Pronto/a para começar? Então vamos a isto.
– Tez – Se não sabe o que é, não nasceu para vampiro. A tez – basicamente, o seu tom de pele – deve ser o mais parecida com as neves do Kilimanjaro. Se não sabe onde fica o Kilimanjaro, as neves do congelador também servem. Pronto, deve ter a cara branca. O mais branca possível. Se passou todos os últimos dias das 7 às 9 estendida nos areais da Comporta ou de Vilamoura e está mais esturricada que uma castanha pilada, espere alguns meses ou, em alternativa, espalhe uma daquelas bases especiais para palhaços ricos. Mas atenção, isto só em último caso, até porque nenhum vampiro quer ficar com cara de palhaço, mesmo que rico.
– Boca – É o fulcro do rosto de qualquer vampiro/a, mas evite o batom preto, que é mais gótico que vampiresco. Use baton vermelho-bombeiro, para não se notar o sangue que andou a chupar de vários pescoços inocentes, mas pe preciso mão firme ao aplicá-lo, especialmente se já espalhou previamente a base-palhaço-rico.
– Olhos – Atenção: nada de corrector de olheiras! As olheiras são o principal acessório dos vampiros, especialmente em tons violeta. Também pode aplicar sombra cor de púrpura, mas cuidado para não ficar demasiado carregado, até porque os olhos dos vampiros (tirando as olheiras) são luminosos. Se quiser juntar lentes de contacto douradas, faça favor. Também há quem use vermelhas, mas se é loira corre o risco de ficar a parecer o coelhinho da Páscoa.
– Unhas – Podem ser ser perfeitamente curtas, mas sempre bem tratadas. Se for um vampiro dado ao drama, opte por unhas pretas ou vermelho, pois, sangue.
– Dentes – Não tem de lhe espetar uns caninos por cima, a não ser que queira treinar para Rainha do Baile de Máscaras. No dia a dia, basta que sejam brancos e bem tratados.
– Capa – Pode usar um blusão de cabedal se preferir dar uma de vampiro modernóide, mas o verdadeiro vampiro usa é uma capa, até porque quem tem capa sempre escapa. Esvoaçante e preta. Sim, tipo mágico do século XIX. A cartola é que é dispensável. As pombas também.
– Top – Um vampiro usa blusa aos folhos e de renda. Sim, aos folhos e de renda. Porquê? Porque um vampiro, apesar de andar a morder pescoços como se não houvesse amanhã (e para ele, num certo sentido, não há mesmo…) é um romântico! E os românticos usam blusas brancas com folhos na gola e nas mangas. T-shirt esqueça, mesmo que seja daquelas com um coração estraçalhado a verter, pronto, sangue. Claro que se optou pelo blusão de cabedal não vai juntar-lhe uma blusa aos folhos, mas não se pode ter tudo.
– Estilo – Sempre formal, quer se seja vampiro ou vampira. Não há vampiros hippie. Os homens podem optar por um smoking em tons escuros. Não faz mal que se pareça um cangalheiro do século XIX. A ideia é mais ou menos essa. As mulheres podem usar o estilo medieval ou vitoriano à vontade: os vampiros, como vivem para sempre, não se preocupam em seguir a moda. Se se preocupassem, não faziam mais nada na vida. Ou morte.
– Cores – Acima de tudo, nada de tons pastel. Um vampiro não é um vampiro para depois se pôr a andar por aí de azul pálido ou rosa bebé. Use preto, vermelho, púrpura ou mesmo verde-folha. Rosa bebé é que não.
– Acessórios – Óculos escuros, para o caso de se descuidarem com o tempo e serem apanhados por um raio de sol antes de chegarem ao caixão. Se possível, juntar um relógio para que tal não aconteça. Pode ser daqueles de pendurar, para verificar quantos mais se tem tempo de morder até ao pôr-do-sol.
– Sapatos – Pretos, de verniz e se possível com laços. Nunca é demais afirmar que um vampiro é uma alma romântica. Um vampiro não descalça um pé com o outro pé, nem atira as Havaianas para o outro lado da sala. Um vampiro debruça-se e desata os laços com um pequeno suspiro.
– Corpo – Magro. Também não tem de se matar à fome, mas lembre-se que um vampiro, regra geral, não anda por aí a banquetear-se de feijoada à transmontana, e nunca há assim muitos pescoços disponíveis que dêem para um vampiro engordar. Por isso, se o seu índice de massa gorda está acima da média, inscreva-se no ginásio e não falte ao RPM.
– Ar – Angustiado. Vampiro que se preze sorri pouco, até porque tem poucas razões para sorrir.