
Confesso que quando vi o título pensei assim, “Mais uma xaropada, tipo aquelas dedicadas às nossas ricas mãezinhas.” Só lhe dei o benefício da dúvida porque, primeiro, não custa assim tanto abrir um livro, e segundo, porque tenho confiança na Fábula.
Ainda bem que abri. Não só não é uma xaropada como é acima de tudo uma história pessoal e sem lugares-comuns: uma menina não muito boa a ficar quieta e sentada a ouvir é cativada por uma professora que lhe fala de exploradoras e de crocodilos, que aajuda a fazer um jardim, que a leva a riachos, que lhe confia ratinhos bebé, que lhe ensina o poder das histórias e a arte de ler em voz alta.
Claro que nem toda a gente teve a sorte de lhe calhar na vida um professor assim, mas felizmente que ainda muitas crianças têm professores de quem gostam, pessoas que as ajudaram a vencer dificuldades, que lhes passaram gostos e capacidades, que as inspiraram e orientaram, e que mudaram as suas vidas, ou que, não chegando a tanto, contribuiram para que tivessem um dia a dia mais feliz. Este livro, sendo uma história pessoal, é dedicado a esses professores – e também aos seus alunos, que um dia souberam apreciá-los. Quantas vezes nos apercebemos da sua importância tarde demais?
Portanto, duas dicas: é um bom livro para conversar com as crianças sobre os professores de quem gostam, e uma ideia – porque não tirar daqui a dica e escrever uma carta ao professor preferido?
Toda a gente gosta de ser apreciada e nós portugueses somos notoriamente rápidos a criticar e lentos a elogiar.
Ah, e last but not least, os desenhos são mesmo giros…
Uma carta para a minha professora – Texto de Deborah Hopkinson, ilustrações de Nancy Carpenter, Fábula, E13,25