Através de uma plataforma suavemente inclinada acede-se ao pátio da entrada, delimitado por um banco, de onde é possível apreciar demoradamente a envolvente natural. O acesso ao interior faz-se através da cozinha, concebida em open space com a área de jantar e a sala de estar. O ateliê Appleton Domingos Arquitectos criou assim um amplo espaço social, com três zonas distintas mas em pleno diálogo. Os armários da cozinha, térreos e suspensos, acompanham o perfil horizontal da janela, sendo prolongados por uma bancada, que enquadra a mesa de refeições, e por uma estante suspensa, decorada com livros, que faz a ponte para a sala de estar. Delimitado por um pano de vidro, o módulo comum culmina num pátio, com perfis de madeira branca.
O outro módulo acolhe dois quartos, um de casal e outro para crianças ou hóspedes, podendo também funcionar como escritório, e uma casa de banho. “Uma parede de correr, em contraplacado de bétula, possibilita uma grande versatilidade, criando duas vivências, uma diurna, outra noturna, consoante a sua posição. De dia, a porta de correr posiciona-se de modo a permitir que a sala de estar se estenda para o segundo dormitório. De noite, desliza para encerrar o quarto, garantindo a privacidade e o acesso independente dos dois dormitórios à casa de banho”, nota a arquiteta.
Com uma área total de 66m², a casa é constituída por dois módulos pré-fabricados, inteiramente construídos e equipados em fábrica, em cerca de um mês, que depois são transportados e instalados no local, demorando a montagem aproximadamente duas horas. “A estrutura principal da TreeHouse Riga é composta por pilares e vigas em kerto, utilizado também na estrutura secundária dos pavimentos e da cobertura. As paredes, exteriores e interiores, são constituídas por uma estrutura de peças de madeira maciça. Em toda a estrutura secundária são fixas placas de OSB, que servem de suporte aos diversos materiais de revestimento. Os elementos estruturais são ligados através de conectores metálicos sympson, que unem também os módulos entre si. A estanquidade da cobertura plana é assegurada por um sistema de telas aderidas”, adianta Isabel Domingos.
Pelo exterior, o revestimento é feito através de réguas de madeira maciça de riga, que formam uma parede ventilada. Quanto ao deque, é executado em réguas de thermowood. No interior, a casa mantém o aspeto branco, em paredes, tetos e armários. Em tom natural, o soalho, em madeira maciça de riga, a parede de ligação dos diversos espaços e as portas, em contraplacado de bétula.
“Compacta e flexível, a casa pretende dar resposta à procura de habitações de área reduzida, para uso particular ou em hotelaria. A eficiência do desenho da tipologia, associada à escolha dos materiais e às soluções construtivas, permitiu a criação de uma casa confortável, amiga do ambiente e acessível a diversos públicos”, argumenta a arquiteta. A TreeHouse Riga está a ser comercializada pela empresa Jular, por valores que oscilam entre os 44 e os 53 mil euros, dependendo das opções pretendidas.
“Em Portugal, ainda existe um preconceito cultural em relação às casas pré-fabricadas, que provavelmente está associado a experiências de baixa qualidade desenvolvidas no século XX, bem como à importação de modelos pouco adequados à paisagem e à realidade nacionais. O que temos vindo a fazer com a Jular mostra que é possível associar a construção modular em madeira a um desenho contemporâneo, competente e de elevado desempenho. Pretende-se um controlo de qualidade na execução e na conceção das casas, que as aproxime de um produto de design industrial, com todas as vantagens inerentes”, finaliza Isabel Domingos.