
FOTOGRAFIAS: © RUI VASCO
O inverno de Ricardo Dourado é influenciado pela cultura africana que se reflecte tanto nos padrões como nas cores vibrantes. O designer português inspirou-se no estilo de vida do Soweto, uma cidade sul africana que ficou conhecida na época do apartheid por ser foco de resistência anti-racista e de protestos dos negros contra a política oficial de discrimanação racial. A energia da população e a forma como interpretam as suas raízes entusiasmaram o criador para uma fusão entre as tradições, impressas nos estampados tribais, que se cruzam com materiais mais ocidentais, como os neoprens.
Os coordenados urbanos encontram ainda referências desportivas.
“Gosto das cores dos equipamentos dos miúdos a jogar à bola, gosto dos padrões coloridos que as mães vestem, gosto das caras sorridentes, gosto do barulho das motas que passam, gosto da felicidade que se vive ali com tão pouco. Esta coleção tem tanto de urbano como de étnico“, afirmou o designer.
A dualidade de materiais esteve presente ao longo de todas as propostas de Ricardo Dourado, que através do patchwork, trabalho com retalho, uniu diferentes tecidos e padrões.
Em alternância com as cores vivas dos estampados surgiram modelos em branco, preto e cinzas com inclusões de pelo em silhuetas oversized.
O desfile trouxe cor à sala Paços do Concelho, e foi num cenário repleto património histórico e arquitetónico que se apreciou a arte do estillista português que valoriza essencialmente o corte, no sentido de construção: “Não vale a pena seres um génio se não souberes construir” , afirmou Ricardo Dourado.