@paris_maville

Vanessa Maurício vive em Paris há oito anos e está em confinamento, com a família, desde o passado dia 16 de março. Quando lhe pedimos novas de França, conta-nos que a população já acusa o cansaço e a exaustão da quarentena.

“Há pessoas que querem voltar ao trabalho, com ou sem o vírus, e têm aquela mentalidade de que os males só acontecem aos outros. Também há muitas críticas ao governo. Dizem que os políticos não têm o direito de ordenar que fiquemos em casa.”

Dada a situação e os números assustadores – quase 160 mil infetados e mais de 22 mil mortos – a jovem tem reticências em relação ao fim do período de isolamento, que está previsto para 11 de maio. “Ainda não é certo. Tudo depende da evolução da pandemia no país e no mundo.”

A Avenida Ópera, em Paris, no dia 16 de abril
@paris_maville

Que medidas de distanciamento social estão em vigor em França?
Só podemos sair de casa para ir trabalhar, caso não haja a opção do teletrabalho, comprar bens de primeira necessidade ou para ajudar alguém numa situação vulnerável (sem contacto físico). Também podemos ir às urgências e fazer exercício ao ar livre, no máximo, durante uma hora por dia e até uma distância de 1 km da morada de residência. Em todos estes cenários, temos de ter um documento que justifique a saída.

Consideras que tem sido feito um bom trabalho no combate ao surto pandémico?
As medidas em vigor são as corretas, mas penso que o governo despertou tarde para a gravidade da situação. No início, não achavam que íamos chegar a este ponto. Diziam que era ‘só um virusinho’, que não ia chegar a França e que, mesmo que chegasse, estávamos preparados para enfrentar a situação. Mas não estávamos, porque a prevenção falhou. Devíamos ter aprendido a lição com o exemplo italiano.

Como é que os franceses estão a encarar a situação? 
A população, geralmente falando, está a respeitar as medidas implementadas. Contudo, ainda vejo muitas pessoas na rua. Aliás, desde que vivo em Paris, nunca vi tantas pessoas a fazer jogging como agora. E estou a falar de cidadãos de todas as idades, desde crianças a idosos.

“NOS SUPERMERCADOS, É DIFÍCIL ENCONTRAR ENCONTRAR PAPEL HIGIÉNICO, FARINHA, MASSAS E AÇÚCAR”.

Os profissionais de saúde estão a viver uma situação dramática?
Sim. Além da exaustão, alguns não vêem as suas famílias há muito tempo. Preferem ficar hospedados em hotéis ou ir a casa apenas uma vez por semana, de modo a evitar o contacto.
O sistema de saúde tem estado sobrecarregado. Agora, a situação está um pouco mais equilibrada, mas não há milagres. Eles estão a fazer o que podem, e é por isso que França sai à janela todos os dias, às oito da noite, para aplaudir os profissionais de saúde.

Como é que a pandemia afetou a tua atividade profissional?
Eu sou educadora infantil, portanto, o teletrabalho não é uma opção. Em França, temos um regime semelhante ao lay-off português, em que a minha entidade empregadora paga 80% do meu salário e depois é reembolsada pelo Estado. É verdade que tenho menos gastos, mas continuo a ter contas para pagar e, como tal, está a ser um bocadinho complicado.

A quarentena está a chegar ao fim. Já é possível pensar num regresso à normalidade?
Por mim, este período devia ser prolongado até que a pandemia esteja controlada. Se vamos sair do isolamento no dia 11 de maio, temos de pensar bem na questão do distanciamento social e tornar o álcool gel e as máscaras acessíveis a todos. Só em Paris, circulam cinco milhões de pessoas diariamente na rede de transportes públicos. Não estou a ver como é que vai ser possível garantir a segurança de toda a gente.

Neste momento, do que sentes mais falta?
Ter de ficar em casa não me incomoda. Não gosto é do facto de saber que não me é permitido sair. Tenho saudades dessa liberdade de escolha, bem como de estar com a minha família e amigos aos fins de semana.

Que lição estás a aprender com o isolamento?
Temos de ter muita empatia. Por exemplo, eu podia aproveitar a hora a que temos direito para sair à rua, mas prefiro não o fazer. E não tomo essa decisão só por mim: tomo-a também a pensar nos outros. Também aprendi a dar mais valor aos momentos.

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