Se este domingo, dia 12 de maio, celebramos o Dia Internacional do Enfermeiro, isso deve-se a uma mulher. A data não foi escolhida ao acaso e coincide com o aniversário de Florence Nightingale, considerada a mãe da enfermagem moderna.
Esta mulher nasceu a 12 de maio de 1820 e quebrou as normas sociais da época ao mostrar, desde cedo, que não se iria contentar com o esperado papel de dona de casa. Florence desafiou os pais para ser enfermeira e após o início da Guerra da Crimeia, em 1853, levou 38 enfermeiras para o hospital militar da Turquia — a primeira vez que as mulheres foram autorizadas a fazê-lo —, desenvolvendo uma abordagem única para atender e tratar soldados referidos. Fazia-o durante horas a fio, depois e durante a noite, o que lhe valeu a alcunha de “Senhora da Lamparina”.
O trabalho de Nightingale foi reconhecido e em 1858 ela acabou por ser convidada para pertencer à Royal Statistical Society, uma das sociedades estatísticas mais ilustres e renomadas do mundo. Em 1859, a sua campanha para melhorar a qualidade da enfermagem em hospitais militares levou à publicação de um livro intitulado “Notas sobre Enfermagem”, que ainda hoje é editado. Em 1860, abriu a primeira escola de enfermagem baseada na ciência em Londres, sendo responsável pela formação de inúmeras profissionais de saúde no século XIX.
Esta figura é tão importante para a história da profissão que, nas cerimónias de solenidade, jovens enfermeiros de todo o mundo repetem um juramento escrito por ela:
“Livre e solenemente, em presença de Deus e desta assembleia juro: dedicar a minha vida profissional a serviço da humanidade, respeitando a dignidade e os direitos da pessoa humana; exercendo a Enfermagem com consciência e fidelidade; guardar sem desfalecimento, os segredos que me forem confiados; respeitar a vida desde a conceção até a morte, não praticar voluntariamente atos que coloquem em risco a integridade física ou psíquica do ser humano; manter elevados os ideais da minha profissão, obedecendo aos preceitos da ética e da moral, preservando a sua honra, o seu prestígio e as suas tradições”.
Conheça 5 contribuições de Florence Nightingale que ainda hoje têm relevância:
- Lavar as mãos
A britânica estava ciente da importância de manter a higiene e lavar constantemente às mãos. No livro “Notas sobre Enfermagem”, escreveu que “cada enfermeira deve ter o cuidado de lavar as mãos com muita frequência durante o dia”. - Esterilização
Durante a Guerra da Crimeia, Florence alertou para a necessidade não só de lavar as mãos durante atendimentos, como também de esterilizar instrumentos médicos e determinadas áreas dos hospitais. Tratava-se de uma recomendação relativamente nova, divulgada pela primeira vez pelo médico Ignaz Semmelweis na década de 1840. O húngaro tinha observado um impacto dramático do hábito nas taxas de mortalidade nas maternidades. - Casa limpa
Nightingale considerava a higienização do lar um passo essencial para prevenir doenças. No seu livro, dá conselhos sobre como manter a casa limpa, maximizar a luz e circulação do ar, e eliminar o ar “estagnado, mofado e impuro”. Também defende melhorias no sistema de canalização para combater doenças provenientes da água, como a cólera e a febre tifoide. - Convalescença positiva
A enfermeira também entendia que era importante tratar os pacientes de uma maneira mais positiva, mantendo-os ocupados e produtivos. Assim, incentivava os soldados a criarem os hábitos da leitura e escrita. Também dizia que deveriam socializar entre si, para evitar que o tédio os levasse ao alcoolismo ou a um quadro de depressão. - Estatísticas
Desde muito nova, por incentivo do pai, Florence estudou uma nova e promissora disciplina chamada estatística. Durante e depois da Guerra da Crimeia, usou os conhecimentos adquiridos para provar a eficácia de diferentes intervenções em vários tipos e graus de enfermidades. Os seus famosos diagramas mostravam, por exemplo, a alta taxa de mortes causadas por determinadas doenças em oposição às mortes por feridas de batalha.
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