Como disse Carl Jung “Não existe alguém puramente introvertido ou extrovertido. Tal pessoa estaria internada num manicómio”. Desta forma, podemos concluir que há um pouco de introversão em todos nós, assim como um pouco de extroversão. Algumas pessoas tendem a demonstrar mais características que outras e nenhuma delas é melhor que a outra por isso.
Mas o que é afinal um perfil introvertido e um perfil extrovertido?
O Dicionário de Oxford define um introvertido como “uma pessoa predominantemente preocupada com os seus pensamentos e sentimentos, ao invés de se preocupar com coisas externas” e um extrovertido como alguém que se preocupa com “assuntos externos ou considerações objectivas.”
Contudo, seja tímido, reticente ou uma pessoa socialmente confiante, uma definição tão rudimentar não faz justiça a nenhum destes tipos de personalidade. Há mais a dizer do que isto. Essencialmente, esta definição pode ser respondida com a resposta à pergunta: o que faz para se motivar? Motiva-se ao estar sozinho ou com um grupo de pessoas? Mas o que podemos aprender com cada tipo de personalidade? Muito.
O que podemos aprender com os introvertidos e os extrovertidos?
Ambos os perfis são complexos. Uma pessoa pode ser introvertida e não ser tímida, como um dos homens mais ricos do Mundo, Bill Gates, ou contrariamente uma pessoa pode ser extrovertida e tímida, como a cantora Barbara Streisand. Susan Cain explicou no seu livro Quiet: The Power of Introverts como a timidez e introversão não são a mesma coisa. Mesmo que ambas se sobreponham, precisamos de ambas na nossa vida. Os extrovertidos com as suas energias ilimitadas e os introvertidos com a sua introspecção.
Os introvertidos tendem a ganhar energia por estarem sozinho, pelo que num contexto de trabalho podem preferir trabalhar num espaço fechado – esta é a típica situação através da qual mais podemos aprender sobre um introvertido. Ao terem o seu tempo de solidão, acabarão por transmitir as suas ideias, pensamentos e conclusões. Cain denota ainda no seu livro que o Mundo favorece os extrovertidos, o que pode ser prejudicial num contexto corporativo mas também à escala global.
Se recuarmos vinte anos, as crianças costumavam brincar nas suas secretárias de uma forma bastante autónoma. O mesmo se passava com os cubículos no espaço de trabalho. Contudo, esta tendência tem vindo a alterar-se ao longo dos anos. A preferência pela extroversão tem feito com que as crianças trabalhem em pods, a olhar umas para as outras e que os escritórios se tenham tornado open spaces animados. Empresas como a Google foram pioneiras no que concerne os escritórios amplos e abertos. No entanto, as suas políticas de trabalho flexíveis tendem a apoiar todos os tipos de colaboradores. Uma cultura de trabalho focada no bem-estar do colaborador e que tenta perceber como é que as pessoas trabalham melhor tende a colher bastantes frutos. A necessidade constante de brainstorming e pensamento colectivo pode ser um grande obstáculo para os introvertidos e ao longo-prazo pode ter um impacto negativo no negócio. Embora tenha as suas mais-valias, em alguns casos o colaborador introvertido não funciona bem desta forma
O extrovertido, no entanto, anseia por espaços partilhados, com reuniões diárias e políticas de portas abertas. Este género de profissional adequa-se perfeitamente ao conceito de open Office. Os extrovertidos gostam de ser ouvidos, pensam em exercícios de team building, festas de colaboradores e pensamento de grupo. Este é o género de actividade que dá energia e motiva os extrovertidos. Contrariamente os introvertidos preferem grupos pequenos, reuniões one-on-one e políticas de trabalho flexíveis (valorizando a possibilidade de ter dias para trabalhar de forma independente).
Como Gerir Ambas as Personalidades?
A solução pode parecer passar pela segregação, mas na realidade quando juntamos introvertidos e extrovertidos, o resultado pode ser excelente. Steve Wozniak, um introvertido, inventou o primeiro computador da Apple sozinho numa garagem, mas quando se juntou com o extrovertido Steve Jobs, criaram em conjunto umas das marcas mais conhecidas e reconhecidas do Mundo.
O mundo empresarial pode ganhar muito se conseguir gerir estes dois tipos de personalidades e assegurar que os colaboradores são felizes e estão motivados. De facto, os extrovertidos podem trazer clientes e consumidores e encorajar o entusiasmo de todos aqueles que estão à sua volta. No entanto são os introvertidos que dão o push ao negócio, com as suas conclusões e conhecimento profundo.
Compreensivelmente é difícil ser um introvertido num mundo extrovertido mas, para que o real progresso aconteça, os introvertidos devem pedir o que precisam ao seu empregador para que possam prosperar. Qualquer tipo de personalidade é tenaz à sua maneira; o mundo empresarial precisa de perceber como se deve adaptar a diferentes estilos de trabalho, porque todos somos diferentes. E a verdade é que é nessa diferença que encontramos o sucesso.