Aprendo sempre com quem já viveu mais. Hoje, enquanto lia as palavras que Elizabeth II de Inglaterra escreveu por ocasião da celebração dos 70 anos do seu reinado, manifestando o “sincero desejo” de que a nora, Camilla, casada com o herdeiro ao trono, venha um dia a ter o título de ‘rainha consorte’, achei admirável como uma mulher de 95 anos é capaz de se render ao sempre inexorável caminhar do tempo e da sociedade. Ao manifestar este desejo de forma tão clara e carinhosa, a rainha deu um claro sinal de que a sociedade deve estar pronta para parar de diabolizar ‘a outra’, de pôr apenas nas mulheres a culpa do insucesso ou da infelicidade de um casamento. Todos sabemos o quanto o mundo sonhava com Diana como rainha, mas recusar a Camilla um título que seria seu por direito daria o sinal perigoso de que as mulheres de um lar refeito seriam inferiores.
Numa edição em que celebramos o Dia Internacional da Mulher e destacamos mulheres com superpoderes é importante lembrar que no mundo, nós, felizmente, estamos sempre a mudar. Como diz a escritora Inês Meneses: “Aquela que fui ainda cabe dentro de mim, mas já não somos a mesma.” Todas temos dentro de nós infinitas mulheres e podemos sempre ser tudo o que sonhamos ser sem ter que escolher. Somos fortes, guerreiras, sexy, bonitas, ativistas e mães, correto? As mulheres sempre assumiram muitas tarefas e estamos preparadas para assumir mais ainda. Temos apenas de nos lembrar de tomar conta de nós, também, e de continuar a lutar por quem não é livre.
Nada nos define. Nada nos sujeita. Nós somos livres. Nós somos mulheres. E lutamos todos os dias por um mundo igual para mulheres e homens, raparigas e rapazes, meninas e meninos.
Feliz Dia da Mulher.