“Sonho” é uma palava recorrente no percurso de Maria Furtado Cunha, 29. Durante a infância, sonhava com peças de roupa e com sapatos. Na vida adulta, em 2013, a então estudante de arquitetura sonhou com um visual para um jantar de aniversário: calças de ganga e um body preto, decotado nas costas, com mangas três quartos.
“Andei à procura do tal body em vários espaços comerciais, mas não consegui encontrar bem aquilo que queria,” conta-nos.
Da necessidade nasceu a ideia de um projeto. A jovem, natural da Madeira, propôs a uma amiga que criassem uma marca portuguesa de bodies simples, sem estampas ou demasiado direcionados para o swimwear. Contudo, na altura, a intenção ficou por ali. Em 2014, depois de terminar o curso, Maria rumou aos Estados Unidos, onde passou quatro meses a estudar inglês no Empire State Building.
“Lá, estava sozinha e desligada de tudo. Penso que encontrei a minha essência e aquilo que queria para mim,” confessa. “Conheci pessoas de todo o mundo e voltei com a mente completamente aberta.”
A empresária regressou a Portugal decidida a lançar a própria marca e a criar o body dos seus sonhos. Chegou no mês de dezembro. Em fevereiro seguinte já tinha o logótipo e os primeiros sketches criados, e em março surgiam os primeiros modelos. Nasceu assim, em 2015, a Maria.Bodyline.
Sucesso Além-Fronteiras
Após o lançamento oficial, as oportunidades multiplicaram-se. Os bodies da Maria.Bodyline fizeram parte do videoclipe para a música “Ela Parte-me o Pescoço”, de Agir, e foram usados pela influencer Francesca Ferragni, a irmã mais nova da famosa bloguer italina Chiara Ferragni, na edição desse ano do NOS ALIVE.
“Ela fez Erasmus em Portugal e conheci-a através de uma amiga em comum. Decidi aproveitar e fazer-lhe o convite para ir ao festival com os meus bodies. Ela aceitou logo.”
O convite repetiu-se em 2019, já depois de Ferragni ter regressado ao seu país. A resposta foi novamente positiva.
“Ela gosta imenso das peças da nova coleção e ficou com vários modelos, que vai usando de vez em quando em Itália.”
O Renascer da Fénix
Por motivos pessoais, Maria Furtado Cunha foi obrigada a congelar o projeto Maria.Bodyline durante dois anos, entre 2017 e 2018, período que passou na Madeira a fazer de tudo um pouco, desde vender Bimbys a trabalhar numa fábrica.
“Estava no fundo do poço e, de certa forma, foi a Maria.Bodyline que me salvou, porque me recusava a desistir do meu sonho,” revela.
Depois de uma viagem de 10 dias à Guiné-Bissau, que lhe deu a força necessária para seguir em frente, a empreendedora regressou a Lisboa no início deste ano e relançou a marca com a coleção “Fénix”, que representa um renascer das cinzas. O vídeo da campanha mostra o ressurgir de uma mulher depois de sofrer violência doméstica e é protagonizado pela bailarina Catarina Casqueiro, cujas cicatrizes simbolizam coragem, força e feminilidade.
“No início, eu era muito inspirada pelas personalidades das minhas amigas – fortes, divertidas e festivaleiras. Agora, quis contar a minha história e passar a mensagem de que a vida é um ciclo.”
E na, Maria.Bodyline, o ciclo passa sempre pelo mesmo modelo: MyMaria, que surge agora reinventado e com um novo brilho.
“Ele vai sempre simbolizar o início e o sonho, portanto é muito especial para mim,” afirma Maria Furtado Cunha sobre a peça, à qual se juntam outras cinco na nova coleção.
Prestes a fazer 30 anos, a fundadora da marca encontra paralelos entre o seu percurso pessoal e o profissional.
“Eu e a Maria Body.Line estamos exatamente na mesma fase. Procuramos o nosso lugar neste mundo e inspirar outras mulheres durante o processo, especialmente a seguirem os seus sonhos e paixões. A vida é curta.”