Licenciado em Design de Moda, um dos finalistas do Concurso Jovens Criadores 2020, uma iniciativa organizada pelo Município de Braga, Nuno Magalhães foi o responsável pela criação do visual do stylist Mário de Carvalho para a noite dos Prémios Play. Um visual icónica, uma mensagem no gender: recriar um dos ‘looks’ mais famosos de Whitney Houston, em que a cantora surgiu de casaco e calças de franjas. O convite surgiu de forma original: “foi através de uma história no Instagram do Mário, ao qual me candidatei de forma muito direta e apresentando um pouco daquilo que são os meus ideais como pessoa e designer”.
Connosco, conversou sobre este trabalho e o desafio da distância.
Como foi trabalhar à distância para uma ocasião tão especial?
Trabalhar à distância é um risco que é necessário estar disposto a correr, pois sendo uma red carpet é importante um fitting apropriado e correto, assim como uma dedicação para que todos os detalhes se façam presentes. Com muita comunicação e partilha do processo passo-a-passo, conseguimos o resultado que pretendíamos.
Sendo o Mário, um profissional da área com muitos anos de carreira, sentiste responsabilidade acrescida?
Há sempre uma sensação de responsabilidade e compromisso quando se falam em projetos individuais, onde duas pessoas se moldam para criar um outfit. O facto do Mário ter uma carreira sólida e de muitos anos é um fator que provoca e acresce esses valores quer no processo de criação, assim como na finalização do coordenado. Na verdade, ninguém quer falhar, principalmente, quando estamos a trabalhar para alguém com muito conhecimento na área.
Esta foi a primeira vez que viste um look teu numa red carpet. Como foi a estreia?
Esta estreia tem um sabor duplamente especial. Muito mais do que ser uma estreia numa red carpet – um lugar célebre -, é ter a oportunidade de criar para alguém que tem ideologias muito próximas às minhas, onde se celebra uma conexão a nível artístico, criativo e ideológico, ou seja, mais do que uma representação do meu trabalho é também uma projeção daquilo que ambicionamos para o mundo – um mundo liberto de preconceitos nos mais diversos temas que assolam a humanidade atualmente.
Mesmo com a ideia pré-concebida da recriação de um look icónico da Whitney Houston, sentiste que tiveste margem criativa?
Curiosamente, as primeiras mensagens foram uma troca de ideias e quais eram os nossos princípios e valores, enquanto indivíduos inseridos numa sociedade, assim como profissionais com a possibilidade de veicular uma mensagem através da arte – a moda. O Mário apresentou uma ideia pré-concebida da recriação de um look icónico da Whitney Houston, mas tive sempre uma margem bastante alargada para ser criativo e conectar um conjunto de conceitos ao coordenado, como a questão do género, a representação do empoderamento feminino e masculino no universo mediático e a sobriedade do preto.
Quais são os teus planos para o futuro?
Atualmente, estou como parte de vários projetos coletivos, como também em trabalhos a título individual de produção e consultoria de imagem para eventos. Está de pé também a participação em concursos a nível nacional.
Futuramente, o plano será a construção de uma marca que seja mais do que uma marca de moda, mas que seja um movimento, uma comunidade e uma “voz”, um projeto com os alicerces montados em valores reais. Assim como pretendo celebrar mais parcerias e colaborações, pois acredito que o design e a moda devem seguir o princípio do trabalho em equipa/colaborativo e afastar-se do centralismo.”