
A dilatação-torção do estômago é uma síndrome caracterizada pela dilatação aguda do estômago do cão, por vezes seguida de torção de 90º a 360º. Se o esvaziamento gástrico não se processar normalmente, a dilatação do estômago pode ser seguida de uma rotação, associada a uma relativa lassidão dos ligamentos de fixação deste órgão ao abdómen.
Ocorre uma perturbação ao nível da circulação sanguínea local, uma diminuição da pressão arterial, bem como a rápida instalação do estado de choque. Esta situação agrava-se pela acumulação de gases resultantes da fermentação do conteúdo gástrico, pela libertação de toxinas produzidas por alguns órgãos e, ainda, pelo ar ingerido junto com o alimento ou durante as tentativas infrutíferas de vómito. Esta patologia é uma verdadeira emergência veterinária, sendo que se não se realizar uma intervenção cirúrgica atempadamente as consequências são, frequentemente, fatais. A cirurgia realizada designa-se gastropexia e consiste na sutura do estômago à parede abdominal. Esta cirurgia é também realizada de forma preventiva, para evitar a síndrome de torção de estômago.
Como ocorre a torção?
O estômago duplica facilmente o seu volume. Em cerca de 1/3 dos casos, a dilatação provoca distensão do abdómen.
O estômago dilatado é arrastado pelo próprio peso e faz rotação no sentido dos ponteiros do relógio. A maioria das torções não atinge níveis superiores a 180º.
Quais são os sintomas?
Os primeiros sintomas incluem agitação, tentativa de vómito e salivação abundante, podendo surgir na sequência de uma refeição abundante antes ou depois de uma atividade física intensa.
Quais são as principais causas?
As causas precisas para a ocorrência desta síndrome ainda não estão bem definidas, mas foram identificados diversos fatores predisponentes. A ingestão de um grande volume de alimento, numa única refeição, uma velocidade de ingestão excessivamente rápida e croquetes com dimensões muito pequenas, são fatores de ordem alimentar que favorecem a dilatação-torção do estômago. O stress relacionado com o meio ambiente e a ingestão de uma grande quantidade de ar (aerofagia) podem também potencializar o risco, assim como a realização de exercício intenso ou ingestão de uma grande quantidade de água após a refeição.
A síndrome de dilatação-torção do estômago é observada com maior frequência em cães de raças grandes e com uma caixa torácica profunda, tal como o Rottweiler, uma vez que o estômago está mais livre no abdómen e movimenta-se mais facilmente. Os machos com mais de 2 anos, sobretudo se possuírem um temperamento ansioso, são um grupo em maior risco.
Como se pode prevenir?
A prevenção desta síndrome pode ser feita cumprindo algumas regras alimentares, das quais se destacam:
· Dividir a dosagem diária do alimento em 2-3 refeições;
· Administrar croquetes com maiores dimensões, com forma e textura adaptadas, para promover a mastigação e reduzir a velocidade de ingestão;
· Escolher um alimento com elevada densidade energética, o que permite diminuir o volume da refeição e evitar a sobrecarga gástrica;
· Disponibilizar água em pequenas quantidades, mas diversas vezes por dia;
· Evitar distribuir o alimento imediatamente antes de sair, de forma a poder vigiar a digestão do animal;
· Evitar a competição com outros cães durante as refeições;
· Colocar o comedouro um pouco acima do nível do chão, evitando colocá-lo num local demasiado elevado;
· Evitar qualquer situação de stress inútil antes, durante e após a refeição do animal.
Em relação ao exercício, este não deve ser realizado após a refeição, devendo esperar pelo menos três horas para que ocorra o esvaziamento do estômago. Durante o exercício devem disponibilizar-se apenas pequenas quantidades de água.
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