“As pessoas trabalham, hoje, muito mais horas, debaixo de mais pressão e com menos gente. As consultas de psicologia dispararam desde Junho de 2008 – mais 20% – e, nos últimos três meses, as queixas relacionados com trabalho – ou a falta dele – subiram 50%. As pessoas queixam-se sobretudo de muita pressão, de não serem valorizadas, de não terem tempo para a vida pessoal e de conflitos com os colegas.”
Por tudo isto, a autora neste seu mais recente livro propõe soluções para que o trabalho deixe de representar uma fonte de angústia. Falámos com ela quando da sua passagem por Lisboa e descobrimos algumas das mais importantes.
“Em Portugal e Espanha temos uma produtividade baixa. Passamos, em média, mais uma hora no trabalho que os nossos homólogos europeus mas perdemos muito tempo”, diz a psicóloga. “Fizemos estudos com empresas onde os funcionários saiam às sete da tarde e percebermos que, com uma melhor gestão de tempo, poderiam sair às quatro. Em lugar da produtividade diminuir, aumentou.” Mas, mesmo quando se está sobrecarregado de trabalho, há soluções que nos libertam:
. Aprenda a delegar tarefas, se tem um cargo de chefia;
. Simplifique: não perca tempo com perfeccionismo desnecessário;
. Livre-se dos ‘colas’ que vêm à sua secretária meter conversa; combine um café com eles no tempo livre;
. Realize listas de tarefas e prioridades diárias;
. Fixe horários de começo e final de reuniões de trabalho para que não se estendam indefinidamente;
. Atenda apenas telefonemas urgentes;
. Feche a caixa de e-mail e marque uma hora para ler e responder;
. Fixe sempre uma hora de saída; se não o fazer, terá a tentação de arrastar mais as tarefas;
. Seja pontual.
2. Não se deixe envenenar pela inveja dos colegas
É uma das principais queixas nos consultórios espanhóis, segundo a psicóloga. “Sobretudo em empresas muito competitivas, onde há gente ambiciosa, que não se importa de mentir ou armadilhar outros para alcançar objectivos. Gera uma insatisfação tal na pessoa que a sente, que o organismo está sempre sob tensão e tem um desgaste tremendo”, diz-nos. “As pessoas que sentem inveja acabam por desenvolver doenças e é das coisas que mais dificilmente se cura. Não invejam aquilo que os outros têm; invejam que sejas feliz e isso não se compra. O invejoso deixa a sua felicidade nas mãos dos outros, essa é a sua grande tragédia.” Ao lidar com um invejoso:
– Não responda a provocações;
– Controle as suas emoções; nunca perca a calma;
– Não responda às perguntas que não quer responder;
– Não modifique a sua forma de agir e trabalhar mesmo que a pressionem.
3. Aprenda a desligar quando sai do emprego
“O stresse é a segunda causa de baixa na Europa, sendo as dores de costas a primeira. Está provado que produz uma série de reacções fisiológicas adversas: enxaquecas horríveis, úlceras e dores de estômago; o stresse baixa as defesas imunológicas – há mesmo quem desenvolva processos de cancro depois de etapas de stresse intenso.” Para bem da nossa saúde, vida profissional, pessoal e sanidade mental, María Jesús reforça a ideia de que é preciso desligar assim que saímos do emprego:
. Não leve preocupações de um sítio para outro; corte com elas no preciso momento em que surgem;
. Se não conseguir fazê-lo não terá energia mental para a resolver questões importantes;
. Lembre-se que há outras áreas da sua vida tão ou mais importantes que o trabalho; divirta-se e aproveite-as ao máximo;
. Não chegue mais cedo ou saia mais tarde do emprego por sistema.
4.Não fique à espera que o chefe lhe dê valor
“É lógico gostarmos que ele o faça, mas não devemos esperar isso para nos sentirmos bem”, aconselha a psicóloga. “Poucos são os chefes que sabem valorizar as pessoas com quem trabalham. Muitos subiram na carreira mas isso não significa que saibam dirigir pessoas. Temos de nos sentir bem em função da nossa auto-valorização, mesmo que tenhamos um chefe mal-educado, agressivo e que nunca nos dá valor.” O problema vem detrás: somos ensinados, desde pequenos, a esperar pelo reconhecimento alheio para nos valorizarmos e termos autoconfiança. “Esse é um dos grandes erros da educação: o nosso bem-estar não pode depender dos elogios dos outros por que assim estou sempre nas mãos deles.”
5. Treine a assertividade
Dizer ‘não’ por sistema retira-lhe credibilidade profissional. No extremo oposto, estão as pessoas que não conseguem negar nada que lhes peçam. Essas são ‘carne para canhão’, segundo María Jesús: “São facilmente identificáveis e depressa terão chefes e colegas que se aproveitarão disso. Não saber dizer ‘não’ é estar nas mãos dos outros.” Mas como dizer não às pressões, em época de crise? “Com inteligência emocional para que isso não nos custe o emprego”, brinca. Ou seja, é preciso ser assertivo. “Uma pessoa assertiva escuta muito, observa bastante e estabelece com cada pessoa a estratégias de comunicação adequadas. Quando dizemos um ‘não’ absolutamente lógico e coerente, é impossível rebater os nossos argumentos. O importante é que seja claro e contundente, mas não agressivo.” Olhar nos olhos, com ar sério, evitar expressões como ‘não insistas, por favor…” são alguns dos truques aconselhados.
6. Quando é hora de mudar
“Está na hora de sair e seguir em frente quando nos apercebemos de uma atitude humilhante para connosco, quando tentam que renunciemos aos nossos valores ou quando há uma grande diferença entre aquilo que empresa diz e faz e que promove grandes injustiças. Mas sempre tentando estar bem connosco antes de começarmos a trabalhar noutro sítio.”