Este texto é destinado a todas as pessoas que já saíram da adolescência mas que continuam a ver filmes para e sobre adolescentes. Afinal, qual o motivo para não deixarmos de ver estas histórias cujo enredo é previsível, as personagens imaturas e se passam numa realidade que já está afastada da nossa? Parece não fazer sentido, não é? Mas a verdade é que continuamos a assistir!

Falo sobre este tema porque, recentemente, dei por mim à procura de algo para ver na Netflix. Acabei por escolher um filme que estava no top das tendências: “A Banca dos Beijos”. No dia a seguir vi “A Banca dos Beijos 2”. Adorei? Não propriamente. Achei a história inovadora? Nem por isso. As personagens cativaram-me? Também não. O enredo estava bem construído? Nada disso, tinha falhas.
Então… se este não é o género de filme que adore, qual o motivo para ter visto o original e a sequela no dia a seguir? Pensei sobre isto durante algum tempo e cheguei a algumas conclusões.

É divertido recordar os tempos de escola.
Lembram-se quando as nossas maiores preocupações eram a escola, dramazinhos com os amigos, algumas discussões com os pais e ficar a suspirar por uma paixão passageira? Que tempos fantásticos! Tudo parecia difícil, mas a verdade é que era muito mais simples do que as inquietações atuais. Por isso mesmo, ver este filmes remete-nos para essa altura da nossa vida e é quase como um momento de descanso dos stresses que vamos acumulando ao longo do dia.

Primeiro amor.
Todo o filme para adolescentes tem uma grande aposta numa história romântica. Contudo, não estamos a falar de qualquer história. Estamos a falar do primeiro grande amor. É inevitável não recordarmos as emoções que tínhamos nessa altura e a inocência dos atos e dos gestos. E isso não é bonito?

Autodescoberta.
A adolescência é uma altura em que nos estamos a definir. A perceber quem somos e quem queremos ser. É divertido porque é uma fase em que todas as possibilidades estão em aberto. Por isso, ao vermos estas histórias, sonhamos com todas as mudanças que ainda podemos fazer na nossa vida. Afinal, se há algo que descobrimos na vida adulta, é que a autodescoberta não termina e podemos sempre almejar mais e evoluir. E já repararam que todas as personagens, mesmo as mais inseguras, descobrem que têm muito potencial? Isso é inspirador.

Amigos.
Lembram-se quando os amigos eram o foco da nossa vida? Bem, podiam ser relações benéficas mas também tóxicas, mas a verdade é que foram muito importantes para a nossa construção enquanto indivíduo. Ao assistirmos a estes filmes, criamos empatia com as personagens, temos capacidade de analisar as intenções de cada uma e recordamos que não há problema em não seguir o grupo e sermos fiéis à nossa vontade e voz. Afinal, não devemos temer perder alguém, pois quem gosta realmente de nós vai estar sempre lá, nos melhores e piores momentos. Esta lição não continua pertinente na vida adulta?

Nova perspetiva
Ver estes filmes enquanto adultos faz-nos encará-los com uma perspetiva mais madura. Alguns dos obstáculos que surgem nas tramas não nos parecem tão dramáticos e temos maior facilidade em encontrar soluções. Isto faz com que, ao olharmos para o nosso passado, consigamos mais facilmente detetar erros cometidos e evitar fazer o mesmo. Com isto, fica mais fácil gerir as nossas próprias emoções. É uma análise interessante e que prova que estamos a evoluir.

Sentir bem.
O ponto mais revelante é o que estes filmes nos fazem sentir. Mesmo quando os assistimos enquanto adultos. São histórias leves, divertidas, que ajudam a descansar a mente de um dia muitas vezes repleto de complicações. Levam-nos para uma realidade onde tudo acaba sempre bem. Com histórias mais ou menos conseguidas, atores mais ou menos talentosos e reviravoltas mais ou menos impressionantes, encontramos sempre um filme para adolescentes que nos faz passar um bom momento. E isso não é o mais importante? Pelo menos é a conclusão que eu tiro.