A vulnerabilidade feminina faz parte do nosso encanto – e pode mesmo ser direccionada a favor de cada uma. De qualquer forma não devemos (nem podemos!) evitá-la completamente.
Até as mulheres mais belas, elegantes, poderosas e perfeitas não estão livres de os seus planos irem por água abaixo, de um desgosto, de verem falhar um projecto em que se empenharam de corpo e alma ou de um valente coração partido. Sentir as coisas inteiramente – boas ou más – faz parte de uma vida intensa. Não é possível nem saudável ser um exterminador de saias. O que é mau é admitir certas dúvidas perante os outros, alimentar macaquinhos no sótão ou fazer as perguntas erradas. É que por vezes, a forma como se raciocina (e se fala) faz a diferença entre levar as situações com dignidade ou fazer de tapete; entre sentir-se confiante ou parecer um ratinho; entre levar uma ideia adiante ou deixá-la ficar na gaveta; ou mesmo entre falhar e ser bem sucedida.
É surpreendente como com tanta evolução se retrocedeu em alguns pontos importantes; pontos que as nossas avós, com muito menos liberdades, saberiam resolver com mais estilo e outros em que não cairiam sequer. Tendo as mulheres de hoje mais opções, têm também mais hipóteses de errar. C´est la vie…mas por vezes uma perspectiva diferente ajuda.
1 – “Este vestido faz-me…(gorda/escanzelada/sem graça/etc)”?
Péssima pergunta para dizer em voz alta – principalmente à cara metade. Que um homem não sonhe as suas inseguranças (pelo menos a maior parte delas, vá). Eles são, com todo o respeito, macaquinhos de imitação e se ouvem uma mulher dizer que temancas assim ou uma barriga assado, podem começar a reparar em coisas que nunca lhes tinham passado pela cabeça. E se lhe tiver calhado um cavalheiro com feitio arreliador, está bem arranjada: ele pode começar a puxar do assunto para brincar consigo e você não vai achar graça nenhuma. Passe a comparação, já viu alguma marca anunciar os defeitos dos seus próprios produtos? Pois, todos nós somos marcas.
Em última análise, porque é que há mulheres que fazem isto? Muitas é pelo vício maçador de pescar elogios. Diminuem-se a ver se lhes dizem no contrário, o que até na adolescência é deprimente. Alguém pode ser sincero (ou parvo) e confirma “sim, faz” e depois como é que se fica? Pois.
Solução: se uma roupa deixa lugar a dúvidas, uma mulher cala-se bem caladinha e vai vestir outra. No máximo, guardam-se essas perguntas para sua mãe, uma amiga verdadeira ou um personal stylist capaz.
2 -“Mas porque é que eu aturo isto?”
Pergunta correcta: “Até quando é que eu aturo isto?”. E depois começar a pensar num plano B. Ou C.
3- “Terei coragem?”
Pergunta correcta: “Quando é que eu começo, a ver se despacho o assunto de vez?”
Se começou uma empreitada e se preparou para ela é porque lá no fundo sabe que é capaz de a levar até ao fim. Além disso, quanto mais depressa fizermos as coisas que tememos, melhor. Ou como dizia o meu primo que é um grande filósofo “quanto mais depressa comermos a sopa, mais depressa nos livramos dela”.
4 – “Será que fiz bem?”
A hesitação – principalmente depois do mal feito, que é uma coisa totalmente inútil – é um grande defeito feminino. Se agiu conforme o instinto lhe ditou e as circunstâncias permitiram é óbvio que fez bem, que remédio. Assim como assim já não pode voltar atrás, portanto não vale a pena matar neurónios a pensar se a minha avó não morresse ainda hoje era viva. Next!
5 – “Foi alguma coisa que eu disse? Será que ele ficou a achar assim e assado?”
A sério? Quer mesmo gastar o seu tempo (e dar com as suas amigas em doidas) a analisar uma pessoa tão complicada, que a deixa com tantas dúvidas? Quando um homem está mesmo interessado nada o detém – é biológico. Além disso, homens a sério não fazem jogos. O que é que importa o que um doidivanas pensa ou deixa de pensar? Provavelmente ele não é capaz de decidir o que quer para o almoço, quanto mais coisas de adultos… e uma mulher a consumir a sua linda cabecinha. Enquanto isso, ele está em casa descansadinho a ver futebol ou a jogar playstation. Não.
6 – “Parece um bom partido…será que te pede em casamento?” (quando a sua amiga mal conhece o novo pretendente)
Perguntas certas: será que ele é uma pessoa íntegra? Será um rapaz realmente decente? Qual é o background dele? Partilham os mesmos valores? Valerá a pena conhece-lo melhor?
Nada contra o romantismo mas…hold your horses. Idealizar tolda o julgamento (tanto quanto sabem, pode ser um doidinho fugido do manicómio), cria expectativas que nem se sabe se o cavalheiro merece e onde há expectativas há ansiedade e onde há ansiedade há o potencial para uma mulher tentar agradar e fazer só disparates.
7 – “Onde vou fazer o casório? E como vai ser o bolo? E o tema da boda”?
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Ehhh desespero…blhec. |
Pergunta certa: “Será que EU gosto dele?” – porque se calhar ainda é cedo para formar uma opinião sólida acerca do rapaz, quanto mais para começar a sentir coisas. Os homens são cautelosos: avaliam o terreno antes de envolver sentimentos no assunto. As mulheres tendem a sonhar acordadas assim que lhes parece que o todo lhes agrada à superfície, construindo o resto com ideias lá da sua cabeça. Até prova do contrário, ele é um estranho e não se sabe se lhe convém afeiçoar-se. Permita-se qualquer envolvimento (físico ou emocional) só depois de saber quem tem realmente diante de si. Não custa nada, é só uma questão de desligar o instinto biológico que é facilmente enganado por sinais exteriores (que podem muito bem ser postiços).
Porém, esta questão também pode surgir numa relação já estabelecida e se assim é, não é bom sinal. Se tem dúvidas é porque algo está a faltar.
10 – “Porque é que ele não telefona/se decide/se compromete”?
Das duas, três. Porque não sabe o que quer (e nesse caso tem de descobrir sozinho porque você não é terapeuta e se for, não é ético namoriscar pacientes) ou não gosta assim tanto de si (e então é patético tentar conquistá-lo; ou se ama ou não se ama, isso não é coisa que se fabrique) ou pior, tem os benefícios maiores ou menores de um namorado, noivo ou marido… sem os deveres; então para quê maçar-se? Se quer mesmo descobrir, interrompa o padrão: pare de investir tanto e de fazer o que quer que tenha andado a fazer. A resposta aparecerá por si mesma e se não for bonita, o que tem remédio remediado está. Uma rapariga crescida aguenta bem um desapontamento para passar a algo muito melhor e há sempre alguém melhor – ou menos infantil, pelo menos. Mal seria.