Por mais bonita que a fatiota seja, por mais qualidade que tenha, associo sempre esse efeito às toilettes para casório sintéticas estilo Modas Cilinha, noivas, baptizados e traje de cerimónia. Em termos de brilhos gosto de brocado, eventualmente algum lamé, de aplicações ou quando muito, do metalizado, visto nos casacos de jacquard que anunciaram, no ano passado, o início desta tendência.
No entanto, por artes de compras aventureiras, vieram parar cá a casa trêsoutfits que, apesar de feitos no tecido proibido, me chamaram a atenção. A saber, umtailleur verde lima made in England com odecote de geisha que eu adoro, e que tanto vai estar na berra; um vestido preto que me seduziu pelo corte a pontos de eu fazer vista grossa ao material de que era feito (certas roupas são como as leis e as salsichas, é melhor não saber muito sobre elas) e uma saia Adolpho Dominguez, do lilás mais etéreo que pode haver. Lá ficaram, sem que eu soubesse muito bem o que fazer com eles.
Poderes de vidência: nesta temporada o brilho cintilante,feérico ou plástico, que resulta bem nos filmes mas na vida real parece algo baratuxo, o temido brilho vai estar por toda a parte, e não vai ser reservado a uso nocturno, parece-me. De Christian Dior, com as suas amplas saias de cintilação quase eléctrica às saias e casacos incandescentes de Jonathan Saunders, passando pela genial colecção Burberry Prorsum com lamé, brilho plastificado ou cabedal pintado em tons metálicos, os efeitos nacarados ou simplesmente glossy prometem invadir as ruas. Cabe a quem quiser arriscar apostar num styling simples e jovial, que desconstrua um pouco o ar “pesado” ou futurista associado a peças assim. Há que enfrentar todos os medos, mesmo os medos de moda.
Autoria: Imperatriz Sissi