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Photographer: Ruslan Dashinsky

Tornou-se uma tendência nos últimos anos e não há quem não pense sobre o assunto. Guardar as células estaminais é um tema que passa pela cabeça de todos os pais e cuja decisão deve ser ponderada. Falámos com Mónica Brito, diretora de operações, administradora da Crioestaminal e mãe de três filhos, para compreender melhor todo o processo.

Como é que nasceu a Crioestaminal?

A Crioestaminal foi fundada em 2003 por investigadores e profissionais de saúde, constituindo o primeiro banco de criopreservação de células estaminais em Portugal. Sediada no Biocant, o maior parque de biotecnologia português, emprega mais de 70 colaboradores e tem uma significativa presença internacional. Os 15 anos de atividade e os mais de 10 milhões de euros investidos consolidaram a sua liderança ibérica. É também o banco português com mais amostras guardadas.

O que é que a maioria dos portugueses não sabe sobre células estaminais?

Ao longo dos últimos anos, e sobretudo na última década, tem sido feito um excelente trabalho de divulgação sobre a importância das células estaminais. Muitos estudos têm surgido, o que revela que é também uma área de interesse para a comunidade científica, e os casos de sucesso que ilustram bem o potencial terapêutico das células estaminais. As células do cordão umbilical podem efetivamente salvar vidas. As células estaminais do sangue do cordão umbilical são utilizadas há décadas como fonte de células hematopoiéticas capazes de reconstituir o sistema sanguíneo e imunológico, estando o seu potencial comprovado. Em todo o mundo já foram realizados mais de 40 mil transplantes num total de 80 doenças. Os resultados destes transplantes são semelhantes aos obtidos com transplantes que utilizam a medula óssea ou o sangue periférico mobilizado como fonte celular. Estes casos também se registaram em Portugal. No nosso país também há vários casos de sucesso.

Como funciona o processo de preservação das células estaminais?

O processo de criopreservação passa por várias fases. Em primeiro lugar está o processo de colheita, simples e totalmente indolor para a mãe e para o bebé. Após o nascimento do bebé, o cordão umbilical é desinfetado e faz-se uma punção na veia umbilical, permitindo que o sangue ainda presente no cordão umbilical flua, por gravidade, para dentro do saco de colheita. Seguidamente, corta-se um segmento de cerca de 30 centímetros de cordão umbilical e coloca-se num frasco estéril, destinado a esse efeito. Depois da colheita, o kit com as amostras colhidas é colocado no quarto junto à mãe. Após contacto com a Crioestaminal, o kit é recolhido na maternidade e dá entrada no laboratório nas primeiras 48 horas após o nascimento. Na fase de processamento do sangue do cordão umbilical, as células estaminais do sangue do cordão umbilical são separadas da fração de glóbulos vermelhos e de plasma, de forma a concentrar a amostra final numa fração rica em células estaminais, diminuindo e normalizando o volume final para armazenamento. Na Crioestaminal o tecido do cordão umbilical pode ser processado por 2 métodos distintos. Um dos processos envolve uma digestão enzimática, que conduz à obtenção de uma suspensão de células estaminais mesenquimais prontas a utilizar; o outro permite a obtenção de pequenos fragmentos de tecido do cordão umbilical sendo necessário um isolamento futuro das células estaminais presentes nos fragmentos de tecido armazenados. Após processamento quer do sangue quer do tecido do cordão umbilical, é adicionado um crioprotetor, o DMSO, que permite que as células permaneçam íntegras durante o seu congelamento e posterior armazenamento a temperaturas negativas. A fração de células estaminais isoladas do sangue do cordão umbilical são armazenadas num saco de criopreservação devidamente etiquetado (a cada amostra é atribuído um número sequencial único) e selado em 2 compartimentos (20 mL + 5 mL), para que seja possível descongelá-los independentemente. A fração de células estaminais do tecido do cordão umbilical obtida por digestão enzimática é igualmente armazenada num saco de criopreservação com 2 compartimentos (20 mL + 5 mL). No caso de se obterem os fragmentos de tecido do cordão umbilical, estes são armazenados em quatro tubos de criopreservação. Após cultura celular, estas células poderão ser aplicadas em terapia celular. Após o isolamento das células e adição do crioprotetor, inicia-se o processo de criopreservação, com descida controlada da temperatura até cerca de -150ºC. Depois deste arrefecimento controlado, as amostras são mantidas em tanques de criopreservação abastecidos com azoto líquido, a temperaturas muito baixas (na ordem dos -196ºC), durante o tempo de duração do contrato ou até serem requisitadas para tratamento.

Quais as grandes vantagens?

A colheita de células estaminais do sangue e do tecido do cordão umbilical é completamente inócua para a mãe e para o recém-nascido. Ao estarem criopreservadas, estas células encontram-se imediatamente disponíveis para poderem ser usadas no tratamento de várias doenças, em caso de necessidade. Uma vez criopreservadas em bancos familiares, podem ser usadas no próprio ou em algum familiar, desde que exista compatibilidade entre o dador e o recetor. As células estaminais do cordão umbilical são 100% compatíveis com o próprio e a probabilidade de compatibilidade entre irmãos é elevada. Sabe-se, também, que a probabilidade de sucesso de um transplante com um dador relacionado (da família) é superior à de um transplante não relacionado.

Quanto tempo de vida têm estas células?

Até ao momento, os estudos e a evidência científica indicam que as células do sangue do cordão umbilical criopreservadas mantêm as suas características durante um período de cerca de 25 anos. A Crioestaminal disponibiliza o serviço de criopreservação de células estaminais exatamente durante esse período.

Em que tipo de situações é particularmente útil fazer a reserva destas células? E em que doenças não é possível utilizar (ou, pelo menos, não existe evidência científica)?

Hoje sabemos que as células estaminais constituem um recurso terapêutico muito importante que pode ser utilizado no tratamento de mais de 80 doenças muito graves, e estima-se que, no futuro, este número venha a aumentar. No que diz respeito ao uso de células estaminais do sangue do cordão umbilical, nos últimos anos, além das doenças hematológicas, tem-se assistido à sua utilização noutras doenças. A diabetes tipo 1 e a paralisia cerebral foram das primeiras áreas de interesse neste contexto e que têm registado evoluções muito positivas. Além destas, estão ainda em curso vários ensaios clínicos que visam testar o potencial do sangue do cordão umbilical em lesões da espinal medula, perda da função auditiva, doença cardíaca congénita, acidente vascular cerebral (AVC) e autismo, entre muitas outras patologias. O futuro revela-se muito promissor no que diz respeito ao tratamento de várias doenças com recurso a células estaminais. A decisão de utilização das células estaminais criopreservadas será sempre do médico responsável pelo tratamento a realizar.

Quais os direitos legais dos pais e do próprio sobre as células estaminais?

As amostras sob a responsabilidade da Crioestaminal são propriedade dos pais até que o próprio dador das células estaminais atinja a maioridade, altura em que o próprio assume todos os direitos sobre a amostra. A libertação de uma amostra de células estaminais criopreservadas irá sempre requerer um pedido médico para aplicação num determinado tratamento médico devidamente autorizado.

Quais as principais preocupações na preservação das células?

Para os pais, a preservação da amostra constitui, por norma, a principal preocupação. Com a confiança conquistada de mais de 100 mil famílias, a Crioestaminal já libertou 10 amostras para 15 utilizações terapêuticas realizadas em Portugal, Espanha e EUA. A Crioestaminal tem capacidade para armazenar 300 mil amostras, é um dos maiores bancos europeus de células estaminais e distingue-se pela constante aposta num serviço de excelência reconhecido internacionalmente com a acreditação pela prestigiada American Association of Blood Banks (AABB) que garante os mais elevados standards de qualidade deste sector.

Sei que existem três preços praticados. Quais as principais diferenças?

A Crioestaminal disponibiliza o serviço de criopreservação de células estaminais, por um período de 25 anos, podendo a família optar apenas pela criopreservação das células estaminais do sangue ou, também, guardar uma amostra de células estaminais do tecido do cordão umbilical. Em ambas as opções estão disponíveis os serviços Basic e Advantage. O serviço Advantage garante uma tecnologia de processamento exclusiva e mais células estaminais guardadas. Além dos serviços Basic e Advantage, a Crioestaminal disponibiliza o serviço Maximum que, entre outras vantagens, permite a preparação de uma amostra de tecido do cordão umbilical para utilização imediata em caso de necessidade, processada por uma tecnologia exclusiva e acreditada pela AABB. Todas as soluções de criopreservação Crioestaminal incluem análises de avaliação clínica da grávida, painel completo de controlo de qualidade à amostra, kit de colheita das células estaminais, todos os custos de transporte (desde a recolha da amostra na maternidade até à utilização clínica) e um apoio ao tratamento, no valor de 20 mil euros, em caso de utilização clínica das células estaminais num tratamento devidamente autorizado.

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