Com um dos percursos mais conceituados na área da ourivesaria nacional, Maria João Bahia é a autora de obras importantes como o relicário que o Patriarcado de Lisboa ofereceu ao Papa Bento XVI, em 2010, ou de troféus como os Globos de Ouro.
A joalheira lançou, hoje, uma mini-coleção cujos lucros se destinam, na integra, à Fundação ‘Realizar Um Desejo’, afiliada portuguesa da Make a Wish Internacional. A missão desta instituição é realizar desejos de crianças e jovens entre os 3 e os 18 anos, com doenças graves, progressivas, degenerativas ou malignas. Uma iniciativa solidária, inaugurada hoje na loja da designer na Avenida da Liberdade (onde estas peças podem ser encontradas).
Falámos com Maria João Bahia a propósito desta missão solidária e da sua carreira preenchida.
. Porque decidiu criar estas
peças para a Make a Wish? Contactou a instituição, conheceu algum caso em
particular?
Infelizmente
conheci um caso muito doloroso. Mas este projecto foi um convite que me foi
feito e que muito me honra.
. Porque decidiu doar os lucros
integrais da venda e não apenas uma parte, como fazem grande parte das marcas e
artistas?
Porque o mais importante é termos a Graça de Deus para
termos saúde e a Sua bênção. Com saúde, trabalho, vocação, criatividade, e amor,
podemos dar um pouco do que temos para tornar a vida dos outros mais feliz.
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A que tipo de mulher se destinam? Ou falamos de peças transversais, em
termos de gostos e faixas etárias?
Destinam-se a todos e a qualquer idade. Qualquer pessoa pode
usar um destes colares, mulheres, crianças e até homens.
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A estrela à qual se pede um desejo foi a sua inspiração para esta coleção solidária. Se pudesse fazê-lo agora, o que pediria?
Como católica que sou, que Deus me continue a acompanhar.
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A Maria João é também a criadora de peças como o troféu Mulher Activa.
Qual é, para si, a importância de criar peças de joalharia que estejam ao
serviço de causas sociais?
É um privilégio. É uma honra poder criar, com o meu trabalho,
peças que homenageiam o trabalho de pessoas, que se dedicam a criar um mundo
melhor. É a maior alegria que se pode ter.
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É também uma das mais reconhecidas criadoras de troféus para prémios nacionais
tão importantes como os Globos de Ouro. Quais os requisitos
para se criarem peças deste tipo que sejam marcantes?
O meu objectivo quando crio estes prémios é não só enaltecer
os valores nacionais, como enaltecer os valores e as características de cada
prémio em si. No caso dos Globos de Ouro, são sem dúvida valores nacionais que
nos dão uma identidade própria, uma vez que vão homenagear pessoas que se
distinguiram em variadas áreas da cultura, do desporto, da moda etc.
. Numa época de crise, qual é o papel da ourivesaria e dos materiais nobres com que esta arte trabalha?Numa época de crise temos que, através do nosso trabalho, mostrar o que melhor sabemos fazer, quer no nosso País quer no estrangeiro. É isso que tenho feito. Fiz muitas exposições no estrangeiro ultimamente.
. A
ourivesaria continua a ser um ofício maioritariamente masculino ou já existem
mais mulheres como a Maria João a criar as peças?
Como em todos os negócios, as mulheres, hoje em dia, já
trabalham em todas as áreas. Somos cada vez mais e trabalhamos tão bem
quanto os homens.
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Há diferenças entre as criações masculinas e
femininas em ourivesaria?
Para mim sim. Basta vermos a anatomia de cada um. Contudo
existem joias que podem e devem ser usadas tanto por homens como por mulheres.
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Quem é o cliente típico que passa na sua loja da Avenida da Liberdade e o que
procura?
Como sabe Portugal é cada vez mais um destino de turismo de
excelência. Por isso, cada vez temos mais e melhores turistas. Tenho muitos
clientes estrangeiros, mas não nos podemos esquecer que em Portugal há sempre
portugueses que querem marcar momentos das suas vidas com uma joia que faça
história.
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Um dos seus projetos extra ourivesaria é a criação da Associação Espaço
Público. Porque decidiu criá-la e quais foram os grandes desafios com os quais
se deparou?
O objectivo é a dinamização cultural da Avenida. Voltar a
dar à Avenida da Liberdade as características que tinha no século
passado. Torná-la, novamente, um verdadeiro passeio público.
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É a Maria João que cria as joias que usa – até o seu anel de noivado foi feito
por si – mas… existe alguma joia com a qual sonhe?
Isto é um privilégio que tenho,
porque o que sonho nessa área, posso torna-lo real. E, muitas vezes, o meu
marido oferece-me! Não acha que tenho muita sorte?