Fala-se em ler as mãos e a primeira coisa em que pensamos é nas ciganas que nos abordavam na rua e com um tom persuasivamente sinistro, diziam ‘anda cá menina para te ler a sorte’, e nós o que ouvíamos era ‘se não vens cá, lanço-te um feitiço menina’.


Enfim, dois quarteirões depois o efeito passava e a razão assumia o controlo do cérebro. A quiromancia não tem apoio científico. Pois, as bruxas também não, mas que as há, há. Tolice. Basta pensar nos manetas que continuam com o destino nas mãos apesar de não as terem. Sim, mas onde há fumo há fogo, diz o povo e os famosos também. Pelo menos os que entraram no livro de Zila ‘Linhas das Mãos dos Famosos’ [Ed. Europa América], como Vítor Baía, Toy e Fernando Póvoas, e este é médico. É nesta altura que batemos com a cabeça num poste e decidimos ir aprofundar o assunto.

Primeira lição: a quirologia e a quiromancia são duas coisas diferentes. O prefixo ‘quiro’ vem do grego e significa ‘mão’, ‘logia’ é estudo e ‘mancia’ é adivinhação. Assim, a quirologia é o estudo ou conhecimento obtido através da mão e a quiromancia é a arte de prever o futuro através da mão. A diferença é subtil, mas traduz uma abordagem diferente, tanto do lado da oferta como da procura. O povo quer saber o futuro e pergunta a um oráculo, os eruditos buscam o autoconhecimento e veem o quirólogo como uma espécie de psicólogo. Caso para dizer ‘diz-me o que perguntas, dir-te-ei quem és’, ou seja, praticamente meia leitura feita antes de se estender a mão.

Do lado da oferta, a técnica também é diferente. Se a quirologia interpreta as características reais da mão, a quiromancia apoia-se sobretudo nas faculdades mediúnicas de quem ‘lê’. Neste caso, a mão é usada apenas como suporte para a adivinhação, mais ou menos da mesma maneira que uma bola de cristal.


Enfim, como a mediunidade não é para quem quer mas para quem pode, ficamo-nos pela quirologia, que, além do autoconhecimento, tem potencial para animar um jantar mais mortiço ou fazer amigos no elevador da empresa.

VAMOS POR PARTES

Não se sabe bem quem primeiro se terá lembrado de olhar para a palma da mão e relacionar linhas e formas com o destino humano. Certamente alguém com as mãos desocupadas, é o que poderemos supor. China, Índia e Egito são apontados como civilizações fundadoras, tudo sem certezas.

Mais certo é que existiram ao longo dos tempos inúmeras tradições de leitura de partes do corpo, como a reflexologia, que vê o mapa do corpo humano na planta do pé, ou a iridologia, que analisa a íris com fins terapêuticos. "Potencialmente, qualquer parte do corpo nos pode dar indicações úteis sobre a totalidade de um ser humano. A partir de uma célula podemos fazer outro ser humano igual. Por que não usar as mãos como referência?", questiona o astrólogo e quirólogo José Prudêncio. Bem, nada como experimentar. Se Aristóteles, Newton, Napoleão e Einstein se interessaram pelo assunto, nada como aprender o significado dos símbolos e testar a fiabilidade da arte em mão própria.

NÃO ESTÁ TUDO ESCRITO

Apesar de a quirologia permitir ‘ler’ o passado, o presente e o futuro, nem tudo está escrito. O livre-arbítrio também molda o destino e as linhas da mão podem alterar-se ao longo da vida.

Há elementos que nunca mudam. Quem tem uma mão quadrada com dedos pequenos e rechonchudos não pode esperar acordar um dia com dedos de pianista, temos características estruturais. Também não vale a pena ficar deprimida. Somos complexos e é normal termos indicadores contraditórios, é por isso que não se pode interpretar nenhum símbolo isoladamente.

A visão de conjunto é o que faz um bom quirólogo.

DEDO NA FAMA

O apresentador Fernando Alvim vive no mundo da lua, é inteligente, tímido e inseguro e está sujeito a perdas financeiras. O nutricionista Fernando Póvoas tem tendência para o colesterol. É impressionante o que podemos saber dos famosos através da quirologia. Muito mais do que numa entrevista, é certo, a não ser que o jornalista tenha umas luzes de quirologia ou leia o livro de Zila.

Depois de começar é impossível parar. Saber que Fernando Póvoas tem o dedo de Saturno virado para o dedo de Apolo e que deve abrir outra clínica aos 57 anos; que o Manuel Luís Goucha pode sair da TVI para se dedicar à política aos 57 anos; que a Marina Mota tem grandes capacidades literárias ainda escondidas do público e que entre os 49 e os 50 tem marcado um casamento por amor é como ler uma revista ‘Caras’ do futuro.

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