Mesmo que não perceba nada de ténis, certamente já terá ouvido falar de Iga Swiatek, que acabou de vencer mais um título de Roland Garros – o quarto, sendo apenas a terceira tenista da história a vencer por três vezes consecutivas o grand slam francês. Na segunda ronda, num duelo renhido contra Naomi Osaka, sobreviveu a um match point, o que só lhe deu mais força para continuar imbatível na terra batida – já não perde naquele piso há 19 jogos. No dia 8 de junho, Iga Swiatek recebeu o troféu Suzanne-Lenglen das mãos de Chris Evert, 50 anos depois desta tenista americana ter conquistado o seu primeiro grand slam naquele mesmo torneio. “
Aos 23 anos, a número 1 do ranking mundial é a atleta mais bem paga do mundo, segundo a Forbes, com uma fortuna avaliada em mais de 22 milhões de euros. A imprensa francesa diz que ela ‘nadaliza’ as adversárias, numa explicita referência a Rafael Nadal, embora a tenista polaca – tal como Evert, embaixadora da Rolex, relógio oficial de Roland Garros que valoriza a precisão técnica e a perseverança necessárias para alcançar a excelência na modalidade – , já tenha vindo dizer que ainda é cedo para associar tal termo heróico às suas ações.
Com uma direita fortíssima, há uma outra arma que Swiatek aprendeu a valorizar e a trabalhar: a força mental. Desde que entrou no circuito profissional, em 2019, a tenista trabalha com uma psicóloga ligada ao deporto, que usa métodos digitais para estudar as suas reações mas que não dispensa ferramentas analógicas como puzzles e legos – que ela leva sempre na sua bagagem, diz que é uma forma de descontrair. Além dos livros, que devora numa clara estratégia anti-stresse.
Sendo a saúde mental tão importante para ela como a condição física, é pois natural que seja uma das suas grandes causas. É frequente doar parte dos seus prémios de jogo a organizações de solidariedade ligadas à saúde mental, a maior parte polacas.
Iga Swiatek também ficou conhecida por ser a voz das atletas ucranianas no circuito, orgulhosa de vir de um país fronteiriço que tanto tem feito pelos vizinhos ucranianos. Não é por acaso que continua a usar o laço no seu boné, uma manifestação de solidariedade para com a Ucrânia. Em julho de 2022, Iga organizou um jogo de ténis solidário em Cracóvia, que angariou mais de 460 mil euros, entregue as três organizações não governamentais ucranianas.
Apesar de inicialmente se ter virado para o futebol, Iga Swiatek, filha de um atleta de remo que participou nos Olímpicos de Seul, em 1988, e de uma ortodontista, rapidamente percebeu que era demasiado individualista para praticar um desporto de equipa, pois queria ter mais controle sobre os resultados. Começou a jogar ténis com 6/7 anos, mas foi aos 15, a primeira vez que foi a Roland Garros, em 2016, que decidiu verdadeiramente o seu futuro, tornando o desejo do pai numa vontade expressamente sua. “Foi o sítio onde decidi que queria ser uma jogador profissional de ténis.”
Fotos: divulgação