Sair com elegância da sua empresa pode ser fundamental para a sua carreira porque, em muitos casos, a última impressão é a que fica. Faltas de respeito, não avisar o chefe da saída dentro dos prazos legais e deixar trabalhos a meio podem ser fatais para o seu curriculum. A fim de evitar precipitações, leve em linha de conta algumas regras de conduta que preparámos especialmente para si e que podem ajudá-la a minimizar os estragos na hora da partida.
ESTÁ A SER PERSEGUIDA
Se está há anos sem ser promovida nem aumentada, não é incumbida de tarefas relevantes nem convocada para reuniões, deve ficar des obreaviso. O quadro fica ainda mais negro se o seu trabalho está sempre a ser criticado e ainda mais se for recorrentemente desautorizada perante subordinados, mas fica verdadeiramente insuportável quando todos os seus esforços e sugestões são ignorados e o chefe até evita cruzar-se consigo.
O que fazer – Não espere que as relações se degradem e tome providências porque a paciência tem limites. Quando o ambiente de trabalho é desgastante e confrangedor, mais cedo ou mais tarde, vai transformar-se numa pessoa amarga e irascível criando à sua volta uma imagem errada de si. Mexa-se para arranjar um novo posto de trabalho (quando se está empregada é mais fácil) e marque uma reunião a sós com o seu chefe.
Como actuar – Quandoo problema reside exclusivamente no mau relacionamento com o seu chefe, não deixe a corda esticar até ao limite. Para a maioria das pessoas, diferenças de personalidade e de opiniões inviabilizam a boa convivência profissional. Sempre que isso acontece, fale só de trabalho para não entrar em litígio, mas se mesmo assim não conseguir evitar o confronto, converse com o chefe e sejas incera: diga-lhe que está preocupada e que gostaria de melhorar o ambiente de trabalho. Alguns chefes gostam desta subserviência por necessidade de afirmação.
Na saída – Se chegarà conclusão que a sua saída da empresa é a única alternativa, tem duas opções:espera que a despeçam ou negoceia a sua rescisão do contrato. Normalmente a segunda hipótese é melhor para manter o curriculum limpo e também muito menos desgastante. " A saída por mútuo acordo implica quase sempre uma indemnização em função do tempo de serviço negociada entre a entidade patronal e o trabalhador", informa Eduardo G., responsável pelo Gabinete de Recursos Humanos de uma grande empresa. Nestes casos, é o próprio chefe – aliviado com a sua saída – que costuma dar boas referências de si ao futuro empregador. E nunca se esqueça: Por mais que tenha sido perseguida e injustiçada, nunca saia do seu emprego a espumar e muito menos aos gritos com ninguém. Reserve os comentários para os amigos.
A GOTA DE ÁGUA
As razões para isso podem ser as mais variadas e diferem de pessoa para pessoa, porém os sintomas são comuns à maioria dos mortais: desmotivação, cansaço e nervosismo permanente, que se manifesta quase sempre com atitudes de cólera e palavras furiosas para o chefe e também para os colegas. Ir para o local de trabalho deixa de ser um prazer para se transformar numa verdadeira dor de cabeça.
O que fazer – Não espere que a situação bata no fundo para procurar outra colocação até porque, nessas condições, o seu desempenho, a sua saúde mental e a maneira de lidar com os outros podem degradar-se tanto que corre o risco de ser demitida e até de criar inimizades para o resto da vida. "O pior é que quem está saturado, tem tendência para agarrar a primeira oportunidade de mudança que surge no seu percurso, fazendo, quase sempre, péssimas escolhas", adverte Eduardo G. O ideal é dispor de algumas horas por semana para procurar novo emprego, ou tire uns dias de férias para se dedicar a tempo inteiro a isso, mas não fale do assunto com ninguém e muito menos com os seus colegas de trabalho.
Como actuar – Se tomou mesmo a decisão de abandonar o seu emprego, não entre em detalhes sobre os motivos do seu descontentamento, pois, nessas situações, os mais instalado spodem não concordar com as suas razões e a sua franqueza pode criar alguns ressentimentos que acabam por ser prejudiciais para si. Antes de partir, diga ao seu chefe que a experiência foi gratificante e muito enriquecedora do ponto de vista humano e profissional, mas que deseja dedicar-se a outros projectos para diversificar o seu trabalho e assim poder desenvolver outras capacidades.
Na saída – Se estiver prestes a sair do seu local de trabalho sem ter outro garantido, não revele isso a ninguém e muito menos ao chefe, pois ficará clara a sua extrema insatisfação ou então vão pensar que é uma irresponsável. Lembre-se que a melhor altura para tomar uma decisão destas é entre Outubro e Maio, porque nos meses de férias normalmente não se admite ninguém. Depende naturalmente das empresas, porque as que trabalham com o turismo têm no Verão a sua época alta. Esforce-se por conseguir uma colocação rapidamente porque para além dos inevitáveis prejuízos financeiros, ficar vários meses em casa não é recomendável para o curriculum nem para o bem-estar emocional de ninguém. Como o mercado de trabalho não está fácil, se isso lhe acontecer, aproveite o período de férias forçadas para fazer cursos intensivos de línguas, de reciclagem profissional ou para lhe redireccionar a carreira.
MUDAR PARA MELHOR
Melhor salário e funções mais estimulantes aguardam por si dentro de poucos dias mas isso não é desculpa para largar os projectos que tem em mãos, deixá-los a meio e passar o resto do tempo na empresa a falar do seu novo emprego e das enormes vantagens que a troca lhe vai trazer.
O que fazer – Antes de desatar a falar do seu novo emprego com os colegas informe primeiro o seu chefe. O segredo ainda é a alma do negócio, por isso resista à tentação de falar das coisas antes de tempo.
Como actuar – Mesmo que tenha decidido aceitar o outro emprego, não deixe transparecer que a decisão está tomada. Não perca a oportunidade de sublinhar o quanto lhe agrada o que está a fazer, embora possa comentar que está sempre aberta a novas propostas. Assim a troca poderá ser entendida, quer pelos colegas, quer pelo chefe, como uma nova experiência para a enriquecer profissionalmente. E nunca se esqueça de dizer que só vai trocar de emprego porque recebeu uma proposta irrecusável.
Na saída – Se optar pela mudança, evite fazer comentários sobre as vantagens do novo emprego e muito menos criticar a empresa actual. Os seus colegas vão continuar ali e podem considerar as suas observações desajustadas e grosseiras. No novo emprego nunca fale mal do anterior porque se o fizer é vista como alguém pouco confiável, além de estar a desvalorizar a sua própria história profissional. Se o seu cargo for de chefia, evite levar pessoas da antiga empresa para a nova porque isso será considerado antiético pelas duas.
Regras Gerais
Qualquer que seja o motivo da sua saída é aconselhável:
· Se o seu contrato de trabalho tem mais de seis meses, deve avisar o seu chefe sobre a sua demissão com 30 dias de antecedência. "Se o contrato for superior a dois anos, o aviso deve ser feito dois meses antes da sua saída. Claro que estes prazos podem ser diferentes se forem acordados no momento da rescisão", sublinha o mesmo responsável dos Recursos Humanos.
· Enquanto estiver no emprego, esforce-se por cumprir os horários e terminar o trabalho que tem em mãos, não deixando tarefas incompletas para os outros. Se estiver nomeio de um longo projecto, prepare relatórios sobre o andamento do trabalho e ofereça-se para informar correctamente o seu substituto.
· Não descuide a aparência e não perca o sorriso. Os outros não têm culpa que as coisas não lhe estejam a correr bem.
· Quando se desvincular da empresa não se esqueça de transferir as moradas para evitar visitas desnecessárias ao antigo local de trabalho para ir buscar o correio. A experiência ensina que quem volta parece sempre arrependida e pouco à vontade com a situação.
· Tente recolher os seus pertences e esvaziar a mesa ou o seu gabinete de trabalho fora da hora de expediente. Sem ninguém por perto é menos constrangedor.