitas vozes questionaram a validade da presença das crianças e o impacto que esta experiência poderá ter nelas.
Neste tema, há uma grande divisão. Para alguns especialistas, é positivo as crianças irem aos funerais porque, desta forma, despedem-se dos seus entes queridos e aprendem a vivenciar o luto, sem criarem fantasias ou medos. Aqui o papel dos pais ou dos cuidadores é fundamental, já que é importante conversar com a criança e explicar-lhe que aquele momento é de despedida, uma vez que a pessoa partiu. Convém responder de forma honesta às perguntas da criança, adaptando sempre o discurso à idade da mesma. Para estes especialistas, falar da morte de forma natural pode evitar medos futuros.
Porém, há também psicólogos que defendem uma abordagem diferente e que acreditam que explicar à criança a partida do ente querido basta para ela entender a situação. E que convém protegê-la das imagens das cerimónias fúnebres. Eduardo Sá, psicólogo clínico, falou sobre isso num episódio do podcast “Porque Sim Não É Resposta”. “Não acho que seja uma mais-valia as crianças estarem num funeral e não acho que se ganhe tanto quando os filhos acedem ao lado mais violento da vida e percebem que mesmo as pessoas que mais amamos se constipam e se vão embora sem sequer se despedirem. Há tantas imagens mais preciosas para se guardarem do que aquelas que são trágicas. As crianças não conseguem perceber porque é que as pessoas não são fortes o suficiente a ponto de as abandonarem. Às vezes reagem com tanta dor que aos olhos dos pais parecem indiferentes. As crianças sofrem tremendamente com a perda e ficam muito agradecidas quando têm uma mãe ou um pai a fazer guarda-chuva e a protegê-los destes momentos”, sublinhou.