Como surgiu a ideia de lançar a Poise?
Eu e a Sara fomos colegas de faculdade e ela tinha já um projeto de malas que, no fundo, é a semente da Poise. Nós vivíamos juntos e ela estava na nossa sala a fazer malas, mas já com um porte diferente, parecido ao que é hoje. Comecei a dar dicas e, de repente, estávamos a fazer uma parceira e pensamos “porque não criar uma empresa?”. Em quatro anos, temos loja/atelier no mesmo prédio e agora vamos crescer para a loja do lado, que entretanto fechou. Nós aproveitamos a oportunidade para alargar a nossa oferta aos clientes e chamar marcas de criativos portugueses, que não têm representação em Lisboa.

O que trazem de novo essas parcerias com marcas nacionais?
Ainda está tudo a ser acordado, mas trazem malhas, sapatos, uma linha de vestuário simples, a Best Sunday Dress, lenços de seda – que já chegaram à loja – e também estamos a falar com um jovem criador que faz casacos de pele para homem. Faz sentido porque trabalhamos com pele portuguesa. Só as ferragens é que são italianas, porque Portugal deixou de as produzir.

Quando é que essa parte da loja abre?
Será em março. Agora, ainda estamos na fase de procurar materiais, tratar da iluminação, da decoração, dos charriots. No fundo, estamos a criar aquilo que, para nós, é um espaço Poise, mas este vai ter um toque mais masculino.

Enquanto dupla criativa, como é que vocês se fundem?
A Sara ‘limpa’ a forma. Ou eu ou ela lançamos uma ideia e depois passamos para a parte técnica. A mala tem de funcionar, de encaixar no corpo. É um objeto utilitário, tem de ser prático. Há uma série de questões que precisam de ser limadas nesta fase. É mesmo um trabalho em conjunto. Somos dois pensadores. Umas vezes é mais dela, outras é mais meu.

Vocês estudaram escultura. O que transferes disso na hora de pensar uma mala?
Tento transportar toda a beleza que conheço para o objeto. Inicialmente, como vinha dessa área mais artística, pensava em peças escultórias, que se abriam e tinham formatos fora do vulgar. Normalmente, quanto mais fugimos ao padrão, mais trabalhosas e caras as peças se tornam. Compensava vender uma unidade dessas, talvez, uma vez por ano…

E a Poise não faz isso…
Tentamos inovar, olhar para as peças de outra maneira, dar-lhe uma função diferente, fugir ao que está estabelecido. Certas peças são específicas para fazer tampas e nós fazemos ao contrário, alteramos a maneira de usar.

Mas mantêm-se clássicos.
Temos de pensar que isto é um negócio. Já pensámos e fizemos alguns modelos extravagantes por encomenda e há sempre vontade de criar uma linha assim, mas esse formato de negócio não é muito aconselhável. Depende. Às vezes compensa. Nós tentamos fazer peças que sejam rapidamente reproduzíveis. Uma coisa muito diferente é difícil de vender, nem sempre é bem aceite. Até pode ser muito bonita mas, como ainda existem alguns clichés visuais e mentais, é complicado. Falta habituar o gosto. Aliás, é com esses chavões que trabalhamos para construir a nossa moda na Poise.

Têm sido bem-sucedidos?
Sim. No ano passado, 2012, conseguimos vender cerca de 2000 malas, mas nunca trabalhámos tanto como em 2013. Antes vendíamos mais por Facebook e por encomendas. Ter uma porta aberta, um espaço onde as malas vivem, faz muita diferença. As pessoas querem comprar um bocado desta atmosfera que criámos.

Tem mais visibilidade, com a loja?
Sem dúvida. Também temos cuidado para ter uma montra diferente. Grande parte é vendida a turistas, mais de 50%, talvez. Estão sempre abertos a coisas novas. Aliás, uma parceria que estamos agora a criar com a Rússia surgiu de uma cliente que, há dois anos, nos comprou uma mala. Como ainda está em excelente condição, decidiu investir em nós e criar um site na Rússia.

Estão a trabalhar com mais países?
Também temos Londres em vista. Já trabalhamos com Espanha e com Austrália mas a situação económica acaba por dificultar e ser uma desculpa [para terminar as parcerias]. Por agora, só está em vista um site UK e um site RU.

Onde vão buscar inspiração?
À rua. Vejo o que estão a usar e como usam. Penso naquilo que eu gostaria de ter, que é um bocado daquela linha mas não é bem aquilo. Viajar também ajuda. Muitas vezes, as coisas surgem por encomenda. As malas para máquinas fotográficas e para Ipad, as caixas de óculos e as carteiras para os cartões surgiram porque tínhamos clientes que precisavam desses objetos.

Já recusaram alguma encomenda ou projeto?
Só se for uma coisa pavorosa que não achemos concretizável. Já aconteceu e recusámos. Tentamos evitar essas encomendas ou então aceitamos, mas com determinadas alterações porque a marca tem uma certa linha a manter. Mas quase tudo é possível e contornável. Pode não ficar como a pessoa imaginou, mas fica parecido.

Explica-me a história do vosso símbolo atual, a carpa.
Temos vindo a usar sempre os dourados. Têm-se mantido na nossa marca. Esta carpa surgiu numas pulseiras, [que fizemos] inicialmente. Depois passou para as clutches. A carpa é tenaz, sobe o rio todo para desovar. Há uma lenda chinesa que conta que, quando a carpa chega ao cimo do rio Amarelo, se transforma num dragão, o símbolo do imperador. É um bocado essa magia que criamos. Somos um projeto com força, em crescimento e a caminhar para algo maior.

Consegues identificar uma cliente ‘tipo’ que compra Poise?
Não há. Cada modelo tem um certo target. Temos um modelo que está desde o início e que já foi vendido a miúdas de 18 anos e a senhoras de 70 anos.

Também fazem malas para homens?
Fazemos mas não tiveram grande aceitação porque também não apostamos em muitos modelos e cores. Quando as pessoas veem várias cores e modelos, as malas começam a sair. Foi uma má gestão da nossa parte. Continuo a achar que há um nicho gigante para malas de homens.

Alguma vez pensaram em criar uma linha vossa de outra coisa para além de malas?
Estamos sempre a pensar, mas logisticamente é impossível. Fazemos a produção, a comunicação, a distribuição e ainda temos a loja. A ideia é essa: tornar a Poise uma marca multifacetada. Passar da coleção de malas, para sapatos, para acessórios. Mas, por agora, precisamos de estar focados. Tempo é dinheiro. Quando o projeto fluir, apenas com a nossa orientação, vai ser diferente. Às vezes fazemos outras coisas. Há dias, a Sara fez uma T-shirt para ela. Eu alterei uma camisa que comprei em Paris, da Hermès. Era super gira mas ficava-me mal e acabei por lhe tirar a gola. Temos essa necessidade de criar. Às vezes, também me farto de fazer malas.

Em que cores vão apostar na coleção primavera-verão?
Vamos apostar nas cores pastel. Acho que vão estar em voga no verão. Os verde-água, os corais… Normalmente pensamos mais nisto quando vamos fazer as encomendas. No passado, tivemos sorte porque as pessoas aderiram às cores e às misturas de cor que fizemos.

POISE
Rua da Rosa, n.º 197
1200 — 383 Bairro Alto – Lisboa
Tel. +351 926 770 100 (Sara Padrão)
Tel. +351 964 292 105 (João Vieira)

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