Normalmente, somos nós a lançar desafios aos entrevistados, mas desta vez fomos nós a ser postas à prova. Durante um mês mudámos hábitos profundamente enraizados no nosso dia a dia ou ainda decidimos criar outros, mais saudáveis. Pelo menos, tentámos…
Mais ainda que na passagem de ano, os meses depois das férias de verão, trazem uma nova onda de boas intenções. Entre mergulhos e bolas-de-berlim, prometemos deixar o açúcar, fazer exercício o ano inteiro, ler mais e ver menos televisão à noite… Este ano, a redação da ACTIVA decidiu não ficar pelas boas intenções e passar à ação.
E nem sempre somos o exemplo de boas práticas democráticas. Que o diga Patrícia, empurrada para o ginásio à força, depois de uma vida sedentária que nunca a incomodou particularmente. Já Catarina não precisou de ajuda para dificultar a sua própria vida. Ainda lhe sugerimos que passasse a beber mais água, mas ela preferiu levar água ao seu moinho: comprou o passe Navegante e começou a vir de Lisboa para Paço de Arcos de transportes, desafio que veio a dar-lhe água pela barba. Foram 30 dias (ou mais) por vezes difíceis, com muita contestação (e gargalhadas) à mistura, agora aqui relatados numa espécie de desabafo público.
Aqui fica o testemunho da nossa assistente editorial, Eugénia Serrasqueiro. O próximo episódio sai daqui a uma semana.
“Deixar de ver televisão no quarto à noite, antes de dormir. Para mim, era um verdadeiro desafio. Eu costumo adormecer tarde. Até me posso deitar por volta da meia noite, mas depois só adormeço lá para a uma, uma e meia. E ficava a ver televisão até essa hora. Às vezes obrigava-me a apagar a luz porque senão ia até às duas e meia! Decidi fazer este desafio por mim, mas também pelo meu marido, que não gosta de ver televisão no quarto e para ele era incómodo. Era eu a dizer: ‘só mais um episódio…’ e ele a dizer: ‘vá, desliga a televisão…’
Mas uma das razões porque ganhei esse hábito foram os zumbidos nos ouvidos: precisava de chegar mesmo àquele ponto em que estava quase a dormir para apagar a televisão e aí já não me incomodavam a ponto de me deixarem acordada. A primeira semana, curiosamente, não me custou muito porque parti um dedo do pé e com as dores e a medicação estava meio grogue, nem me apetecia ver nada e não tive dificuldade em adormecer. Mas na segunda semana começou a custar mais. Decidi ler, mas se é um livro que me entusiasma muito, lá estou eu outra vez de vigília até às tantas: só mais uma página… e agora só mais outra… E tinha o meu marido a pedir para apagar a luz… Então resolvi que quando fosse para a cama ia mesmo para dormir. Lia um bocadinho, um livro menos absorvente.
E comecei a notar que o meu sono se tornou muito melhor! Quando adormeço, adormeço mesmo, e passei a dormir a noite toda seguida, coisa que antes não acontecia.
Por isso, resolvi continuar para além do prazo. E até os zumbidos, que me faziam muita confusão, já não me incomodam e consigo ‘desligar’ deles. Outra coisa que melhorou foi a minha hora de acordar: agora durmo quase mais uma hora, é incrível! E acordo bem disposta, com energia… E o mais engraçado é que naquela segunda semana pensei: ‘ah, eu depois acabo isto e volto aos meus hábitos.’ Mas não! A diferença foi tão notória que não me apetece voltar atrás. E para o meu marido este desafio foi a melhor coisa que lhe aconteceu! Eu cheguei a pensar arranjar uma daquelas lanternas dos mineiros para ler sem o incomodar, mas agora estamos na paz dos anjos…”