A 15 de setembro, Letizia celebra 50 anos, uma data perfeita para um balanço de uma década enquanto princesa das Astúrias e oito anos enquanto rainha de Espanha.
Em entrevista à revista espanhola Telva, Carmen Duerto, autora, de “Letizia, uma mulher real”, o seu novo livro sobre a rainha de Espanha, dá-nos a conhecer um pouco mais do lado privado da mulher de Felipe VI.
Letizia Ortiz é, sem dúvida, a mulher mais escrutinada da vizinha Espanha e também uma das mais observadas no mundo. E as opiniões sobre a rainha de Espanha dividem-se, muito por culpa do seu ar distante, de certa forma até frio, que acolhe muitas críticas. Mas quem com ela priva de forma mais intimista, afirma tratar-se de uma mulher simpática e divertida. É esse retrato que Carmen Duerto, jornalista que acompanha as figuras da família real espanhola há cerca de duas décadas, faz no seu mais recente livro, que foi lido em primeira mão por Sofia da Grécia, a antiga rainha consorte de Espanha.
Na entrevista, Duerto reconhece essa “falta de empatia e um distanciamento desnecessário que a impede de se mostrar como é“. No entanto não tem dúvidas de que essa imagem é desfeita num contacto mais próximo: “Letizia ganha, e muito, em curtas distâncias. Pena essa ânsia de parecer tão rígida diante das câmaras”, acrescenta.
Segundo a autora, o pior para Letizia enquanto monarca não foi estar na mira das objetivas ou a perder a sua privacidade, questão que vai contornando com sucesso. Ainda recentemente, esteve com as filhas, as infantas Leonor, de 16 anos, e Sofia, de 15, no meio da multidão, a assistir ao concerto de Harry Styles, em Madrid.
“Para uma jornalista de raça, como os seus familiares e ex-colegas a definiram, o mais doloroso de ser rainha é a incontinência verbal. Perder o poder de expressar uma opinião livremente. Quando fala, representa a monarquia, já não é a Letizia Ortiz”, justifica.
Mas, consciente desse seu poder, Letizia faz questão de fazer bom uso da palavra sempre que solicitada. Para isso mesmo, é informada e quando não conhece o tema em questão procura estudar sobre o mesmo. Gosta de escrever os seus próprios discursos e procura trabalhar a sua agenda para poder ir de encontro também às temáticas que a preocupam como, por exemplo, a alimentação ou a saúde.
“Letizia prepara conscientemente cada um dos seus compromissos, sabe quem vai participar – tem ótima memória e vai referir-se pelo nome a cada um dos convidados presentes no local – e se tiver alguma dúvida sobre o assunto a ser discutido, ela dissipa-os por meio de consultas ou chamadas necessárias”, explica a autora de “Letizia, Uma Mulher Real”.
A antiga jornalista e agora rainha de Espanha tem uma voz e quer ser ouvida. “Ela mesma me disse, sendo princesa, que não queria ser mulher-flor. [decorativa] Ela insistiu muito nisso. Não estava disposta a limitar sua atividade a feiras livres ou ações solidárias com mulheres da alta sociedade, ela era outra coisa. Ela veio do mundo real. Ela é uma rainha ativa. Ela tenta resolver tudo o que está nas suas mãos”, relembra na longa entrevista à revista espanhola Telva.
Carmen Duerto aborda também a vertente de Letizia enquanto mãe de duas adolescentes, uma delas futura rainha de Espanha. A antiga jornalista é uma mãe interessada e plenamente consciente do papel que as suas filhas desempenham na sociedade espanhola. Por isso, mesmo Leonor está a ser educada para ser rainha.
“Letizia é rigorosa em aspetos como a alimentação, nada de doces. E procura fomentar em Leonor e Sofia a cultura de esforço, de ganhar, que vivenciou na juventude”, lembra Carmen Duerto, que aproveita a ocasião para uma crítica construtiva no que diz respeito à escolha dos reis em relação ao percurso escolar da futura rainha de Espanha, que foi estudar para Inglaterra. “Teria sido uma forma de apoiar o sistema educativo espanhol e, mais tarde, como fez o pai, complementar os estudos superiores noutro país”, explica.
A autora aponta outra crítica à casa real espanhola. Para Duerto é inconcebível que os reis de Espanha não tenham redes sociais e não tirem proveito desta forma direta de comunicar com os sues súbditos como tão bem faz a casa real do Reino Unido, nomeadamente, quem trabalha a imagem de William e Kate Middleton. E quando se fala da duquesa de Cambridge, convém lembrar que, tal como ela, Letizia Ortiz é uma rainha influencer, aquela que todas as marcas desejam vestir. E Letizia tanto usa uma marca espanhola como internacional, cara ou tão acessível à maioria das pessoas, como é o caso da Zara. Por isso mesmo, já não é de estranhar que as peças que usa esgotem quase de imediato, tal como acontece com Kate.
No geral, Letizia é, segundo a opinião da escritora, obsessiva, perfecionista e até um pouco controladora. “Ela já era assim antes de se tornar parte da família real, não foi ela que mudou, foi assim que seus colegas de trabalho e professores a definiram. O problema é que esses três atributos podem ser virtudes maravilhosas para suportar um cargo como o seu. A Lady Di, por exemplo, faltaram-lhe estas três características. Mas, por sua vez, mal enquadradas, podem levar-te a dar uma imagem distante ou até arrogante”, afirma.
Aos 50 anos, Letizia conquistou em definitivo o seu lugar na família real espanhola, conferindo-lhe uma dimensão mais real, no sentido de ser uma mulher como todas as outras mulheres espanholas.