Estive a almoçar no Wabi Sabi, restaurante em Lisboa, que promete produtos de grande qualidade a preços que também são apetecíveis. Tinha curiosidade em saber se tal se comprovava e (spoiler alert!) não fiquei nada defraudada.
Antes da refeição, conversei um pouco com o proprietário. Francisco Duarte tem 24 anos e é um chef que diz de forma convicta: “A minha paixão é o sushi”. Francisco explicou que sempre desejou ter o seu próprio restaurante e que a pandemia não o impediu de concretizar este sonho. Tem a porta aberta há poucos mais de dois meses e conta o que diferencia o Wabi Sabi de outros restaurantes de sushi:
“O trabalho que temos com ingredientes de luxo a preços muito acessíveis. Os produtos consumidos aqui, se fosse noutro restaurante, teria, talvez, uma inflação de 500%, por exemplo. Pretendo manter-me assim. Tenho de ganhar nome, estabelecer-me no mercado, e seria irrealista da minha parte começar já a praticar valores exorbitantes. Sei que estes pratos são bons, se calhar até podia pedir mais dinheiro por eles, mas não me parece bem fazê-lo.”
É então hora de provar a carta do Wabi Sabi. Comecei esta experiência gastronómica com uma seleção de nigiris. Quatro varieades que provaram, logo ali, que o Wabi Sabi trabalha realmente com produtos frescos e de grande qualidade e que gosta de inovar e surpreender o paladar. Deste conjunto, destaco o nigiri de corvina que estava delicioso e provocou uma verdadeira explosão de sabores. O de enguia do Japão destacou-se por aliar um toque picante com a frescura. O de atum era inovador e provou não ser um nigiri de atum igual a tantos outros e o de camarão acabou por ser o mais convencional. Um início delicioso.
A seguir, segui a sugestão do chef e provei uma das novidades da casa. Soft shell crocante. Uma combinação de caranguejo com outros ingredientes, como o salmão ou as ovas. Fiquei feliz por ter seguido o conselho de Francisco Duarte, pois este prato é verdadeiramente impressionante. Os diferentes sabores misturam-se sem se anularem. Existe quase uma descoberta de cada ingrediente em diferentes níveis da degustação. Nota ainda para a tempura que estava estaladiça. O meu único problema foi só em conseguir as pelas maiores com um minímo de elegância (lamento informar que falhei nessa missão. Vai correr melhor para a próxima). Este é um prato que merece ser experimentado, quer seja para dividir com alguém quer seja para uma refeição principal, pois é bastante consistente.
A refeição podia ter terminado por aqui? Podia. Mas não resisti e pedi um combinado de peças escolha do chef (vá… um dia não são dias). E ainda bem que o fiz! Foi surpreendida com um conjunto de sabores bem diferentes do que é habitual encontrar. O sashimi colocava em evidência a frescura do peixe, algo que já tinha sido percebido desde o início. O gunkan com ovo de cordoniz, trufa de verão e flor de sal ficou entre os meus preferidos, pela textura dos ingredientes e contraste de sabores. O nigiri de corvina com folha de menta japonesa também está no meu top, pelo inesperado que foi. A utilização de mini-pepino doce japonês em algumas peças foi ótima opção pelo sabor e pelo efeito crocante que conferia ao conjunto. Resumindo: todo o conjunto era saboroso, inovador e de grande qualidade.
Tenho também a realçar a apresentação dos pratos. Afinal os olhos também comem. Nada ficou descurado neste aspeto, com um empratamento pensado ao detalhe, com simplicidade e bom gosto, e que não só encanta na hora em que chega à mesa, como ainda faz ter vontade de tirar fotografias a tudo o que é servido. Mesmo que normalmente não o façamos!
Esta foi a minha experiência, mas há muito mais para degustar no Wabi Sabi. No dia em que visitei o espaço, as sugestões do dia também iam para outras especialidades, como o tártaro de salmão ou o o taco de ceviche e guacamole. Este último, confidenciou Francisco Duarte, tem sido um dos produtos mais vendidos e apreciados por quem aqui passa. De certo estará no meu próximo pedido! É que fiquei com a certeza de algo durante a refeição: é restaurante para recomendar e voltar.
O Wabi Sabi encontra-se no número 261 da Estrada de Benfica, em Lisboa. O contacto é o 218 252 381 e está aberto de terça-feira a domingo. O preço médio de uma refeição por pessoa estima-se entre os 10 e os 20 euros.