O gabinete de arquitetura FREAKS freearchitects teve como missão o desenho de interiores da loja da marca de cosméticos naturais Heliocosm, localizada na rua Herold, em Paris. O programa consiste principalmente na mesa de trabalho, de grandes dimensões, sobre a qual os clientes são convidados a fazer os seus próprios cosméticos com base em ingredientes naturais, claro que com a orientação de profissionais da área.
O orçamento era reduzido, em oposição à área (100m²) a ser intervencionada. Como tal, o projeto foca-se numa só característica espacial: o impressionante comprimento da loja, com quase 20 metros. Os arquitetos concentram-se assim nas duas salas, a primeira e a última, ligadas por um túnel revestido a madeira que serve de mostruário, equipado com prateleiras e armários, incluindo, ainda, o acesso à casa de banho e uma vitrina extra. Este túnel é, sem dúvida, a peça-estrela da loja.
A cor eleita para o espaço, e em contraste à calidez da madeira, é um azul-esverdeado, designado “menta fresco”, aplicado no chão, paredes e teto, envolvendo os clientes numa sensação refrescante e surpreendente, a lembrar mar e céu. A perspetiva do final da loja é reforçada pelo painel de grande escala com uma paisagem de montanhas e um lago, deslocando a loja para uma realidade paralela. Esta área, a rematar o espaço, funciona como lounge e é utilizada para sala de espera, onde se servem cafés e chá. A totalidade do mobiliário provém de lojas de segunda mão e feiras de rua, por forma a que a atenção dos visitantes não se detivesse tanto sobre o equipamento de design, mas antes na experiência confortável que a loja proporciona.
Os três arquitetos envolvidos no projeto (Guillaume Aubry, Cyril Gauthier e Yves Pasquet) privilegiam, por norma, a pesquisa e as experiências estéticas através de projetos e práticas diretamente ligadas ao processo construtivo. Muito embora a maioria dos seus trabalhos se concentre em França, a equipa tem vindo a inspirar-se em cidades tão díspares e distantes entre si como São Francisco, Tóquio, Beijing, Berlim ou Istambul. “Estas experiências, nalguns casos ocorridas em cenário de caos urbano, permitiram-nos familiarizarmo-nos com um vocabulário arquitetónico fácil de replicar.”