Mas alguns estudos científicos recentes vieram apresentar evidências muito interessantes sobre como funciona o cérebro canino, no que toca a processar a relação com os seus amigos bípedes,
Cientistas da Universidade de Emory, nos EUA, treinaram cães para se manterem quietos em máquinas de ressonância magnética, e usaram estes aparelhos para medir a resposta neurológica dos animais ao cheiro de humanos e de outros cães, ambos os grupos integrando indivíduos conhecidos e desconhecidos. O olfato é essencial na forma como os cães processam o mundo à sua volta, por isso, a equipa de investigadores partiu da premissa de que esse sentido teria algo a dizer-lhes sobre as formas de interação social canina.
A pesquisa concluiu que os animais preferem o cheiro dos seus donos e que este ativa o centro de recompensa nos seus cérebros. Os cães dão-lhe mesmo prioridade acima de outros cheiros potencialmente importantes, como os da sua própria espécie.
Um outro estudo, de uma universidade romena, citado pelo site Mic.com, quis medir a resposta de cães e humanos a diferentes tipos de sons emitidos por ambas as espécies – vozes, suspiros, ladrar ou outro tipo de vocalizações emitidas por outros cães. Descobriram que, em ambos, a parte do cortex cerebral dedicada ao processamento auditivo fica mais ativa em resposta a sons alegres. Attila Andics, um dos responsáveis pela pesquisa, explicou ao Mic.com que os cães interagem socialmente com os donos de uma forma muito similar à dos bebés humanos para com os pais, recorrendo a eles sempre que estão com medo ou preocupados (sim, leu bem: preocupados). Gatos ou cavalos tendem a fugir, quando confrontados com essas situações.
Andics recordou ainda estudos feitos na última década, que mostram que os
cães são o único animal não primata que procura contacto visual direto com humanos, apesar de não o fazerem com os seus progenitores biológicos. Os seus primos mais próximos, os lobos, não o fazem, nem mesmo quando são domesticados. Segundo Andics “a relação com os humanos é muito mais importante para os cães do que para outros animais domésticos.”
No entanto, outras reações que parecemos ‘ler’ na expressões caninas, como aquele olhar de ‘culpa’ quando fazem disparates, devem-se apenas à tendência humana de lhes atribuirmos emoções que reconhecemos em nós, mas que podem não significar o mesmo para os cães. Esse aparente ‘sentimento de culpa’ implicaria uma noção de autoconsciência que eles, muito provavelmente, não possuem, concordam os especialistas em comportamento animal.