
Catarina Soares cresceu a brincar na mercearia da Avó Pureza numa pequena aldeia de Ponte da Barca e dela herdou a veia empreendedora. Formada em Biotecnologia, com um mestrado em Biotecnologia Alimentar, sempre gostou de cozinhar e do contacto com o público. Em 2016, fundou o grupo MiniMeu, que de mini já não tem nada, já que conta atualmente com 5 espaços na área da restauração, todos no Minho: o Cantinho MiniMeu abriu portas em 2016 em Arcos de Valdevez, seguiu-se a Pureza Mercearia em 2019, também em Arcos de Valdevez, o Maria Rosa em 2020, em Ponte de Lima, o óMaria em 2022, em Ponte da Barca e, por último, o Maria Luísa, também em 2022, em Braga. A oferta dos seus restaurantes é muito variada, de hambúrgueres a saladas, não esquecendo as opções vegan e vegetarianas. Os best sellers? As panquecas e os chás!
Como surgiu a ideia de abrir um negócio em Arcos de Valdevez? E porque decidiu depois apostar em Braga?
Abrir um negócio em Arcos de Valdevez surge de um sonho antigo e de uma veia empreendedora que herdei da minha avó que era proprietária de uma mercearia numa pequena aldeia de Ponte da Barca. Braga sempre foi uma cidade pela qual nutro um grande carinho e abrir numa cidade grande sempre foi um sonho.
E porquê a área da restauração?
Durante as férias escolares sempre trabalhei nesta área e fui ganhando um gosto muito grande por ela. Este gosto, aliado ao facto de gostar muito de cozinhar e de contactar com o público, fez-me querer seguir esta área.

Porquê o nome MiniMeu?
A ideia inicial era ser uma loja pequenina onde no máximo seria eu e outra pessoa a trabalhar. Numa conversa com amigos onde discutimos vários nomes surgiu o ‘mini’ e o ‘meu’. Em tom de brincadeira juntámos as duas e originou MiniMeu. O nome ficou no ouvido e nenhuma outra opção nos fazia sentido.
Expetativas versus realidade no que respeita a ter um negócio próprio…
Ter um negócio próprio não é tão fácil como inicialmente idealizei. Talvez por ingenuidade, achei que seria bem mais fácil. A gestão de uma empresa não é fácil, principalmente nos dias de hoje, no entanto gosto bastante daquilo que faço e tenho uma equipa maravilhosa que facilita muito o meu trabalho.
Quais os principais desafios que enfrentou entre ter a ideia e concretizá-la?
O principal desafio foi toda a logística que está associada a abertura de uma empresa. Na altura não tinha noção e achei que seria bem mais fácil.
Assusta-a as perspetivas de uma crise económica?
Sem dúvida que sim. As nossas matérias-primas, assim como os preços das energias e afins estão, com os preços a disparar, o que faz com que seja muito complicado manter a estabilidade da tesouraria.
Quais as características necessárias para levar uma ideia para a frente?
A persistência, sem dúvida. No entanto, é preciso muito mais que um sonho para levar uma ideia de negócio para a frente. É preciso fazer um bom estudo de mercado assim como um bom estudo económico para que o nosso sonho e ideia de negócio siga para a frente. Depois uma boa gestão é fundamental.
Teve de ser resiliente para alcançar o que tem hoje?
Sem dúvida que sim. Não é tão simples como as pessoas que estão por fora acham que é. Na altura eu tinha apenas 27 anos, tinha acabado a minha formação académica na área da Biotecnologia na Universidade de Aveiro. Achei que tudo seria fácil, ou pelo menos mais fácil. No entanto, quando estamos a lutar pelo nosso sonho, pela nossa empresa, temos de fazer esforços, abdicar de algumas coisas e de alguns momentos porque o nosso foco é o crescimento. Perdi algumas coisas, alguns momentos e até alguns amigos que não compreendiam a minha falta de disponibilidade. Enfrentar dois anos de Covid também não foi fácil. Foi o pior momento da empresa, em que só pensávamos em regressar à normalidade. Não foi fácil para ninguém, mas para uma empresa que está em crescimento e que acaba de abrir uma nova loja, fechar um mês depois foi muito duro.
Às vezes tenho pena de algumas coisas que tive de abdicar em prol da minha empresa. Mas em momento algum me arrependi. Agora não sou só eu. São os meus funcionários, os meus fornecedores, os meus clientes. Por eles vou lutar sempre.